Despistagem da dislexia em adultos através do Questionário

Despistagem da dislexia em adultos através do Questionário
História de LeituraAdult dyslexia screening using a Portuguese
self-report measure
Rui Alexandre Alves e São Luís Castro
Universidade do Porto, Portugal
E-mail:
ralves@fpce.up.pt
RESUMO
Há evidência empírica de que medidas de auto-relato de dificuldades de leitura e escrita podem ser
fidedignas e válidas na identificação de adultos com dislexia. Estas medidas podem ser particularmente
úteis em países nos quais o diagnóstico de dislexia em adultos não está estabelecido e onde é, por isso,
difícil recrutar disléxicos para a investigação. Propomos aqui a adaptação portuguesa do Adult Reading
History Questionnaire (Lefly & Pennington, 2000) e descrevemos um estudo no qual testámos alguns
indicadores da sua fidelidade e validade. Dois grupos de estudantes do ensino recorrente e um grupo
clínico referenciado por dislexia responderam ao Questionário História de Leitura (QHL) e realizaram uma
prova de ortografia. O QHL mostrou níveis elevados de consistência interna, discriminou os grupos em
estudo e apresentou correlações moderadas com a prova de ortografia. Estes resultados apoiam a utilidade
do QHL como meio para a despistagem da dislexia .
Palavras-Chave:
Dislexia, Auto-relato, Questionário, Leitura, Avaliação
ABSTRACT
Empirical research has shown that self-report measures on reading history can be both reliable and valid in
identifying adult dyslexics. Such measures can be very useful for population screening in countries where
there is no established diagnosis of adult dyslexia. Here, we propose a Portuguese adaptation of the Adult
Reading History Questionnaire (Lefly & Pennington, 2000), and present a study in which some psychometric
properties of the Portuguese questionnaire (Questionário História de Leitura, QHL) were addressed. Three
adult groups comprised of two adult school groups, and a third clinical group, answered the QHL
questionnaire and completed a spelling task. Results have shown that QHL items had high internal
consistency, and that questionnaire scores discriminate the studied groups. Also, a moderate correlation
was found between QHL and the spelling task. These results give support the use of QHL as tool for
dyslexia screening.
Keywords:
Dyslexia, Self-report, Questionnaire, Reading, Assessment
Introdução
A avaliação da dislexia requer uma bateria de provas com propriedades psicométricas estudadas e
estabelecidas para uma determinada população (Turner, 1997). No entanto, uma tal estandardização é um
procedimento de custos elevados, complexo e moroso. Talvez por isto, nos países em que a avaliação da
dislexia é recente e pouco esclarecida, como é o caso de Portugal, são raros os instrumentos de avaliação
que foram alvo de aferição. Acresce que a própria construção e administração desses instrumentos é em si
mesma custosa, pois exige formação específica, tempo considerável, recursos laboratoriais, administração
individual e disponibilidade das pessoas avaliadas. Estes factores explicam em parte a raridade do
diagnóstico de dislexia em adultos portugueses. Contudo, se tal identificação existisse isso traria várias
vantagens para a investigação e intervenção na dislexia em Portugal. Possibilitaria um maior
esclarecimento das características da dislexia em português, facilitaria o recrutamento de adultos disléxicos
e a identificação de crianças em risco de dislexia devido à afecção dos progenitores. Aos adultos
identificados com dislexia facilitaria a compreensão pessoal de dificuldades sentidas desde a infância,
permitiria a sua discriminação positiva, e o seu acesso a programas de remediação. No entanto, os custos
descritos tornam incomportável o uso de provas objectivas na avaliação de dislexia em grupos numerosos.
Contudo, na ausência de um diagnóstico de dislexia estabelecido, e assumindo uma prevalência na
população na ordem dos 5% (Ramus, 2003), a despistagem de um número elevado de indivíduos é uma
necessidade da investigação empírica com disléxicos portugueses. Haverá procedimentos menos custosos
de identificação ou despistagem da dislexia em adultos?
