Familiares de vítimas marcharão em protesto contra indulto a Fujimori
AFP / Juan VitaPessoas realizam protesto contra o indulto do presidente Pedro Pablo Kuczynski ao ex-presidente Alberto Fujimori, em Lima, em 25 de dezembro de 2017
O presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski sofreu nesta quarta-feira (27) a primeira baixa de seu gabinete pelo controverso indulto que concedeu ao ex-governante Alberto Fujimori.
Três dias depois do perdão presidencial a Fujimori, o popular ministro da Cultura do Peru, Salvador del Solar, anunciou sua renúncia no Twitter.
"Apresentei minha renúncia ao cargo do Ministro da Cultura", tuitou Del Solar, que sempre foi contra o indulto a Fujimori, concedido na véspera de Natal.
O presidente executivo da televisão e da rádio públicas, Hugo Coya, também apresentou sua renúncia pelo indulto que dividiu o Peru, confirmou o próprio Coya à AFP.
Kuczynski juramentou nesta quarta-feira o novo ministro do Interior, o general na reserva Vicente Romero, em substituição a Carlos Basombrío, que renunciou após a denúncia de corrupção contra o presidente, no caso de subornos da construtora Odebrecht.
Enquanto isso, familiares das vítimas da repressão sob o regime de Alberto Fujimori, organizações políticas e de direitos humanos se mobilizaram nesta quarta-feira para pedir a anulação do indulto ao ex-presidente.
"É a segunda vez que confiei em um presidente e que ele me decepcionou", disse com pesar à AFP Rosa Rojas, que perdeu seu marido e seu filho de 8 anos na chacina de Barrios Altos, em Lima, executada por um esquadrão militar em 3 de novembro de 1991.
Esse perdão desatou uma nova tempestade política contra Kuckynski, que também sofreu a perda de três legisladores que abandonaram o partido de governo.
Vários grupos políticos e de vítimas do governo de Fujimori convocaram uma marcha para esta quinta-feira em Lima, enquanto uma organização peruana disse que solicitou a intervenção da Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em San José.
"Acreditamos que é um indulto ilegal, porque não reúne as condições que a própria lei peruana estabelece para conceder indulto", declarou à AFP Gisela Ortiz, irmã de um dos nove estudantes que, com um professor, foram sequestrados por um esquadrão militar da Universidade La Cantuta e assassinados em uma zona rural perto de Lima, em 18 de julho de 1992.
- Outras 48 horas -
AFP / Anella RETAAlberto Fujimoricopy https://www.afp.com
Fujimori, de 79 anos, está internado em uma clínica desde sábado por problemas circulatórios, foi condenado no fim de 2007 a 25 anos de prisão pelos massacres de Barrios Altos e La Cantuta, além dos sequestros de um jornalista e um empresário em 1992.
Formalmente, ele já cumpriu 12 anos de pena, pois a Justiça também considera o período que passou em prisão domiciliar no Chile, antes de ser extraditado para o Peru.
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