-
20/06/2014 - 03:00
Parasita causador da esquistossomose acompanhou evolução humana
20
Jun
2014
AFP / Frederic J. Brown
Os esquistossomos se refugiam na pele das pessoas
que entram em cursos d'água doce e viram vermes adultos antes de invadir
rins, bexiga e intestinos
Em carta publicada na revista The Lancet Infectious Diseases, uma equipe de arqueólogos e biólogos anunciou ter descoberto um ovo com 6.200 anos do temido parasita intestinal em uma antiga cova no norte da Síria.
O local, denominado Tell Zeidan, fica no vale do Eufrates, parte do famoso "Crescente Fértil", onde os humanos se assentaram para introduzir cultivos agrícolas quase 8.000 anos atrás, fazendo o histórico salto de caçadores-coletores para agricultores.
A equipe escavou restos de esqueletos de 26 pessoas de sepulturas e cuidadosamente peneirou os sedimentos coletados da região pélvica de cada uma.
O trabalho meticuloso resultou na descoberta de um ovo com apenas 132 milionésimo de metro de comprimento.
O ovo, afirmaram os cientistas, é de uma das duas espécies de esquistossomos: vermes planos que causam a esquistossomose, uma doença que afeta centenas de milhões de pessoas em regiões tropicais de Ásia, África e América Latina.
Os esquistossomos se refugiam na pele das pessoas que entram em cursos d'água doce e viram vermes adultos antes de invadir rins, bexiga e intestinos.
Desenvolvendo-se no fluxo do sangue, eles acasalam e seus ovos são excretados na urina e nas fezes, expondo mais pessoas à doença.
A infecção - normalmente percebida pela presença de sangue na urina - pode resultar em falência dos rins, câncer de bexiga, desnutrição e anemia.
Análises recentes de DNA dos esquistossomos sugeriam que os vermes tinham evoluído na Ásia e se espalhado dali para a África e o mundo.
Mas como isto aconteceu permanecia um mistério até agora.
A migração através do assentamento remoto de pessoas no Oriente Médio, através de sistemas de irrigação do Crescente Vermelho, é uma possível resposta, segundo a carta.
As pessoas em Tell Zeidan plantavam trigo e cevada em condições de muita aridez, o que sugere que desenvolveram um sistema de irrigação para molhar seus cultivos, destacou.
Se foi assim, os canais de irrigação podem ter sido a fonte de infecção provável para o indivíduo que carregava o parasita, segundo a investigação chefiada por Piers Mitchell, da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha.
"Nossas descobertas sugerem que a irrigação de cultivos, 6.000 anos atrás, no Oriente Médio, permitiu que a esquistossomose se espalhasse para as pessoas que viviam ali e, portanto, foi o gatilho para o enorme peso que a doença tem causado nos últimos 6.000 anos", diz a carta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 42 milhões de pessoas foram tratadas de esquistossomose em 2012, e 249 milhões receberam tratamento preventivo com praziquantel, medicamento na linha de frente para controlar o parasita.
COPIADO http://www.afp.com/pt/
Nenhum comentário:
Postar um comentário