Os instrumentos de auto-relato cumprem habitualmente os requisitos de economia para a despistagem de
grandes grupos. Comparativamente com as provas objectivas, são de administração simples, resposta
rápida e cotação simples, exigem apenas papel e lápis e podem ser administradas em grupo. No entanto,
estas vantagens só ganham sentido se se puder demonstrar a fidelidade e validade do auto-relato de
dificuldades de leitura e escrita. Quanto à fidelidade, as medidas de auto-relato publicadas apresentam
geralmente valores elevados de consistência interna e correlações teste-reteste, nalguns casos medidas
em intervalos de vários anos, também elevadas (Lefly & Pennington, 2000). Aliás, a estabilidade temporal
deste tipo de medidas concorda com a persistência das dificuldades de leitura na dislexia desenvolvimental
(Bruck, 1992; Scarborough, 1984). Quanto à validade, Finucci, Whitehouse, Isaacs, e Childs (1984)
verificaram que pais de crianças disléxicas relatam mais frequentemente histórias positivas de dificuldades
de leitura do que pais de crianças não disléxicas. Decker, Vogler e DeFries (1989) mostraram que adultos
que relataram sérias dificuldades na aprendizagem da leitura apresentavam resultados de leitura
significativamente inferiores aos de adultos que não relataram essas dificuldades. Gilger (1992) encontrou
correlações moderadas (
obtidas na infância. Schulte-Körne, Deimel e Remschmidt (1997) encontraram também taxas de
concordância elevadas entre medidas de auto-relato e medidas objectivas actuais. Numa das análises
discriminantes que realizaram, o auto-relato permitiu identificar correctamente 87% dos indivíduos com
dificuldades de leitura e 91% daqueles sem dificuldades. Em conclusão, a investigação empírica das
qualidades psicométricas de vários instrumentos de auto-relato das dificuldades de leitura apresenta bons
indicadores de fidelidade e validade. Por estas razões, e convictos da utilidade que este tipo de
instrumentos podem ter no contexto português, realizámos a adaptação para português do Adult Reading
History Questionnaire (ARHQ, Lefly & Pennington, 2000). A seguir apresentamos o ARHQ, a sua adaptação
portuguesa e descrevemos um estudo em que testamos algumas propriedades psicométricas do
questionário português.
O ARHQ é uma revisão efectuada por Lefly e Pennington (2000) de um questionário de história de leitura
proposto por Finucci (1982). O ARHQ é constituído por 23 itens com resposta em escala Likert e 3 itens
finais sobre o nível de escolaridade do respondente e a presença ou ausência de dificuldades de leitura em
familiares directos. Os itens tipo Likert usam uma escala entre 0 e 4 pontos, com 9 opções de resposta.
familiares directos. Os itens tipo Likert usam uma escala entre 0 e 4 pontos, com 9 opções de resposta.
Estes itens indagam sobre a história de leitura do respondente, focando sobretudo o seu percurso escolar e
as suas práticas actuais de literacia (e.g., “Sentiu dificuldades a aprender a ler na escola primária?”; “Sentiu
dificuldades nas aulas de português durante o ensino básico ou secundário?”; “Quantas leituras faz nos
tempos livres?”). Alguns dos itens remetem para sinais clínicos frequentemente associados à dislexia (e.g.,
“Quando era criança, teve dificuldade em aprender os nomes das letras e/ou das cores?”; “Alguma vez
sentiu dificuldade em lembrar-se dos nomes de pessoas ou de lugares?”). A pontuação no ARHQ é
encontrada dividindo a soma dos pontos obtidos nas respostas Likert pela pontuação máxima possível (92
pontos). A escala está construída de modo a que pontuações mais elevadas indiciam mais dificuldades e a
pontuação pode variar entre 0 e 1.
Lefly e Pennington (2000) reportaram bons indicadores de fidelidade e validade para o ARHQ. A
consistência interna medida pelo alfa de Cronbach em duas amostras independentes foi de .94 e .92, e a
correlação teste-reteste nessas duas amostras foi .87 e .84, respectivamente, para intervalos de 10 e 3
anos. A validade do questionário foi mostrada através de correlações altas entre a pontuação no
questionário e medidas compósitas de leitura e escrita (
.40 como valor de corte para a identificação de histórias positivas de dificuldades de leitura. Nas análises
discriminantes que realizaram, esse valor de corte permitiu a classificação correcta de 79.0% dos indivíduos
da amostra, e mostrou uma sensibilidade de 81,8% e uma especificidade de 77,5%.
O Questionário História de Leitura (QHL) é a adaptação portuguesa do ARHQ. O QHL segue de perto o
questionário americano. Mantivemos o formato de resposta, traduzimos os itens originais, adequámos a
formulação dos itens ao contexto português e introduzimos três itens Likert novos: um sobre dificuldades na
aprendizagem de línguas estrangeiras, outro sobre a frequência de leitura de histórias aos filhos ou netos, e
um outro sobre dificuldades na aprendizagem da acentuação gráfica. Os dois primeiros itens faziam já
parte do ARHQ mas foram retirados da versão final devido ao número excessivo de valores omissos que
apresentavam. O terceiro item foi por nós adicionado devido à indicação clínica de que a acentuação
gráfica parece ser um aspecto em que os disléxicos portugueses têm dificuldades. Adicionámos ainda um
novo item informativo questionando sobre a procura de ajuda especializada devido a dificuldades de leitura
ou escrita. Assim, o QHL aqui testado era constituído por 26 itens com formato Likert e 4 de resposta
informativa.
