Discutindo a sexualidade: os deficientes também amam!
Apesar de toda a repressão da sociedade em relação ao assunto, torna-se não apenas necessário mas essencial para se ter uma melhor qualidade de vida, tendo em vista que o amor, o relacionamento e o sexo são partes importantes do conceito de vida plena e feliz.
Uma educação familiar pouco esclarecedora, a vergonha do próprio corpo, a timidez para se marcar um encontro, entre outros, são alguns limitadores que inibem as pessoas a tal ponto de não se permitirem ter relacionamentos afetivos ou sexuais sadios, plenos e satisfatórios ao longo da vida. Mulheres que se acham gordas, homens que se acham feios, etc.
Quando se trata de pessoas com deficiência, o tabu se torna ainda maior, fazendo com que sejam excluídas dos relacionamentos amorosos ou sexuais não apenas pelas pessoas desencorajadoras ou protetoras que as cercam mas pelo preconceito ou por elas mesmas. De tanto sofrerem ou se sentirem “imperfeitas”, “não atraentes”, acabam se achando incapazes de participar ativamente do “jogo da sedução”, evitando determinadas situações, locais e interações, pois acreditam que não será possível dar e sentir prazer ou encontrar uma pessoa que as queira.
Acredita-se que, por ser cega ou surda, uma pessoa terá dificuldades para se relacionar, “conquistar” ou até mesmo durante o ato sexual. No caso dos cadeirantes, muitos acreditam que perderam por completo a possibilidade de sentirem prazer. E assim por diante, perpetuam-se preconceitos, medos e ignorância.
Muitas iniciativas buscam desmistificar a sexualidade da pessoa com deficiência, como:
- Sites de relacionamentos: Visa transpor as barreiras dos encontros, das paqueras e da desilusão, mostrando-se como é (pessoa com deficiência) para não haver mal-entendidos. Por outro lado, pode se tornar mais uma forma de afastar essas pessoas do convívio social e sadio.
- Encontros “programados” ou sexo pago: No Brasil, ainda há um preconceito muito grande com relação à prostituição, diferentemente de países como Suíça e Holanda, onde já é legalizada. Este artifício facilita o acesso à vida sexual, entretanto, muitos se perguntam se é sadio, pois seria uma vida sexual “ilegal” e desprovida de sentimentos e relacionamento.
- Reeducação sexual: Muitas vezes realizada por um profissional da área de sexologia ou saúde, como terapeutas sexuais, ajuda a pessoa com deficiência a redescobrir seu corpo, suas áreas e fontes de prazer e a superar o medo, a vergonha e o preconceito. Ao se descobrir ou redescobrir, é possível encontrar formas de satisfação pessoal e isso facilita muito a mudança de postura diante de potenciais parceiros sexuais.
A visão distorcida de que essas pessoas não têm direito a uma vida amorosa ou sexual, seja porque são rotuladas de “anjinhos”, como ocorre com as pessoas que possuem alguma deficiência intelectual, por exemplo, Síndrome de Down, porque são consideradas um “perigo à sociedade” ao tornarem possível a reprodução de um determinado “defeito”, ou vistas como “promíscuas” por já serem idosas, é alimentada principalmente pela falta de informação.
É preciso mostrar para as pessoas que a sexualidade faz parte da vida, não apenas para a reprodução mas para o desenvolvimento da saúde física, mental, psicológica, emocional, ou seja, para viver uma vida plena, independentemente da falta de um sentido, de um membro ou do vigor da juventude.
Para ajudar a desmistificar a sexualidade da pessoa com deficiência, o Congresso de Acessibilidade, evento online e gratuito, a ser realizado no período de 21 a 27 de setembro no site www.congressodeacessibilidade.com trará essa discussão para dentro de seus lares, mostrando tanto a visão do deficiente como de profissionais da área com o objetivo de transformar vidas, mostrando que não somente todos têm direito a uma vida sexual ativa e feliz como devem lutar por isso!
* Dolores Affonso, coach, palestrante, consultora e designer instrucional, é professora e idealizadora do Congresso de Acessibilidade (www.congressodeacessibilidade.com).
COPIADO http://www.jb.com.br
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