Adutora se rompe, mata criança e destrói casas no Rio
Vítima tem 3 anos; há 13 feridos. Escola virou ponto de abrigo a moradores.
30/07/2013 12h50
- Atualizado em
30/07/2013 13h17
Para evitar contato com manifestantes, assessores levaram Cabral a escola.
Rompimento de adutora provocou morte de criança e feriu 13 pessoas.
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Na tentativa de evitar o contato de moradores revoltosos com o governador, assessores levaram Cabral e Paes direto para a escola que serve de ponto de abrigo, onde os dois deram entrevista à imprensa. Na saída do colégio, a população pediu que Cabral e Paes abrissem os vidros da van, para que ouvissem as reclamações. No entanto, os dois não atenderam ao pedido.
O gari Caíque de Nascimento, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi até Campo Frande para prestar solidariedade aos moradores. “Toda vez que eu ligo a TV só tem tragédia. Já tá na hora disso acabar. Achei que com a bênção do Papa isso iria melhorar, estamos cansados de tantas mortes, feridos e destruição”, disse.
Pai chora morte de filha
Muito abalado e chorando, Fernando dos Santos, pai da menina Isabela Severo dos Santos, de 3 anos, que morreu no alagamento provocado pelo rompimento de uma adutora no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, disse que ficou sabendo do ocorrido pela televisão.
"Eu vi o que tinha acontecido pela televisão. Quando eu e meu irmão fomos ver, soubemos que ela [Isabela] tinha ficado presa. Eles [bombeiros] tentaram reanimá-la o tempo todo, mas ela não aguentou. Minha filha ia fazer 4 anos no dia 17 de agosto. Ela era uma criança maravilhosa", desabafou o auxiliar de farmácia, que acrescentou ainda que os vizinhos tentaram resgatar a menina:
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"A mãe dela contou que encheu tudo. Os vizinhos ajudaram e tentaram passar pelo muro, mas ele caiu", completou Fernando.O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, também lamentou a morte de Isabela. "Eu lamento profundamente o óbito da criança. Nós tentamos reanimá-la a todo o momento, durante o trajeto até o hospital. Ainda estamos vendo a dimensão do estrago", disse o coronel Sergio Simões, dos Bombeiros.
O rompimento ocorreu por volta das 6h na altura do número 4.500 da Estrada do Mendanha. Casas e carros ficaram destruídos com a força da água, lançada em um jato que alcançou 20 metros, de acordo com Marcos Djalma, tenente do Corpo de Bombeiros. Ainda não há informação do que provocou o rompimento da adutora.
Ao todo, segundo a Defesa Civil municipal, a inundação deixou 70 desalojados e 72 desabrigados. Dezessete casas desabaram.
'Acordamos com as paredes caindo'
"Estava dormindo e acordei ao escutar um barulho muito forte no telhado. Em seguida, as paredes começaram a se destruir. A gente estava no segundo andar e a força da água arrastou a gente para o outro lado da rua. Nós paramos em frente à casa do vizinho", disse o mecânico Agilson da Silva Serpa, que sofreu um ferimento no joelho.
A dona de casa Juliana Lemos conseguiu socorrer os quatro filhos. "Meus filhos estão bem, estavam todos dormindo. Acordamos com as paredes caindo. Eu só tive um ferimento no pé", afirmou ela, que foi atendida na ambulância do Corpo de Bombeiros.
Carros e ambulâncias dos quartéis de Campo Grande e Santa Cruz estão no local. Um bote salva-vidas ajuda no resgate de moradores. Equipes da Defesa Civil municipal e agentes da Polícia Militar também foram enviados.
Em entrevista à GloboNews, o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, disse que a corporação vai avaliar os danos causados pela água.
"Nosso trabalho tem sido para retirar pessoas de dentro de casa em razão da grande extensão do alagamento. Estamos trabalhando em conjunto com o Departamento de Engenharia da Defesa Civil da cidade para fazer as avaliações e as extensões dos danos causados nas casas que foram destruídas ou danificadas", explicou Simões.
Interdição e falta de luz
A Estrada do Mendanha foi interditada na altura da Rua Marcolino da Costa e o trânsito era desviado pela Estrada do Pedregoso. De acordo com a Light, empresa responsável pelo fornecimento de energia, após o rompimento da adutora a luz foi desligada por questões de segurança na região.
Técnicos da Cedae realizam manobras para evitar o desabastecimento na Zona Oeste e em outras regiões da cidade após o rompimento da adutora Henrique Novaes. A concessionária explicou que foi desligado o registro que abastece a tubulação rompida, possibilitando a transferência dos 6 mil litros por segundo de água que passariam por ela para outras linhas próximas, mantendo o fornecimento de água às regiões abastecidas pela adutora: Jabour, Mendanha, Lameirão e parte dos bairros de Santa cruz, Campo Grande, Santíssimo, Bangu, Padre Miguel e Realengo.
A respeito de possível falta d'água, a Cedae informa que apenas a região do entorno do rompimento, parte de Bangu e de Santíssimo poderão sentir redução no abastecimento.
Ressarcimento
O diretor de operações da Cedae, Jorge Briard, informou que a empresa vai ressarcir integralmente todos os moradores. Equipes de assistência social estão no local para realizar o cadastro dos desabrigados.
"A preocupação principal é o atendimento às pessoas. A Cedae já consegue redistribuir a água para outras adutoras para que não haja desabastecimento. O problema não é recorrente, não há estatística de vazamento de grande porte na adutora, isso foi um acidente pontual. Técnicos estão no local para recolher material e analisar o que provocou o rompimento", explicou Briard.
Interior de uma casa acumulou entulhos arrastados pela água (Foto: Jadson Marques/Estadão Conteúdo)
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