De forma a testar o QHL e a obter indicadores da sua fidelidade e validade, conduzimos um estudo com
estudantes do ensino recorrente. Escolhemos esta população por ser maioritariamente adulta, por
possibilitar uma comparação entre os níveis de escolaridade básico e secundário e por esperarmos
encontrar nela maior variabilidade e incidência de dificuldades de leitura e escrita do que a que
encontraríamos numa população adulta a frequentar o ensino regular. Para explorar a validade do QHL, em
conjunto com a administração do questionário, planeámos a realização de uma prova de ortografia. A par
das dificuldades na leitura, dificuldades na ortografia são o sinal comportamental mais frequentemente
associado à dislexia, estas são mesmo frequentemente incluídas entre as características definidoras da
dislexia (Catts, 1989; Lyon, Shaywitz, Shaywitz, 2003; Snowling, 2000). Se, como esperamos, o QHL for
útil na identificação de pessoas com dislexia, então esperamos que ele apresente correlação significativa
com a prova de ortografia. Concluindo, colocámos como objectivos para este estudo sobre a utilidade do
QHL como meio de despistagem da dislexia: estabelecer a sua consistência interna, verificar a sua
sensibilidade a dois níveis escolares, testar a sua correlação com uma prova de ortografia e testar o QHL
num grupo clínico referenciado por dislexia.

RESUMO
Há evidência empírica de que medidas de auto-relato de dificuldades de leitura e escrita podem ser
fidedignas e válidas na identificação de adultos com dislexia. Estas medidas podem ser particularmente
úteis em países nos quais o diagnóstico de dislexia em adultos não está estabelecido e onde é, por isso,
difícil recrutar disléxicos para a investigação. Propomos aqui a adaptação portuguesa do Adult Reading
History Questionnaire (Lefly & Pennington, 2000) e descrevemos um estudo no qual testámos alguns
indicadores da sua fidelidade e validade. Dois grupos de estudantes do ensino recorrente e um grupo
clínico referenciado por dislexia responderam ao Questionário História de Leitura (QHL) e realizaram uma
prova de ortografia. O QHL mostrou níveis elevados de consistência interna, discriminou os grupos em
estudo e apresentou correlações moderadas com a prova de ortografia. Estes resultados apoiam a utilidade
do QHL como meio para a despistagem da dislexia .
Palavras-Chave:
Dislexia, Auto-relato, Questionário, Leitura, Avaliação
ABSTRACT
Empirical research has shown that self-report measures on reading history can be both reliable and valid in
identifying adult dyslexics. Such measures can be very useful for population screening in countries where
there is no established diagnosis of adult dyslexia. Here, we propose a Portuguese adaptation of the Adult
Reading History Questionnaire (Lefly & Pennington, 2000), and present a study in which some psychometric
properties of the Portuguese questionnaire (Questionário História de Leitura, QHL) were addressed. Three
adult groups comprised of two adult school groups, and a third clinical group, answered the QHL
questionnaire and completed a spelling task. Results have shown that QHL items had high internal
consistency, and that questionnaire scores discriminate the studied groups. Also, a moderate correlation
was found between QHL and the spelling task. These results give support the use of QHL as tool for
dyslexia screening.
Keywords:
Dyslexia, Self-report, Questionnaire, Reading, Assessment
Introdução
A avaliação da dislexia requer uma bateria de provas com propriedades psicométricas estudadas e
estabelecidas para uma determinada população (Turner, 1997). No entanto, uma tal estandardização é um
procedimento de custos elevados, complexo e moroso. Talvez por isto, nos países em que a avaliação da
dislexia é recente e pouco esclarecida, como é o caso de Portugal, são raros os instrumentos de avaliação
que foram alvo de aferição. Acresce que a própria construção e administração desses instrumentos é em si
mesma custosa, pois exige formação específica, tempo considerável, recursos laboratoriais, administração
individual e disponibilidade das pessoas avaliadas. Estes factores explicam em parte a raridade do
diagnóstico de dislexia em adultos portugueses. Contudo, se tal identificação existisse isso traria várias
vantagens para a investigação e intervenção na dislexia em Portugal. Possibilitaria um maior
esclarecimento das características da dislexia em português, facilitaria o recrutamento de adultos disléxicos
e a identificação de crianças em risco de dislexia devido à afecção dos progenitores. Aos adultos
identificados com dislexia facilitaria a compreensão pessoal de dificuldades sentidas desde a infância,
permitiria a sua discriminação positiva, e o seu acesso a programas de remediação. No entanto, os custos
descritos tornam incomportável o uso de provas objectivas na avaliação de dislexia em grupos numerosos.
