Embaixador da Alemanha: "São pouquíssimos os que desejam de volta os tempos em que viviam atrás de muros"


Embaixador da Alemanha: "São pouquíssimos os que desejam de volta os tempos em que viviam atrás de muros"

Embaixador da Alemanha: "São pouquíssimos os que desejam de volta os tempos em que viviam atrás de muros"


Ulrich Brandenburg, embaixador da Alemanha em Lisboa admite que ainda há diferenças, mas garante que se desemprego é hoje um pouco mais alto no Leste do que no Ocidente alemão, as estradas são melhores.
  • 25 anos da reunificação da Alemanha: entre o escândalo da Volkswagen e a crise dos refugiados


    por Helena Tecedeiro  
    Embaixador da Alemanha: "São pouquíssimos os que desejam de volta os tempos em que viviam atrás de muros"
    Ulrich Brandenburg, embaixador da Alemanha em Lisboa admite que ainda há diferenças, mas garante que se desemprego é hoje um pouco mais alto no Leste do que no Ocidente alemão, as estradas são melhores.
    25 anos depois da reunificação, as diferenças entre Leste e Oeste ainda se sentem? Sobretudo em que aspetos?
    Os dois Estados alemães desenvolveram-se de forma completamente diferente até 1990. Para a reconstrução económica do Leste da Alemanha e a aproximação das condições de vida foram exigidos esforços significativos aos contribuintes alemães: de acordo com o método usado, foram entre 250 mil milhões e 1,2 biliões de euros. Continuamos a pagar uma sobretaxa de IRS, que foi introduzida para financiar a reunificação. Entretanto, os esforços da reconstrução já deram os seus frutos: as estradas e vias de comunicação são atualmente melhores no Leste do que na parte ocidental, os centros históricos das cidades foram recuperados, estabeleceram-se novas indústrias. Porém, os níveis salariais no Leste alemão correspondem, em média, a 90% dos da parte ocidental e o nível de desemprego continua a ser mais elevado, com 8,8%, mais do que a média registada em todo o território nacional (6,2%).
    O exemplo da Alemanha Ocidental a receber quem vinha do Leste alemão após a reunificação explica a abertura da Alemanha agora com os refugiados?
    Depois da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha recebeu aproximadamente 13 milhões de refugiados dos antigos territórios do Leste europeu. Depois disso, a partir de 1949, cerca de 3,8 milhões de pessoas fugiram da antiga RDA para a Alemanha Ocidental. Desde os anos 80, cerca de três milhões de pessoas dos países da ex-União Soviética vieram para a Alemanha e, nos anos 90, chegaram centenas de milhares de refugiados de guerra da ex-Jugoslávia. Sem dúvida que temos experiência no acolhimento de refugiados - e também de requerentes de asilo. Porém, a dimensão atual da crise exige que todos os Estados membros da União Europeia atuem de forma solidária.
    Fala-se muito em Ostalgie. É positivo a saudade das coisas e tempos do Leste? 
    Eu  e a minha esposa somos ambos da Alemanha Ocidental, mas temos a nossa casa em Berlim Oriental e vivemos lá durante oito anos. Sim, obviamente continua a haver diferenças - até nos modos de falar - e, por vezes, existe uma certa tendência de romantizar o passado. Porém, o patriotismo local é um fenómeno natural e são pouquíssimas as pessoas que desejam de volta os tempos em que viviam atrás de muros e arame farpado.

    copiado  http://www.dn.pt/

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