Jonathan Marcus
Essa preocupação tem orientado todo o desenvolvimento da Força Aérea Israelense nos últimos anos.
Além disso, Israel comprou bombas de penetração especiais, desenvolveu grandes aeronaves não tripuladas e de longa duração, e muito dos treinos estão focados em missões de longo alcance.
Israel tem um histórico de ataques preventivos contra alvos nucleares na região. Em junho de 1981, caças israelenses bombardearam o reator de Osirak, próximo à capital Bagdá.
Mais recentemente, em setembro de 2007, aviões israelenses atacaram um local na Síria que muitos acreditavam que abrigava um reator nuclear em construção.
No entanto, um ataque contra Irã seria diferente das missões no Iraque na Síria. Naquele caso, se tratava de alvos únicos acima da superfície e que vieram de forma inesperada.
Uma tentativa israelense de prejudicar o programa nuclear iraniano teria de lidar com uma série de problemas, como alcance, alvos múltiplos e a natureza dos alvos.
Pelos menos três rotas são possíveis:
* Existe uma no norte, onde caças israelenses voariam norte e depois leste, ao longo das fronteiras entre Turquia e Síria, e depois Síria e Iraque.
* No centro, a rota mais provável passa pelo Iraque. Com o Exército americano fora do país, as autoridades iraquianas são muito menos capazes de monitorar o espaço aéreo, o que abriria um caminho para os israelenses.
* A terceira rota, no sul, é pelo espaço aéreo saudita. Será que os sauditas deixariam algo assim acontecer, já que eles próprios estão preocupados com o programa nuclear iraniano? Esta rota pode ser usada para o retorno dos aviões? Essas perguntas não foram respondidas ainda.
O que se sabe é que os aviões israelenses teriam que abastecer no caminho.
Douglas Barrie, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), em Londres, acredita que reabastecimento em pleno voo será fundamental.
"Aviões israelenses precisam não só entrar e sair do espaço aéreo iraniano; eles precisam de combustível suficiente para sobrevoar com bastante tempo os alvos, e o suficiente para qualquer eventualidade que possa surgir em uma missão destas."
Acredita-se que Israel possua entre oito e dez aeronaves de reabastecimento baseadas no modelo Boeing 707.
"Eles estarão em busca dos principais gargalos do programa iraniano. Claramente atacar instalações de enriquecimento faz mais sentido, sob o ponto de vista militar", diz o especialista.
As instalações de enriquecimento de urânio em Natanz, ao sul de Teerã, e Fordo, perto de Qom, são as mais conhecidas, e provavelmente estariam na lista israelense.
A usina de água pesada e o reator em Arak, no oeste, e uma unidade de conversão de urânio em Isfahan também estão entre possíveis alvos preferenciais.
Não está claro se Israel tem capacidade de atingir outros alvos associados ao programa de mísseis ou de fabricação de explosivos do Irã.
Outro problema é que as instalações de enriquecimento de Natanz são subterrâneas, e a nova usina em Fordo também está praticamente dentro de uma montanha.
Um tipo especial de munição também é necessário. A principal arma de Israel é um arsenal americano conhecido como GBU-28. Esta arma guiada a laser de 2,2 toneladas tem capacidade especial de penetração.
"O GBU-28 é a arma de penetração mais forte disponível para aeronáutica tática, e desde que foi usada pelos Estados Unidos, em 1991, ela foi melhorada", afirma Robert Hewson, editor da revista especializada Jane's Air-Launched Weapons.
No entanto, ele ressalta que Israel não teria capacidade de carregar uma munição tão grande em seus aviões sem uma grande operação aérea, que envolvesse também as aeronaves de abastecimento.
Além disso, há dúvidas sobre o grau de eficácia do GBU-28. Para Douglas Barrie, uma bomba seria insuficiente.
Barrie diz que ainda existem muitas coisas que não se sabe sobre a capacidade militar israelense.
