Manifestantes e forças de segurança entram em choque no Egito

03/02/2012 - 14h10

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Manifestantes entraram em confronto com as forças de segurança nesta sexta-feira, pelo segundo dia consecutivo de protestos raivosos em resposta à tragédia que deixou ao menos 74 mortos na quarta-feira (1) após um jogo de futebol no Egito. Ao menos quatro pessoas morreram até o momento.

De acordo com relatos de moradores, policiais no Cairo estavam disparando balas de borracha para conter a multidão e ao menos uma pessoa morreu durante a ação.

Mais cedo, a morte de uma segunda pessoa havia sido confirmada na capital, Cairo, após ser atingida pelo disparo de uma espingarda de caça. Outras duas perderam a vida na cidade de Suez, onde a polícia usou munição real para conter uma multidão que tentava invadir uma delegacia, segundo testemunhas e o serviço de ambulâncias.

Muitos egípcios culpam as autoridades por não proteger os torcedores no estádio localizado na cidade de Port Said, onde houve a tragédia que deixou dezenas de mortos e impulsionou a revolta geral.

Durante toda a madrugada desta sexta-feira milhares de manifestantes apedrejaram a sede do Ministério do Interior no centro do Cairo. As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo, mas o grupo insistia em se reagrupar.

Centenas de pessoas foram feridas em confrontos entre as forças de segurança e manifestantes em todo o país ontem e hoje. O Ministério da Saúde egípcio revelou que 1.482 pessoas já foram atendidas por médicos e ambulâncias em virtude dos conflitos na porta do Ministério do Interior.

Mahmud Hams/France Presse
Manifestante egípcio mascarado se prepara para atirar lata de gás lacrimogêneo contra policiais
Manifestante egípcio mascarado se prepara para atirar lata de gás lacrimogêneo contra policiais

Pela manhã, manifestantes haviam afastado uma barreira de concreto numa rua próxima ao ministério, para chegarem mais perto do prédio. Uma testemunha da agência de notícias Reuters escutou disparos e viu no chão cápsulas disparadas.

Durante a noite, ambulâncias precisaram intervir para resgatar um caminhão da tropa de choque policial que havia entrado por engano em uma rua cheia de manifestantes. O veículo passou cerca de 45 minutos cercado e apedrejado, com os policiais no lado de dentro.

REAÇÕES

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu na quinta-feira ao governo egípcio para tomar "medidas apropriadas" frente à tragédia. Por meio de mensagem lida pelo porta-voz Martin Nesirky, o chefe da organização se declarou "entristecido" e apresenta suas condolências às famílias das vítimas.

Países do Ocidente também enviaram seus sentimentos e pediram investigações para esclarecer a briga. A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, requisitou uma investigação "imediata e independente" sobre o ocorrido.

Khalil Hamra/Associated Press
Torcedor joga pedra contra polícia, em protestos nesta sexta na porta do ministério do Interior egípcio
Torcedor joga pedra contra polícia, em protestos nesta sexta na porta do ministério do Interior egípcio

Já os Estados Unidos expressaram o pesar em torno do confronto, em comunicado da porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

GOVERNO

O primeiro-ministro do Egito, Kamal Ganzuri, reconheceu na quinta-feira ser o responsável político pela briga de torcidas.

O premiê informou à Câmara Baixa do Parlamento e ao presidente da Federação de Futebol do Egito que destituiu os chefes dos serviços de Segurança e Inteligência de Port Said após a tragédia. A junta militar decretou luto de três dias em memória às vítimas do confronto.

Antes, o presidente do Parlamento, Saad Katatni, do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), afirmou que a tragédia foi devido a "deficiência e negligência" das forças de segurança. "Eles não cumpriram nem com sua missão nem com sua profissão pela falta de organização em relação a estes acontecimentos".

Em uma sessão de emergência da Câmara Baixa, Katatni afirmou que "houve advertências do que poderia acontecer que foram enviadas com tempo suficiente, mas esses avisos não alertaram as forças de segurança para fazer seu trabalho".

Um jogo de futebol no Egito terminou em tragédia com pelo menos 74 mortos depois das torcidas invadirem o campo e brigarem no gramado. A confusão aconteceu depois de uma partida entre os times Al Ahly, do Cairo, e Al Masry, de Port Said, local do confronto (que fica a 200 km da capital), que terminou 3 a 1 para os anfitriões.

Editoria de Arte/Folhapress
Confronto futebol Egito, 3.fev
Confronto futebol Egito, 3.fevCOPIADO : http://www1.folha.uol.com.br/

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