MARAVILHA DE TEXTO - De Telma Araújo - Bibliotecas e salas de leitura: Qual o seu lugar? Publicado em Publicado em Jornal Diário de Natal

08/07/2011
Bibliotecas e salas de leitura: Qual o seu lugar?
Telma Araújo
Publicado em Publicado em Jornal Diário de Natal
Inúmeras discussões acerca da importância da leitura literária vêm ocorrendo nos últimos anos no Brasil, sobretudo nos espaços de biblioteca e salas de leitura, não mais vistos como apêndices, mas como espaços dinamizadores da leitura e difusor do conhecimento produzido pela coletividade, permitindo o acesso ao patrimônio científico e cultural para a maioria das crianças brasileiras ao ingressarem na escola pública de ensino fundamental.

Os espaços de leitura existentes nas nossas escolas ainda precisam ser melhor compreendidos e dinamizados por professores, alunos, comunidade escolar, especialmente pelos gestores. Nesse contexto, surge o projeto da Rede Potiguar de Escolas leitoras, uma parceria do Instituto C&A, IDE, Secretarias Estadual e dos municípios de Natal e Parnamirim, que promove uma formação para os profissionais que se encontram em salas de leitura e bibliotecas escolares. As ações desenvolvidas no projeto estão voltadas à promoção da leitura literária de forma prazerosa e com autonomia. Ou seja, os alunos que frequentam tais espaços têm a oportunidade de escolher o livro que quer ler e, logo depois, de compartilhar numa Roda de leitura sobre o que leu, recomendando-o, ou não, aos demais alunos.

Quem vivencia as ações do projeto sabe da sua importância na escola, mas ainda luta pelo reconhecimento e valor deste espaço pela comunidade escolar. Na verdade, o trabalho desenvolvido parece desarticulado com aquele feito em sala de aula, considerando o desconhecimento e, talvez por isso, o não reconhecimento da sua relevância na construção de leitores mais críticos, dando apoio ao processo de aquisição da leitura e escrita em sala de aula.

Nesse caso, é importante destacar que o profissional responsável pelo trabalho desenvolvido no espaço da biblioteca escolar e/ou sala de leitura precisa estar preparado e sensibilizado para o exercício da leitura, além de ter como objetivo difundi-la junto aos mais diversos segmentos da população, visando à formação de uma sociedadeleitora e, consequentente, mais consciente, mais justa e igualitária. Entretanto, tal situação ainda é vista como desafiadora pelos educadores que, ao receberem uma formação voltada ao trabalho literário, encontram-se em permanente insegurança quanto a sua permanência nestes espaços.

Sabemos que uma biblioteca ou sala de leitura quando munida dos recursos necessários pode se transformar em um espaço de formação permanente para professores e profissionais que lá atuam, proporcionando as condições básicas fundamentais ao exercício da reflexão e da avaliação crítica acerca das práticas ali desenvolvidas e das experiências concretas vivenciadas e confrontadas durante o percurso da formação do leitor, segundo Lúcia Maroto.

Para que se alcance os objetivos esperados, os espaços de leitura devem estar sustentados por quatro pilares: o espaço, o acervo, o mediador e a gestão. Podemos afirmar que bons trabalhos com a leitura literária têm trazido resultados satisfatórios dentro e fora de sala de aula. Nos eventos realizados do projeto, temos tido a oportunidade de presenciar alunos de 1? ao 5? Ano lendo com proficiência, além de possuírem um vocabulário muito mais enriquecido com as leituras realizadas.

Entendemos, portanto, que a nova concepção da prática educativa de professores e daqueles que atuam em salas de leitura e bibliotecas vem contribuir com a redefinição do papel social desses espaços no contexto educacional, possibilitando à escola a conquista do seu espaço em meio a sua comunidade, criando condições concretas para democratizar o ensino e a leitura, além de preservar os bens culturais produzidos da sociedade. Para tal, é fundamental o reconhecimento por parte dos gestores de que nesses espaços ocorre um trabalho docente, portanto, igualmente importante como aquele praticado em sala de aula. Nesse caso, defendemos a permanência de profissionais habilitados em tais espaços, ou seja, profissionais leitores e convictos da importância de promover e de incentivar permanentemente o desenvolvimento de práticas leitoras no espaço escolar.

Contudo, necessitamos, ainda, de uma ação conjunta contando com a participação da comunidade escolar e demais segmentos da sociedade para reivindicar dos nossos gestores governamentais o cumprimento da Lei n? 9.169/2010, o Plano Estadual de Leitura Literária nas Escolas (PELLE/RN), que estabelece uma política pública de formação de leitores nas escolas de educação básica da rede estadual do Rio Grande do Norte, através de ações continuadas de promoção da leitura literária. E você, caro(a) leitor(a), pode nos apoiar assinando o Manifesto por um RN de Leitores no site www.ideducacao.org.br.

Telma Araújo, educadora, escreve a convite do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), que publica artigos às sextas-feiras.

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