Além disso, o próprio Irã possui sistemas russos de defesa. Entre esses sistemas estão os mísseis AS-5, para ameaças em grandes altitudes. O sistema móvel M1/AS-15 permite o lançamento de mísseis contra alvos em altitudes menores.
A Rússia tem se negado a abastecer o Irã com mísseis de maior alcance – como os S-300. Mas os iranianos dizem que conseguiram outros fornecedores para este tipo de arma.
Os sistemas iranianos podem estar um pouco antiquados, mas eles ainda são relativamente confiáveis. Um exemplo claro disso foi a forma como a Líbia conseguiu se defender de ataques da Otan, mesmo com armas antigas.
Um pequeno submarino israelense também pode desempenhar um papel em um potencial conflito. Douglas Barrie afirma que é grande a probabilidade de Israel lançar mísseis do mar, com seus submarinos alemães Dolphin.
No campo marítimo, especialistas acreditam que o Irã está completamente ultrapassado.
A maioria dos analistas concorda que um ataque israelense a alvos múltiplos tem potencial para causar fortes danos no programa iraniano.
No entanto, isso seria muito menor do que um ataque dos Estados Unidos, que possui muito mais capacidade militar do que Israel.
"Se os israelenses conseguissem fazer algo assim, seria uma demonstração impressionante do seu poderio", diz Barrie.
Segundo ele, poucos países no mundo teriam capacidade de fazer algo deste tipo.
COPIADO : http://www.bbc.co.uk
Atualizado em 27 de fevereiro, 2012 - 13:16 (Brasília) 16:16 GMT
Possíveis ataques israelenses ao Irã
Entre todos os desafios de segurança de Israel nas últimas décadas, a ameaça de um Irã armado nuclearmente é a principal preocupação nas mentes dos estrategistas militares do país.
A Força Aérea Israelense comprou 125 caças F-15I e F-16I, equipados com tanques maiores de combustível – feitos sob medida para ataques de longo alcance.
Além disso, Israel comprou bombas de penetração especiais, desenvolveu grandes aeronaves não tripuladas e de longa duração, e muito dos treinos estão focados em missões de longo alcance.
Israel tem um histórico de ataques preventivos contra alvos nucleares na região. Em junho de 1981, caças israelenses bombardearam o reator de Osirak, próximo à capital Bagdá.
Mais recentemente, em setembro de 2007, aviões israelenses atacaram um local na Síria que muitos acreditavam que abrigava um reator nuclear em construção.
No entanto, um ataque contra Irã seria diferente das missões no Iraque na Síria. Naquele caso, se tratava de alvos únicos acima da superfície e que vieram de forma inesperada.
Uma tentativa israelense de prejudicar o programa nuclear iraniano teria de lidar com uma série de problemas, como alcance, alvos múltiplos e a natureza dos alvos.
Como chegar lá?
Para começar, Israel está muito distante do Irã. Alguns dos alvos estariam entre 1,5 mil e 1,8 mil km das bases israelenses. Os aviões teriam que primeiro chegar ao Irã, e depois conseguir sair.Pelos menos três rotas são possíveis:
* Existe uma no norte, onde caças israelenses voariam norte e depois leste, ao longo das fronteiras entre Turquia e Síria, e depois Síria e Iraque.
* No centro, a rota mais provável passa pelo Iraque. Com o Exército americano fora do país, as autoridades iraquianas são muito menos capazes de monitorar o espaço aéreo, o que abriria um caminho para os israelenses.
* A terceira rota, no sul, é pelo espaço aéreo saudita. Será que os sauditas deixariam algo assim acontecer, já que eles próprios estão preocupados com o programa nuclear iraniano? Esta rota pode ser usada para o retorno dos aviões? Essas perguntas não foram respondidas ainda.
O que se sabe é que os aviões israelenses teriam que abastecer no caminho.
