"O que quero dizer é que a educação, como formação, como processo de conhecimento, de ensino, de aprendizagem, se tornou, ao longo da aventura no mundo dos seres humanos uma conotação de sua natureza, gestando-se na história, como a vocação para a humanização [...] (FREIRE, 2003a, p. 20)."

 Segundo Freire (2000b, p. 34), em discursos lúcidos e em práticas democráticas, a vontade só se autentica na ação de sujeitos que assumem seus limites. A vontade ilimitada é despótica, negadora das outras vontades, é a vontade ilícita dos "donos do mundo", é vontade egoísta. Nenhuma educação que pretenda estar a serviço da boniteza da presença humana no mundo, a serviço da rigorosidade ética, do respeito às diferenças, da justiça, pode-se realizar ausente da dramática relação entre autoridade e liberdade (cf. idem). Por isso, a liberdade que vive plenamente suas possibilidades é aquela que aprende a constituir vivencialmente a autoridade interna pela introjeção da externa. Mas os limites devem ter uma assunção lúcida, ética, não pode ser uma obediência medrosa e cega (cf. ibid, p. 35). A liberdade deve ser exercitada no sentido da gestação da autonomia, para que os educandos vão se tornando "seres para si".
      Freire (ibid, p. 47) reconhece importância na vontade compondo um tecido complexo com a resistência, com a rebeldia na confrontação ou na luta contra o inimigo que oprime, seja ele um vício ou a exploração capitalista. Tanto para um oprimido quanto para um subjugado pelas drogas; falta amanhã, falta esperança. A superação dessas situações passa pelo fortalecimento da vontade. Freire (ibid, p. 46) cita como exemplo a sua experiência pessoal de decisão e fortalecimento da própria vontade para largar o vício de fumar cigarros. A educação da vontade é necessária para se fazer livre da heteronomia da escravidão dos próprios desejos e da vontade ilícita do outro que procura oprimir.

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