Governo italiano de Mario Monti obtém voto de confiança do Senado

17/11/2011 - 18h32

Governo italiano de Mario Monti obtém voto de confiança do Senado

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O novo governo italiano, liderado por Mario Monti como primeiro-ministro, obteve nesta quinta-feira o voto de confiança do Senado.
Centenas protestam contra Monti
Premiê italiano busca respaldo no Senado
Premiê da Itália acumulará cargo de ministro da Economia
Monti teve amplo apoio da câmara alta do Parlamento, com 281 votos a favor e 25 contrários, do total de 307 senadores presentes. O voto de confiança dos deputados, que lhe ofereceram uma cômoda maioria, é aguardado para a noite de sexta-feira.
O novo governo recebeu o apoio de quase todos os partidos do Senado. A exceção foi a Liga Norte, parceira de governo do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi. A legenda decidiu se transformar no único grupo opositor diante deste Executivo, disposto a tirar a Itália da crise econômica e financeira e devolver a confiança aos mercados.
A Liga Norte acusou o Executivo de Monti de trazer à tona um conflito de interesses diante da relação que alguns dos membros tecnocratas possam ter com empresas em que trabalharam. O partido denunciou a possível prevalência dos banqueiros sobre a agenda de governo.
Já o Povo da Liberdade (PDL), legenda de Berlusconi, deu sua aprovação ao governo Monti, mas condicionou o futuro apoio à consecução dos compromissos de reformas feitos com a União Europeia.
PLANO DE GOVERNO
Mais cedo, o novo premiê prometeu, em seu primeiro discurso no Senado, que aplicará um programa baseado em "rigor, crescimento e equidade" e advertiu que "o futuro do euro depende também do que a Itália fizer".
Segundo ele, a "Europa enfrenta seu momento mais difícil desde a 2ª Guerra Mundial", ecoando as declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, feitas mais cedo nesta semana.
A economia dos 17 países que compartilham o euro e do conjunto da UE (União Europeia) cresceu apenas 0,2% no terceiro trimestre com relação ao trimestre anterior e 1,4% comparada com o mesmo período de 2010, conforme mostrou a antecipação do PIB (Produto Interno Bruto) da região divulgada pelo Eurostat, o escritório de estatísticas comunitário.
Monti deixou claro que o principal problema da Itália é sua falta de capacidade para demonstrar seu potencial de crescimento aos mercados, o que gera grande desconfiança em relação ao país. "A ausência de crescimento anulou os sacrifícios" realizados até agora para reduzir o deficit, disse.
O premiê afirmou que seu governo é um "esforço nacional" para fazer frente a uma situação de extrema emergência". A Itália assumiu o compromisso de equilibrar as contas públicas até 2013, sendo que o deficit público do país é de 120% do PIB.
"Não consideramos as exigências da UE (União Europeia) como algo imposto desde o exterior. Não estamos em frentes diferentes. A Europa somos nós", disse. "Devemos convencer os demais de que começamos a reduzir a relação entre dívida e PIB, dívida que chegou ao nível de 20 anos atrás".

Andrew Medichini/Associated Press
O premiê italiano, Mario Monti, durante seu primeiro discurso ao Senado antes de receber votos de confiança
O premiê italiano, Mario Monti, durante seu primeiro discurso ao Senado antes de receber votos de confiança

O primeiro-ministro declarou que seu plano de governo prevê "sacrifícios justos" e "inevitáveis", ao apresentar ao Senado as diretrizes para sua gestão. Ele advertiu que, se seu governo falhar e "não alcançar as reformas necessárias, estaremos todos submetidos a condições muito mais duras".
Monti criticou elementos da política italiana, como seus "privilégios" e "altos custos", além da isenção fiscal concedida para a aquisição do primeiro imóvel, que classificou como uma "anomalia italiana".
O premiê caracterizou o plano de sua gestão como o de um "governo de empenho nacional", o que, segundo ele, "significa assumir para si a tarefa de fortalecer as relações civis e institucionais com base no Estado".
A nova ministra do Trabalho, Elsa Fornero, afirmou que o programa de governo é baseado em três "palavras": "recuperação, crescimento e coesão". Especialistas citados pela imprensa italiana acreditam que as medidas que serão apresentadas por Monti envolvem liberalizações, privatizações, mercado de trabalho e aposentadorias.
EQUIPE
O novo primeiro-ministro italiano anunciou na quarta-feira que será também o ministro de Economia da Itália.
A equipe do novo governo, formada por 16 pessoas, todos tecnocratas, terá Corrado Passera, administrador do segundo maior banco da Itália, Intesa Sanpaolo, com o cargo de "superministro" de Desenvolvimento Econômico, Infraestrutura e Transportes.
"A fusão desses ministérios permitirá uma maior coordenação do crescimento econômico", disse Monti, que também reconheceu que não há políticos em sua lista. "A ausência de políticos facilitará em vez de criar obstáculos" à gestão, afirmou.
"As forças políticas manifestaram claramente que não queriam participar", acrescentou Monti, que reconheceu que a Itália atravessa um momento difícil.
O novo Executivo deverá enfrentar um dos momentos mais complicados da economia da Itália, na mira dos mercados pela desconfiança gerada por suas contas públicas.

Tony Gentile/Reuters
O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, anuncia a formação de seu futuro gabinete após reunião com presidente
O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, anuncia a formação de seu futuro gabinete após reunião com presidente

COPIADO : http://www1.folha.uol.com.br/mundo/

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