Douglas Barrie, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), em Londres, acredita que reabastecimento em pleno voo será fundamental.
"Aviões israelenses precisam não só entrar e sair do espaço aéreo iraniano; eles precisam de combustível suficiente para sobrevoar com bastante tempo os alvos, e o suficiente para qualquer eventualidade que possa surgir em uma missão destas."
Acredita-se que Israel possua entre oito e dez aeronaves de reabastecimento baseadas no modelo Boeing 707.
Quais alvos atingir?
Douglas Barrie também diz que os aviões israelenses terão de achar os alvos onde bombas suas possam fazer o maior estrago possível."Eles estarão em busca dos principais gargalos do programa iraniano. Claramente atacar instalações de enriquecimento faz mais sentido, sob o ponto de vista militar", diz o especialista.
As instalações de enriquecimento de urânio em Natanz, ao sul de Teerã, e Fordo, perto de Qom, são as mais conhecidas, e provavelmente estariam na lista israelense.
A usina de água pesada e o reator em Arak, no oeste, e uma unidade de conversão de urânio em Isfahan também estão entre possíveis alvos preferenciais.
Não está claro se Israel tem capacidade de atingir outros alvos associados ao programa de mísseis ou de fabricação de explosivos do Irã.
Outro problema é que as instalações de enriquecimento de Natanz são subterrâneas, e a nova usina em Fordo também está praticamente dentro de uma montanha.
Alvos subterrâneos
Para um ataque do tipo, o especialista da IISS afirma que é preciso ter informação precisa, desde a geologia local até conhecimento sobre a arquitetura das usinas.Um tipo especial de munição também é necessário. A principal arma de Israel é um arsenal americano conhecido como GBU-28. Esta arma guiada a laser de 2,2 toneladas tem capacidade especial de penetração.
"O GBU-28 é a arma de penetração mais forte disponível para aeronáutica tática, e desde que foi usada pelos Estados Unidos, em 1991, ela foi melhorada", afirma Robert Hewson, editor da revista especializada Jane's Air-Launched Weapons.
No entanto, ele ressalta que Israel não teria capacidade de carregar uma munição tão grande em seus aviões sem uma grande operação aérea, que envolvesse também as aeronaves de abastecimento.
Além disso, há dúvidas sobre o grau de eficácia do GBU-28. Para Douglas Barrie, uma bomba seria insuficiente.
Israel tem alguma alternativa militar?
Até agora só se discutiu a capacidade conhecida das Forças de Israel, mas o país possui uma indústria aeroespacial e eletrônica própria, que pode já ter produzido sistemas relevantes para um ataque ao Irã.Barrie diz que ainda existem muitas coisas que não se sabe sobre a capacidade militar israelense.
Além disso, o próprio Irã possui sistemas russos de defesa. Entre esses sistemas estão os mísseis AS-5, para ameaças em grandes altitudes. O sistema móvel M1/AS-15 permite o lançamento de mísseis contra alvos em altitudes menores.
A Rússia tem se negado a abastecer o Irã com mísseis de maior alcance – como os S-300. Mas os iranianos dizem que conseguiram outros fornecedores para este tipo de arma.
Os sistemas iranianos podem estar um pouco antiquados, mas eles ainda são relativamente confiáveis. Um exemplo claro disso foi a forma como a Líbia conseguiu se defender de ataques da Otan, mesmo com armas antigas.
No campo marítimo, especialistas acreditam que o Irã está completamente ultrapassado.
A maioria dos analistas concorda que um ataque israelense a alvos múltiplos tem potencial para causar fortes danos no programa iraniano.
No entanto, isso seria muito menor do que um ataque dos Estados Unidos, que possui muito mais capacidade militar do que Israel.
"Se os israelenses conseguissem fazer algo assim, seria uma demonstração impressionante do seu poderio", diz Barrie.
Segundo ele, poucos países no mundo teriam capacidade de fazer algo deste tipo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário