Bob Fernandes
Os 88 policiais executados em 2012 são todos da PM. Por quê?Por morte fora do trabalho, família não recebe benefícios. O PCC conhece essa regra
leiaOs 88 policiais executados em 2012 são todos da PM. Por quê?
Nos ataques em São Paulo, em 2006, o PCC (Primeiro Comando da
Capital) ordenou e fez executar policiais. Militares e civis.
Indiscriminadamente. Neste ano de 2012, oitenta e oito policiais
militares já foram assassinados. Só cinco deles mortos trabalhando.
Quando a morte é fora do trabalho, a família não recebe benefícios. E o
PCC sabe que essa regra ainda vigora.
Além desses 88 PMs, supostamente mortos por ordem do PCC, 16
agentes penitenciários e 10 integrantes da Polícia Civil foram mortos em
2012; mas esses, os dez da polícia civil, mortos por reação a assalto,
em ação, ou outras situações não caracterizadas como de execução.
Em todo o Estado, até este outubro, os homicídios chegam a 3.330.
Só na capital, até setembro, 919 cidadãos assassinados; 96% a mais do
que em setembro do ano passado.
Antonio Ferreira Pinto é o Secretário de Segurança Pública. Numa
dessas coletivas para a imprensa, há pouco tempo, ele disse que os
assassinatos de PMs não tinham "nenhuma vinculação com a facção". A
"facção", como diz o secretário sem citar o nome, é o PCC.
Não há quem não saiba que está em andamento uma guerra particular
entre o PCC e a PM. Uma PM, pelo que informam alguns dos seus, com
divisões; digamos assim. Segundo oficiais da corporação, teriam sido
rompidos, de parte a parte, "códigos de conduta".
Há quem negue a existência de tais códigos, mas eles existem. A
polícia tem códigos próprios, não escritos, e os criminosos também têm
os seus. E ambos têm um código em comum, também não escrito, onde certas
atitudes não são aceitas. Pela quantidade de mortos, é evidente que
algum tipo de código, ou de acordo – ou de acordos -, foi rompido.
Criminosos matam de um lado? Vem a resposta: alguns, quase sempre
em motos, muitas vezes com munição de uso exclusivo de forças policiais,
dão o troco e também matam. Fica no ar uma pergunta que talvez contenha
a resposta: por que, nesta guerra nas ruas, apenas policiais militares,
e não policiais civis, estão sendo executados?
A Inteligência do Estado certamente deve ter respostas para essa inquietante pergunta.
O secretário de Segurança nega, ou negava até outro dia, o que é
óbvio. E, diante de câmeras e microfones, atua como se fosse o Durango
Kid. Enquanto o secretario atua, e nega o óbvio, perceba-se a ousadia
dos ataques: um tenente trabalha na Casa Militar e na escolta do
governador Geraldo Alckimin. As iniciais do seu nome são SCS. O tenente
foi atacado; não no trabalho. Recebeu um tiro de raspão, no rosto,
reagiu e matou o agressor.
Essa informação é da experiente repórter Fátima Souza, a mesma que, em 1995, pela primeira vez enunciou a existência do PCC.
O Major Olímpio, deputado estadual pelo PDT, em recente ato na Praça da Sé, disse com todas as letras:
- Policiais estão sendo dizimados e não adianta negar e dizer que é lenda. O PCC está matando policiais.
O troco, ou os trocos, vem sendo dado nas ruas. Isso nunca
funcionou. Nem no Velho Oeste, nem com as milícias no Rio de Janeiro,
nem aqui e Brasil afora com os antigos e os novos esquadrões da morte.
Isso só serviu e serve para produzir mais mortes, muitas vezes de
inocentes. Serviu e serve, também, para eleger oportunistas, com
discursos e práticas fascistóides.
Fato é que, antes de tomar posse, o governador Geraldo Alckimin
pensou em substituir o secretário Ferreira Pinto. No final de 2006, um
importante emissário do governo procurou e sondou o jurista Wálter
Maierovitch. Antes mesmo de começar a conversar, Maierovitch impôs
algumas condições. Uma delas nomear os comandos das polícias militar e
civil. A conversa nem andou. E Ferreira Pinto aí está.
O bang-bang, as execuções, os acertos de contas avançam no interior
e, principalmente, nas franjas da cidade de São Paulo. Até quando? COPIADO http://terramagazine.terra.com.br
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