O largo da Batata, na zona oeste de São Paulo, reuniu na tarde de hoje manifestantes de todas as cores, gêneros e idades contra o racismo, o fascismo e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Líderes dos movimentos se reuniram no local com oficiais da PM (Polícia Militar) e ambos se prometeram um ato sem violência.
O protesto, que estava previsto inicialmente para a avenida Paulista, mudou para o largo da Batata após decisão judicial proibir manifestações antagônicas no mesmo dia e local. Pela manhã, um grupo favorável ao governo Bolsonaro se reuniu na Paulista.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), os organizadores dos atos, em diálogo com o MP (Ministério Público), comunicaram a mudança de local para que os eventos ocorressem separadamente.
Entre os manifestantes presentes estava a professora de português corintiana Maria Rute Alves Brito, 62 anos, que afirmou que decidiu ir ao largo porque logo será avó. "Vim porque quem sabe daqui anos meu neto possa correr e não levar um tiro pelas costas. Ou então, se um outro parente estiver dirigindo um carro, não ser alvejado, porque preto não pode ter carro bom", afirmou.
"Na época da escravidão, todo mundo lutou para que a escravidão acabasse, por que eu vou ficar no conforto da minha casa? Tenho que fazer minha parte, tenho que lutar", complementou a professora. Ela se disse, no entanto, preocupada com aglomerações, devido o coronavírus. Por isso, disse que irá embora quando o largo encher de pessoas.
Para amenizar riscos de contaminação, dezenas de médicos, com jalecos, distribuem EPIs (equipamentos de proteção individual), como máscaras e álcool gel. Por exemplo, a estudante do sexto ano de medicina da Unifesp Letícia Ferreti, 25 anos.
"Sempre fui do movimento de esquerda e acho importante se manifestar nesse momento político que estamos vivendo. A gente está trazendo máscaras e álcool para a gente poder se manter ativo na rua, em um momento tão importante quanto esse, com risco menor, por conta do coronavírus", disse.
O vigilante Jonathan Cesário, 24, saiu do trabalho na Vergueiro e foi até o largo da Batata denunciando outro vírus: o do racismo. "Como a gente está nessa pandemia agora, a gente esquece de uma outra pandemia maior que é o racismo, que nos mata há séculos. Vim reivindicar sobre isso, por nós", afirmou.
"Ninguém está aqui para arriscar a vida de ninguém, mas melhorar nossa vida, melhorar a sociedade", complementou o vigilante.
Esquema de segurança do governo de SP
No largo da Batata, o capitão da PM Rodrigo Vilardi afirmou acreditar que a corporação não precisará agir, uma vez que os líderes do ato afirmaram a intenção de realizar uma manifestação pacífica. "Se preciso for, a PM agirá dentro da lei", disse.
Mais de 4.000 policiais que estão nas ruas hoje foram orientados a revistar mochilas e, caso haja objetos que apontem risco para pessoas ou patrimônios públicos, apreender e qualificar os abordados. Até 14h15, não houve nenhum problema entre PMs e manifestantes.
Segundo a SSP, "para garantir a segurança de todos, a polícia reforçou o esquema de segurança em toda cidade de São Paulo, com destaque para os pontos de concentração dos manifestantes". Serão utilizados três helicópteros, seis drones, 150 viaturas, quatro veículos "guardiões" e um veículo lançador de água. Outras unidades da PM permanecerão de prontidão e, se necessário, serão deslocadas para prestar apoio às equipes, de acordo com a pasta.
No domingo passado, houve violência na Paulista, durante ato contra e a favor do governo federal. A PM foi criticada por supostamente ter defendido os manifestantes pró-Bolsonaro e atacado os manifestantes identificados como antifascistas, contra o presidente. A PM, depois, afirmou ser apartidária.
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