O gol contra de Marun O esbulho eleitoral e os Caifás do judiciári

nopemarumO gol contra de Marun

Na ânsia de ocupar o lugar de centroavante da aprovação da reforma da Previdência, aos trancos e cotovelaços, como é de seu estilo, o ministro Carlos Marun, mesmo com a complacência da “mídia-juiz” acabou por marcar um espetacular “gol contra”.
protesto  de todos os governadores do Nordeste – ou de quase todos, porque o do Rio Grande do Norte, Robinson Faria está pendurado num empréstimo “sai-não sai” de R$ 600 milhões da União – vai obrigar o governo a dar um “contra-vapor” nos seus planos de distribuição de verbas públicas, porque a ameaça de processar o ministro rompe a inércia do Ministério Público e imporia, mesmo a contragosto, à D. Raquel Dodge a se mexer diante da chantagem do Planalto para obter votos.
Se nãi liberar para todos, não libera – ao menos abertamente – para ninguém. Se libera para todos, não há porque contrapartida em votos; se não libera para ninguém, também não.
O ministro, claro, dirá que não foi isso, que jamais condicionou nada a votos pela reforma, o que todo mundo que acompanha a romaria de deputados – inclusive nesta semana morta – ao Planalto sabe que não é verdade.
Nem Merval Pereira conseguiu defender a ação pornográfica de Marun,
É provável que o Governo, no silêncio do recesso, tivesse conquistado votos na surdina. Agora, porém, caminha para perder o discurso e os envergonhados.
O Governo, que pretendia apresentar-se como austero e previdente com os dinheiros públicos, explicitou a derrama imoral de dinheiro na politicagem.
Filme pornô muitos assistem, mas escondidinhos. No telão do Planalto, é um desastre.

caifas

O esbulho eleitoral e os Caifás do judiciário

Da convivência de suas décadas com Leonel Brizola, ficou-me a mania de lembrar de palavras fora do (cada vez mais pobre) vocabulário do dia a dia.
E, ao lembrar que estamos a menos de um mês do julgamento de Lula no Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, uma delas vem-me à cabeça como algo que provavelmente seria dita por ele: esbulho.
Para quem não sabe, esbulho é o ato de se retirar forçadamente um bem de seu legítimo possuidor.
O bem, neste esbulho, é o direito de voto. E seu legítimo possuidor é o povo brasileiro.
Há descrição mais precisa para o que três desembargadores – baseados em “convicções”, mas sem nenhum documento que comprove que Lula tenha sido o proprietário, entrado na posse ou solicitado o tal triplex do Guarujá – estão prestes a fazer, no dia 24 de janeiro?
Durante dois anos, tudo o que se escreveu e disse neste processo foi exibido – e de forma massacrante – à população. E sem o que, em direito, chamamos de “paridade de armas”. Isto é, com as mesmas oportunidades para que acusação e defesa se manifeste: o acusador dispôs  de rede nacional para exibir o seu powerpoint, numa delirante performance, enquanto aquela ficou sujeita apenas ao que os editores dela queriam mostrar.
Ainda assim, Lula cresce na opinião pública, entre os quase 150 milhões de eleitores brasileiros.
Aqueles três homens – ou melho, apenas dois, já que o relator, João Gebran Neto, é invariavelmente um homologador das sentenças dadas por seu amigo Sérgio Moro – podem substituir a população?
A menos que deixem Lula concorrer – porque, afinal, é isso o que decidirão – estarão esbulhando o povo brasileiro do direito de julgar o ex-presidente.
E atirando o processo eleitoral e o futuro da vida brasileira, por muito tempo – na ilegitimidade, porque será uma eleição castrada.
É isso, sem tirar nem por, o que se decide – ao menos provisoriamente, porque seguirá o festival de recursos e, de novo, a personalização de uma decisão eleitoral que é coletiva e de muitas dezenas de milhões.
Nestes dias de religiosidade à tona, não seria mau que se dessem conta a, em outra esfera, a da fé democrática, se dessem conta de que estão prestes a reproduzir a figura de Caifás, o sacerdote que exigiu a crucifixão, ou Anás, que a confirmou. Tudo sob os aplausos da “Paulista” de Jerusalém.
Óbvio que não se compara Lula a Cristo, mas as histórias bíblicas são mais importantes como metáforas do que como narrativa fática. Porque elas dizem muito do comportamento dos homens e, mais ainda, sobre o comportamento do poder.
copiado http://www.tijolaco.com.br/

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