Ulrich
Brandenburg, embaixador da Alemanha em Lisboa admite que ainda há
diferenças, mas garante que se desemprego é hoje um pouco mais alto no
Leste do que no Ocidente alemão, as estradas são melhores.
25 anos depois da reunificação, as diferenças entre Leste e Oeste ainda se sentem? Sobretudo em que aspetos?
Os
dois Estados alemães desenvolveram-se de forma completamente diferente
até 1990. Para a reconstrução económica do Leste da Alemanha e a
aproximação das condições de vida foram exigidos esforços significativos
aos contribuintes alemães: de acordo com o método usado, foram entre
250 mil milhões e 1,2 biliões de euros. Continuamos a pagar uma
sobretaxa de IRS, que foi introduzida para financiar a reunificação.
Entretanto, os esforços da reconstrução já deram os seus frutos: as
estradas e vias de comunicação são atualmente melhores no Leste do que
na parte ocidental, os centros históricos das cidades foram recuperados,
estabeleceram-se novas indústrias. Porém, os níveis salariais no Leste
alemão correspondem, em média, a 90% dos da parte ocidental e o nível de
desemprego continua a ser mais elevado, com 8,8%, mais do que a média
registada em todo o território nacional (6,2%).
O exemplo
da Alemanha Ocidental a receber quem vinha do Leste alemão após a
reunificação explica a abertura da Alemanha agora com os refugiados?
Depois
da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha recebeu aproximadamente 13
milhões de refugiados dos antigos territórios do Leste europeu. Depois
disso, a partir de 1949, cerca de 3,8 milhões de pessoas fugiram da
antiga RDA para a Alemanha Ocidental. Desde os anos 80, cerca de três
milhões de pessoas dos países da ex-União Soviética vieram para a
Alemanha e, nos anos 90, chegaram centenas de milhares de refugiados de
guerra da ex-Jugoslávia. Sem dúvida que temos experiência no acolhimento
de refugiados - e também de requerentes de asilo. Porém, a dimensão
atual da crise exige que todos os Estados membros da União Europeia
atuem de forma solidária.
Fala-se muito em Ostalgie. É positivo a saudade das coisas e tempos do Leste?
Eu e a minha esposa
somos ambos da Alemanha Ocidental, mas temos a nossa casa em Berlim
Oriental e vivemos lá durante oito anos. Sim, obviamente continua a
haver diferenças - até nos modos de falar - e, por vezes, existe uma
certa tendência de romantizar o passado. Porém, o patriotismo local é um
fenómeno natural e são pouquíssimas as pessoas que desejam de volta os
tempos em que viviam atrás de muros e arame farpado.
copiado http://www.dn.pt/
Nenhum comentário:
Postar um comentário