O Brasil não cabe em mentes pequenas
Passado o Natal – como disse, dia de agradecer – vem a percepção de que estamos na soleira de um novo ano, marca inevitável de um momento em que mesmo os mais pragmáticos tiram os olhos do presente e os põem no futuro.
Cada um de nós tem os seus planos, seus desejos, mas todos eles se perderão se presos apenas às nossas pequenas vidas.
Como disse o Tom Jobim, “é impossível ser feliz sozinho”.
Não é preciso falar da tristeza em ver nossos país estiolado, em ver as ruas se enchendo – de novo – de pedintes, e mergulhado no ódio e na perversidade, onde as “grandes conquistas da sociedade” são prender, condenar, enjaular, como nos exemplifica a entrevista de Sérgio Moro chamando de “retrocesso” a garantia civilizada de que alguém só seja preso se não estiver tendo recursos julgados ou se oferecer risco imediato à sociedade.
Melhor falar do que temos pela frente.
Não é apenas se Lula poderá disputar as eleições e quem as vencerá.
Significa mais, a nossa capacidade coletiva de enfrentarmos o destino de mediocridade que o pensamento colonial – devidamente reproduzido na corte das elites distante dos territórios do povão, como a marcar que, aqui dentro, também há metrópole e as lonjuras da colônia.
A classe dominante brasileira não tem um projeto de nação e, por não o ter, só tem como discurso a “gestão” e como bandeira a sua hipócrita “moralidade” . Tudo do que tentam convencer – e aos tolos, convencem – é de que precisamos de um gerente “eficiente” e “honesto”.
Um gerente que nos faça trabalhar mais, ganhar menos, aposentar-se mais tarde (ou nunca), que não desperdice com saúde, nem com educação além do mínimo e que, diante do mundo, espalhe-se em salamaleques e arregace nossa economia ao capital estrangeiro, este benemérito produtor de um progresso sempre prometido e nunca por ele entregue.
Para que possamos aceitar o que, dito assim, figura-se inaceitável, é preciso criar diversionismos. E estes não falta: os culpados pela nossa vida medíocre são os “bandidos”, os corruptos, os devassos, os malandros, os nordestinos, etc…
Missão em que é ajudada pela incrível capacidade de parte de nossa intelectualidade de derivar para a discussão de bobagens, a intromissão na vida privada alheia e a aceitação de uma pauta medíocre de temas que, francamente, só a velha UDN seja capaz de imaginar. A “moral” – ainda que pelo seu inverso, espelhado, o patrulhismo – ocupa o lugar do real.
Tudo é pequeno no universo desta gente…
Nenhum deles coloca onde deve estar um fato objetivo: o Brasil é um gigante e não pode ser pensado com ideias miúdas.
Na sua visão dos míopes – que só veem de muito perto – potencial não vale nada, importam os livros-caixa – agora vertidos em planilhas informatizadas – com suas colunas de azul e de vermelho.
As contas públicas, na visão deles, são algo como contar a féria do botequim: mede-se o que se vendeu e o que se pagou e o lápis à orelha emoldura a felicidade ou a tristeza conforme o resultado. Claro, sempre achando que o cearense que atende ao balcão está ganhando muito.
O Brasil só avançou quando se deu conta de que não é uma espelunca que tem de ser administrada como quem vive da mão para a boca.
Que um pais deste tamanho não vive, nem sobrevive sem sonhos, mesmo que a realidade seja cheia de insuficiências, limitações e defeitos.
Como, aliás, cada um de nós é, o que não impede que sejamos felizes, tenhamos autoestima e progridamos com nossos esforços.
Nossas dificuldades, nossas limitações materiais jamais nos impediram de dar o melhor possível para as pessoas que amamos, as nossas diferenças jamais foram obstáculos a que amássemos e aceitássemos os outros (claro que com as correspondentes brigas e incompreensões momentâneas), mossas dores não se transformaram em rancor.
Eles gostam de comparar um país com uma família, dizendo que o fundamental “é gastar menos do que se ganha”. Aceito a comparação, mas não o conceito: o essencial é que nunca falte o básico para ninguém, dentro desta casa.
Que preparemos 2018 assim, falando às pessoas sem ódio, sem verdades absolutas, com tolerância. Sabendo que não somos um rebanho de ovelhas, todas imaculadamente brancas. E que isto é o melhor da vida.
Não é um problema, é uma solução para nossas incompletudes.
Não é um problema, é uma solução para nossas incompletudes.
copiado http://www.tijolaco.com.br
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