A crise climática, uma prioridade editorial para a AFP


O futuro do planeta é o maior desafio que a humanidade enfrenta. Incêndios devastadores, temperaturas recorde, supertempestades e derretimento dos mantos de gelo - dia após dia, eventos climáticos extremos amplificados pelo aquecimento global viram manchete. Seguindo os avisos dos cientistas, a juventude do mundo está na vanguarda da conscientização sobre a emergência climática, os níveis de poluição e a degradação ambiental que ameaçam a humanidade e a biodiversidade.


























Cozinheira de acampamento pró-intervenção militar em SP morre de covid-19

Geni morava num acampamento pró-intervenção militar e morreu de covid-19 - Felipe Pereira
Geni morava num acampamento pró-intervenção militar e morreu de covid-19Imagem: Felipe Pereira
Felipe Pereira
Do UOL, em São Paulo
19/06/2020 04h00

RESUMO DA NOTÍCIA

  • Geni Francisca de Mello, 72 anos, era cozinheira em um acampamento que defende a intervenção militar e morreu de covid-19
  • Ela ficou internada mais de um mês depois de resisitr em buscar atendimento médico por apresentar apatia e falta de apetite
  • Como homenagem, os defensores da intervenção colocaram o nome da cozinheira que não tinha parentes e detestava esquerdistas

Geni Francisca de Mello, 72 anos, era moradora e cozinheira do acampamento montado em frente a um quartel do Exército em São Paulo que pede "intervenção militar com Bolsonaro no poder". Ativista, ela trocou a própria casa por uma das barracas montadas na calçada e era uma dos cinco integrantes permanentes até o novo coronavírus aparecer. Depois de ficar 33 dias internada, ela morreu na sexta-feira da semana passada, 12 de junho.
Cristina Villas Boas, 59 anos, também é favorável à intervenção militar, visita com frequência o acampamento e se tornou a pessoa mais próxima de Geni. No começo de maio, ela percebeu que a cozinheira do acampamento estava "jururu", não queria comer, e a convidou para passar a noite na casa dela. A proposta incluía um banho quente, jantar seguido de chá e descanso numa cama com colchão.
Geni declinou do convite nesta ocasião e nos dois dias seguintes. Na última recusa, Cristina conta que o alerta inicial havia mudado para preocupação. A cozinheira continuava sem apetite, avisou que ia deitar mais cedo e logo que chegou à barraca, começou a tossir. Houve insistência para que fosse ao hospital, mas não teve jeito.
A saúde não melhorou e no dia seguinte Geni aceitou buscar um médico. O quadro clínico era grave. Cristina esperou seis horas na frente do hospital até uma enfermeira aparecer com um saco com o boné, o relógio e outros pertences da amiga que ficou internada na ala de covid-19. Era 9 de maio, um sábado, Cristina lembra bem. No dia seguinte, o hospital não passou o boletim médico porque não havia ninguém da família.
"Aí começa a saga. Não podia visitar, não podiam nos dar informação porque não havia laços de sangue. Insisti para ter informação e permaneceram irredutíveis", conta.
Cristina era a pessoa mais próxima de Geni no acampamento e levou a amiga ao hospital - Felipe Pereira - Felipe Pereira
Cristina era a pessoa mais próxima de Geni no acampamento e levou a amiga ao hospital
Imagem: Felipe Pereira
Nova tentativa 24 horas depois, quando Cristina foi acompanhada de mais nove frequentadores do acampamento. Eles fizeram muita pressão e registraram um boletim de ocorrência, atraindo a atenção dos funcionários do hospital. Uma das integrantes do movimento aproveitou a distração e, na unidade de saúde, fez perguntas. Descobriu que Geni estava intubada.
Também soube que não estavam dando cloroquina porque não havia familiar para assinar a documentação, uma exigência do hospital. Foi explicado aos médicos e enfermeiros que a cozinheira não tinha parentes. Coube à pessoa que levou Geni ao hospital assinar a papelada.
"Assinei os protocolos. Eram oito folhas. Foram dias difíceis para ela, uma pessoa que estava dando o sangue pela pátria", lembra.
Geni passou os últimos dias com saúde morando no acampamento pró-intervenção militar - Felipe Pereira - Felipe Pereira
Geni passou os últimos dias com saúde morando no acampamento pró-intervenção militar
Imagem: Felipe Pereira

Outros casos de covid no acampamento

Alexandre Neves é uma das lideranças do acampamento e contou que Geni não foi um caso isolado. Ele e seus companheiros não negam que a covid-19 é perigosa, mas enxergam alarde excessivo na situação com intuito de desestabilizar o presidente.
"Outras pessoas que fazem parte do nosso movimento também pegaram. Eu peguei, mas não passou de uma coriza e a boca seca. Teve gente que pegou, se curou e voltou para o acampamento."
Com Geni, a evolução da doença foi diferente. Ela lutou por mais de um mês na UTI, mas morreu na sexta passada. No último domingo, integrantes do acampamento pediram que os participantes da manifestação em defesa de Bolsonaro fizessem um minuto de silêncio pela memória dela.
A Secretaria municipal de Direitos Humanos confirmou que procurou parentes de Geni e não encontrou. Mas teve quem desse carinho a ela. Jonny Senna, 37 anos, é uma das pessoas que dorme nas barracas em frente ao quartel do Exército todas as noites. Ele conta que ganhava beijo de Geni a cada manhã e respondia chamando a amiga de "mainha".
Também havia elogios. Todos falam bem da comida e ressaltam que ela cozinhava carne muito bem, mesmo sendo vegetariana. Jonny lembra que Geny também tinha um lado protetor e não deixava estranhos entrarem na cozinha por medo de que colocassem veneno na comida.
O acampamento ganhou o nome da cozinheira morta por covid-19 - Felipe Pereira - Felipe Pereira
O acampamento ganhou o nome da cozinheira morta por covid-19
Imagem: Felipe Pereira