Contudo, na ausência de um diagnóstico de dislexia estabelecido, e assumindo uma prevalência na
população na ordem dos 5% (Ramus, 2003), a despistagem de um número elevado de indivíduos é uma
necessidade da investigação empírica com disléxicos portugueses. Haverá procedimentos menos custosos
de identificação ou despistagem da dislexia em adultos?
Os instrumentos de auto-relato cumprem habitualmente os requisitos de economia para a despistagem de
grandes grupos. Comparativamente com as provas objectivas, são de administração simples, resposta
rápida e cotação simples, exigem apenas papel e lápis e podem ser administradas em grupo. No entanto,
estas vantagens só ganham sentido se se puder demonstrar a fidelidade e validade do auto-relato de
dificuldades de leitura e escrita. Quanto à fidelidade, as medidas de auto-relato publicadas apresentam
geralmente valores elevados de consistência interna e correlações teste-reteste, nalguns casos medidas
em intervalos de vários anos, também elevadas (Lefly & Pennington, 2000). Aliás, a estabilidade temporal
deste tipo de medidas concorda com a persistência das dificuldades de leitura na dislexia desenvolvimental
(Bruck, 1992; Scarborough, 1984). Quanto à validade, Finucci, Whitehouse, Isaacs, e Childs (1984)
verificaram que pais de crianças disléxicas relatam mais frequentemente histórias positivas de dificuldades
de leitura do que pais de crianças não disléxicas. Decker, Vogler e DeFries (1989) mostraram que adultos
que relataram sérias dificuldades na aprendizagem da leitura apresentavam resultados de leitura
significativamente inferiores aos de adultos que não relataram essas dificuldades. Gilger (1992) encontrou
correlações moderadas (
obtidas na infância. Schulte-Körne, Deimel e Remschmidt (1997) encontraram também taxas de
concordância elevadas entre medidas de auto-relato e medidas objectivas actuais. Numa das análises
discriminantes que realizaram, o auto-relato permitiu identificar correctamente 87% dos indivíduos com
dificuldades de leitura e 91% daqueles sem dificuldades. Em conclusão, a investigação empírica das
qualidades psicométricas de vários instrumentos de auto-relato das dificuldades de leitura apresenta bons
indicadores de fidelidade e validade. Por estas razões, e convictos da utilidade que este tipo de
instrumentos podem ter no contexto português, realizámos a adaptação para português do Adult Reading
History Questionnaire (ARHQ, Lefly & Pennington, 2000). A seguir apresentamos o ARHQ, a sua adaptação
portuguesa e descrevemos um estudo em que testamos algumas propriedades psicométricas do
questionário português.
O ARHQ é uma revisão efectuada por Lefly e Pennington (2000) de um questionário de história de leitura
proposto por Finucci (1982). O ARHQ é constituído por 23 itens com resposta em escala Likert e 3 itens
finais sobre o nível de escolaridade do respondente e a presença ou ausência de dificuldades de leitura em
familiares directos. Os itens tipo Likert usam uma escala entre 0 e 4 pontos, com 9 opções de resposta.
familiares directos. Os itens tipo Likert usam uma escala entre 0 e 4 pontos, com 9 opções de resposta.
Estes itens indagam sobre a história de leitura do respondente, focando sobretudo o seu percurso escolar e
as suas práticas actuais de literacia (e.g., “Sentiu dificuldades a aprender a ler na escola primária?”; “Sentiu
dificuldades nas aulas de português durante o ensino básico ou secundário?”; “Quantas leituras faz nos
tempos livres?”). Alguns dos itens remetem para sinais clínicos frequentemente associados à dislexia (e.g.,
“Quando era criança, teve dificuldade em aprender os nomes das letras e/ou das cores?”; “Alguma vez
sentiu dificuldade em lembrar-se dos nomes de pessoas ou de lugares?”). A pontuação no ARHQ é
encontrada dividindo a soma dos pontos obtidos nas respostas Likert pela pontuação máxima possível (92
pontos). A escala está construída de modo a que pontuações mais elevadas indiciam mais dificuldades e a
pontuação pode variar entre 0 e 1.
