Líderes participaram de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado1/11 às 19h01
No Senado, kaiowás pedem urgência na demarcação de terras
Líderes participaram de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado
Lideranças indígenas
pediram urgência na demarcação de terras da etnia Guaranis Kaiowás.
Elas participaram de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos
do Senado nesta quinta-feira. "Já ouvimos muito discurso bonito,
recebemos cesta básica, mas isso não resolve. Queremos a demarcação do
nosso território", afirmou o líder kaiowá Elizeu Lopes.
Segundo
ele, até agora, os povos indígenas só estão vendo os índios serem
retirados das áreas que ocupam e não há sinais de quando vai começar a
demarcação das terras. "Não aguentamos mais viver em baixo de uma lona
preta, as crianças tomando água suja, sem ter condição de vida digna com
nossas famílias. Os guaranis kaiowás vêm morrendo de atropelamento na
beira da estrada, ataque de pistoleiro, muitos matando nossas
lideranças. Não aguentamos mais isso", disse Elizeu. Outro ponto
destacado pelos representantes guranis kaiowás foi a necessidade de
apuração das mortes de líderes indígenas.
A presidente da Fundação
Nacional do Índio (Funai), Marta Maria Azevedo, também participou da
audiência pública e destacou que a situação dos guaranis kaiowás é única
e a mais preocupante em todo o Brasil. "A gente tem certeza que é
preciso um pacto social e que a Funai, sozinha, não dá conta. O processo
administrativo de demarcação é longo, é demorado, envolve diferentes
atores. Então, por isso, a gente precisa sim de vigilância constante
porque a situação é grave."
O secretário executivo do Conselho
Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, cobrou uma melhoria na
estrutura dos Estados para tratar das questões indígenas. "Não pode
ocorrer mais de a Funai gastar com a rubrica de demarcação de terra só
R$ 29 milhões, como aconteceu em 2010 e 2011. Isso infelizmente não vai
resolver a situação", disse. Para ele, a Funai precisa fazer concursos
específicos para viabilizar e acelerar os processos de demarcação de
terras indígenas que "estão muito aquém do que é necessário".
Para
o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), a situação dos guaranis kaiowás
precisa ser acompanhada de perto pela Comissão de Direitos Humanos do
Senado. "É uma situação que mobilizou a opinião pública,
lamentavelmente, só agora. Mas é um drama que os povos guaranis sofrem
há muito tempo. É necessário um diálogo permanente com as instituições,
com a Funai, com o Ministério da Justiça, com o governo do estado de
Mato Grosso do Sul", ressaltou.
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