Admiração a Bolsonaro e aversão ao comunismo

Nas conversas com os integrantes do acampamento, a cozinheira demonstrava admiração por Bolsonaro e ojeriza ao comunismo. Cristina diz que este era o único motivo que deixava Geni zangada.
"Ela queria ver o país transformado para um país de bem. Odiava esquerdista, não conseguia ficar com esquerdista perto dela de tão patriota que era."
Para homenagear Geni, uma faixa foi feita com o novo nome do amontoado de barracas: Acampamento Patriota Geni. Os companheiros seguem repetindo o modo de vida da cozinheira em seus últimos dias. Ninguém usa máscara nem álcool gel, e as conversas giram em torno de como promover uma intervenção militar.
A morte dela também serve como argumento. Cristina acredita que se tivessem dado hidroxicloroquina desde o começo, a amiga estaria viva.
Jonny não tem dúvidas de que houve negligência no atendimento para inflar os dados da covid-19 e, assim, fazer oposição ao presidente e permitir corrupção na construção de hospitais e compra de equipamentos.
"A gente tem certeza de que o hospital foi negligente. Estão usando os hospitais para fazer número."

Afilhada surge e explica relação com Geni

Depois da publicação da matéria, o UOL foi procurado por uma mulher que não quis ter o nome publicado, mas que é filha da melhor amiga de Geni e afilhada dela. Esta mulher contou que ambas evitavam o assunto política porque a intervenção militar é algo que fazia que se desentendessem. Ambas conviveram evitando o tema até que a cozinheira parou de responder as mensagens e atender as ligações.
A afilhada conta que foi no período de fundação do acampamento, em 19 de abril. Acrescentou que não sabia que Geni estava no local até ser procurado pelo hospital em maio. A mulher conversou com os médicos todos os dias e depois da morte garantiu que a última vontade da cozinheira fosse feita, ser cremada
Isto estava impedido de acontecer por falta de parente de sangue que assinasse a autorização. A afilhada levou fotos em que estão juntas desde sua infância e conversas de WhatsApp para provar vínculo. Ela conta que Geni foi cremada em 13 de junho, último sábado.

Weintraub deixa o Brasil e já está nos EUA, dizem irmão e MEC Ex-ministro viajou no dia em que senador pediu a apreensão de seu passaporte Após deixar o Brasil, Weintraub é formalmente exonerado do cargo Ex-ministro da Educação quer liderar militância digital de direita Time de Guedes teme Weintraub no Banco Mundial



Weintraub deixa o Brasil e já está
nos EUA, dizem irmão e MEC

Ex-ministro viajou no dia em que senador pediu a apreensão de seu passaporte


BRASÍLIA
Abraham Weintraub deixou o Brasil e está nos Estados Unidos. Demitido do MEC (Ministério da Educação) na quinta-feira (18), ele foi exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) neste sábado (20) após chegar a Miami.
De acordo com a assessoria de imprensa do MEC, Weintraub viajou ainda nesta sexta-feira (19) e já se encontrava nos EUA na manhã deste sábado. O ex-ministro embarcou antes de ser oficializada sua demissão.
Bolsonaro assinou a exoneração em edição extra do DOU (Diário Oficial da União). Segundo o decreto do presidente, Weintraub deixou a pasta "a pedido". Oficialmente não foi definido o sucessor.
Weintraub deixou o país no mesmo dia em que o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) protocolou no STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido de apreensão de seu passaporte para evitar que ele saísse do Brasil.
Ministros de Estado têm direito a passaporte diplomático, e Weintraub foi beneficiado com o documento em julho de 2019, segundo informações do Ministério das Relações Exteriores. Não há informação oficial se ele fez uso desse passaporte e se viajou com a família.
Integrantes do Judiciário já diziam, nos bastidores, acreditar que Weintraub poderia ser preso, o que vinha preocupando o ministro.
Em mensagem publicada no Twitter neste sábado, a localização de Weintraub aparece em Miami. "As coisas aconteceram muito rapidamente", escreveu o ministro em resposta a um seguidor.
O irmão do ministro, Arthur Weintraub (assessor especial da Presidência), também fez publicação nas redes sociais em que afirma que Abraham está fora do país.
"Obrigado a todos pelas orações e apoio. Meu irmão está nos EUA", escreveu o irmão.
Ao anunciar a saída do MEC, ao lado de Bolsonaro, Weintraub disse que sairia do país para assumir uma posição no Banco Mundial. A indicação para a vaga, entretanto, ainda não foi efetivada.
Weintraub tem dito que ele e a família sofrem ameaças. "Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias)", escreveu o ministro nesta sexta-feira.
Bolsonaro demitiu Weintraub após desgaste com o STF. Weintraub defendeu a prisão dos ministros da corte em reunião ministerial de 22 de abril e depois reafirmou o posicionamento em encontro com manifestantes favoráveis ao governo.
Folha apurou que Weintraub já tinha, por volta das 19h, reserva para um voo comercial, das 23h30, do aeroporto de Guarulhos (SP) para Miami.
Dessa forma, o ainda ministro teria voado de Brasília para São Paulo entre o fim da tarde e início da noite. A agenda oficial de Weintraub no MEC previa agendas até as 18h30, mas compromissos a partir das 15h constam neste sábado como cancelados.
O governo não definiu o substituto de Weintraub no MEC. O secretário-executivo da pasta, Antonio Vogel, é visto como substituto natural como ministro interino.
Apesar de enfrentar resitência da ala ideológica, Vogel ficará à frente do ministério enquanto não se define o nome definitivo.

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...