Lefly e Pennington (2000) reportaram bons indicadores de fidelidade e validade para o ARHQ. A
consistência interna medida pelo alfa de Cronbach em duas amostras independentes foi de .94 e .92, e a
correlação teste-reteste nessas duas amostras foi .87 e .84, respectivamente, para intervalos de 10 e 3
anos. A validade do questionário foi mostrada através de correlações altas entre a pontuação no
questionário e medidas compósitas de leitura e escrita (
.40 como valor de corte para a identificação de histórias positivas de dificuldades de leitura. Nas análises
discriminantes que realizaram, esse valor de corte permitiu a classificação correcta de 79.0% dos indivíduos
da amostra, e mostrou uma sensibilidade de 81,8% e uma especificidade de 77,5%.
O Questionário História de Leitura (QHL) é a adaptação portuguesa do ARHQ. O QHL segue de perto o
questionário americano. Mantivemos o formato de resposta, traduzimos os itens originais, adequámos a
formulação dos itens ao contexto português e introduzimos três itens Likert novos: um sobre dificuldades na
aprendizagem de línguas estrangeiras, outro sobre a frequência de leitura de histórias aos filhos ou netos, e
um outro sobre dificuldades na aprendizagem da acentuação gráfica. Os dois primeiros itens faziam já
parte do ARHQ mas foram retirados da versão final devido ao número excessivo de valores omissos que
apresentavam. O terceiro item foi por nós adicionado devido à indicação clínica de que a acentuação
gráfica parece ser um aspecto em que os disléxicos portugueses têm dificuldades. Adicionámos ainda um
novo item informativo questionando sobre a procura de ajuda especializada devido a dificuldades de leitura
ou escrita. Assim, o QHL aqui testado era constituído por 26 itens com formato Likert e 4 de resposta
informativa.
De forma a testar o QHL e a obter indicadores da sua fidelidade e validade, conduzimos um estudo com
estudantes do ensino recorrente. Escolhemos esta população por ser maioritariamente adulta, por
possibilitar uma comparação entre os níveis de escolaridade básico e secundário e por esperarmos
encontrar nela maior variabilidade e incidência de dificuldades de leitura e escrita do que a que
encontraríamos numa população adulta a frequentar o ensino regular. Para explorar a validade do QHL, em
conjunto com a administração do questionário, planeámos a realização de uma prova de ortografia. A par
das dificuldades na leitura, dificuldades na ortografia são o sinal comportamental mais frequentemente
associado à dislexia, estas são mesmo frequentemente incluídas entre as características definidoras da
dislexia (Catts, 1989; Lyon, Shaywitz, Shaywitz, 2003; Snowling, 2000). Se, como esperamos, o QHL for
útil na identificação de pessoas com dislexia, então esperamos que ele apresente correlação significativa
com a prova de ortografia. Concluindo, colocámos como objectivos para este estudo sobre a utilidade do
QHL como meio de despistagem da dislexia: estabelecer a sua consistência interna, verificar a sua
sensibilidade a dois níveis escolares, testar a sua correlação com uma prova de ortografia e testar o QHL
num grupo clínico referenciado por dislexia.
rs = .32-.68) entre o auto-relato de adultos e medidas de leitura desses adultosrs = .57-.70). Os autores sugeriram a pontuação
MÉTODO
Participantes
Participaram no estudo 311 estudantes do ensino recorrente de duas escolas secundárias do Porto.
Destes, 95 frequentavam o nível básico (equivalente ao 7º, 8º e 9º anos do ensino regular), tinham média
de idades de 25.0 anos e 47 eram do sexo feminino; os restantes 216 estudantes frequentavam o nível
secundário (equivalente ao 10º, 11º e 12º anos do ensino regular), tinham média de idades de 26.6 anos e
115 eram do sexo feminino. Atendendo as diferenças de escolaridade entre os dois grupos seria de esperar
que eles diferissem na idade, contudo tal não se verificou (F < 1).
Um grupo clínico de 6 estudantes referenciados por dislexia (média de idades = 22.3; 4 sexo feminino)
participou também no estudo. Três dos estudantes eram universitários e os outros três frequentavam o
ensino secundário regular.
Parte de um grande trabalho feito
Universidade do Porto, Portugal
E-mail:
ralves@fpce.up.pt
COPIADO  :http://www.fpce.up.pt/labfala/ra&slcDespistagem05.pdf

Rui Alexandre Alves e São Luís Castro
rs = .32-.68) entre o auto-relato de adultos e medidas de leitura desses adultosrs = .57-.70). Os autores sugeriram a pontuação

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