Catherine Ashton se reúne com o general Abdel Fattah al-Sisi no Ministério da Defesa, no Cairo
HANDOUT / REUTERS
CAIRO - A chefe de política externa da União Europeia, Catherine
Ashton, se reuniu com Mohammed Mursi na noite de segunda-feira, no
primeiro encontro do presidente deposto com um representante estrangeiro
desde o golpe militar de 3 de julho. Ashton se limitou a dizer que
Mursi está bem, sem dar detalhes sobre o conteúdo da conversa e a
localização do ex-presidente egípcio, retido pelo Exército em um lugar
desconhecido. O encontro, anunciado pelo porta-voz da representante
europeia pelo Twitter, teve uma duração de duas horas.
-
Tentei me certificar de que sua família tem conhecimento de que ele
está bem - disse Ashton, uma das únicas figuras aceitas por ambos os
lados como uma mediadora potencial de um conflito que mergulhou o país
árabe em violentos confrontos.
Ashton afirmou que Mursi tem acesso
à televisão e à imprensa. Ela disse ainda que os dois tiveram uma
conversa amigável, aberta e direta e que havia condiciado sua visita ao
Egito à garantia de que teria um encontro com o presidente deposto. Ela
também se reuniu com o presidente interino Adly Mansur; com o general
que encabeçou o golpe, Abdel Fattah al-Sisi, e outras lideranças
políticas.
- Eu disse que não viria a menos que pudesse vê-lo (Mursi) - destacou Ashton.
A
mídia tem especulado sobre o motivo pelo qual os governantes militares
teriam permitido o encontro da representante europeia com o
ex-presidente islâmico, que está incomunicável há um mês. Ela negou ter
uma oferta de saída segura caso Mursi desista de tentar se reintegrar à
Presidência.
Na semana passada, o ex-presidente islâmico recebeu
uma ordem de prisão de 15 dias sob várias acusações, incluindo a de
assassinato de soldados e a de receber ajuda do Hamas em 2011, quando
escapou da prisão durante os protestos contra Hosni Mubarak.
Essa é
a segunda viagem de Ashton ao Cairo desde o último dia 3 de julho,
quando as forças armadas derrubaram Mursi com um golpe que sucedeu
grandes protestos em defesa da antecipação das eleições presidenciais no
país.
Ashton, principal diplomata da Europa, tem tentado
estabelecer um diálogo entre governantes do Egito e a Irmandade
Muçulmana - a qual Mursi pertence - para evitar que o país tenha ainda
mais derramamento de sangue. Desde o golpe, centenas de pessoas morreram
em confrontos entre partidários e opositores do presidente deposto.
O
governo interino ordenou a Irmandade a abandonar uma vigília que tem
mantido com milhares de simpatizantes acampados para exigir o retorno de
Mursi. O grupo islâmico, por sua vez, diz que não vai deixar as ruas, a
menos que Mursi seja reintegrado.
A violência aumentou o temor da
comunidade internacional de que o Exército possa esmagar a Irmandade
Muçulmana, um movimento que ressurgiu durante a Primavera Árabe, em
2011, após décadas nas sombras da política egípcia.
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