Análise: os protestos e os filhos da classe C
terça-feira, 18 de junho de 2013 - 08h25
Atualizado em
terça-feira, 18 de junho de 2013 - 08h33
O sociólogo e cientista político Aldo Fornazieri analisa e comenta o "descontentamento latente na sociedade brasileira"
Os protestos ontem reúniram mais de 300 mil no Brasil
Christophe Simon/AFP
O maior contingente de pessoas que está participando dos
protestos contra o aumento das passagens provém da chamada “classe C”,
ou classe média baixa. A motivação imediata das manifestações é a
péssima qualidade do transporte público, o que constitui uma realidade
generalizada no Brasil.
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Os trabalhadores e os jovens que trabalham e estudam estão submetidos a jornadas massacrantes, os trajetos são longos, o trânsito é lento e nas horas de pico as pessoas são pisoteadas em metrôs, trens e ônibus. Esses trabalhadores e estudantes têm parte de suas vidas sequestradas no trânsito, dormem pouco e têm poucas alternativas de lazer, esporte e cultura. As grandes cidades se tornaram hostis.
Haddad e Alckmin admitem diálogo com MPL
Lula e FCH comentam protestos pelo país
Para além desse problema específico, existe um descontentamento latente na sociedade brasileira, justamente nessas classes médias baixas e nas periferias. Existem milhões de pessoas que não são representadas pelos legislativos, pelos governos, pelos partidos, pelos sindicatos e pelas demais instituições. Essas pessoas não têm bolsa família, têm salários baixos e empregos ruins, não têm uma proteção adequada no sistema de saúde e, ao mesmo tempo, precisam atender minimente as necessidades e exigências de consumo.
É este contraste entre o que o mercado oferece e o que as pessoas podem consumir; entre o que os governos gastam em desperdícios com obras superfaturadas e hospitais públicos degradados; entre o subsídio ao automóvel e o desastre do transporte público; entre os altos impostos pagos e o mal estar social etc., que vai tecendo um clima de descontentamento que é capaz de ganhar as ruas quando uma motivação imediata, como é o caso das tarifas agora, o permite. Se os fios de várias causas e demandas forem conectados e se surgirem movimentos e organizações capazes de conduzir, os protestos pontuais podem se transformar em protestos políticos mais amplos.
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A manifestação
Em noite histórica de manifestações por todo o país, São Paulo levou cerca de cem mil pessoas para as ruas em protesto contra o aumento da passagem de ônibus, Metrô, trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). O movimento foi pacífico na maior parte da cidade e apresentou tumulto e reação da PM (Polícia Militar) no final da noite, quando manifestantes invadiram o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
O quinto ato feito em pouco mais de uma semana começou pontualmente às 17h, no Largo da Batata, na zona oeste da capital paulista. Pessoas de todas as idades compareceram ao local com cartazes, bandeiras e com os rostos pintados de verde e amarelo.
Da zona oeste, os manifestantes se dividiram em grupos menores e seguiram em passeatas pacíficas. Parte dos integrantes andou pela marginal Pinheiros e foi até a Ponte Estaiada.
Outros foram para a avenida Paulista, parte pegou a avenida 23 de maio até a Assembleia Legislativa, um grupo percorreu a avenida Brigadeiro Faria Lima, seguiu pela Cidade Jardim e chegou ao Palácio dos Bandeirantes.
Palácio dos Bandeirantes
A PM acompanhou as passeatas sem o uso de balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta na maior parte do percurso. No final da noite, entretanto, um grupo forçou o portão 2 do Palácio do Governo de São Paulo, que cedeu e caiu. Neste momento, manifestantes invadiram o local e a polícia reagiu.
De acordo com a reportagem da BandNews FM, houve uso de bombas de gás lacrimogêneo.
A repórter Carolina Ercolim, da Rádio Bandeirantes, relatou o momento em que o portão foi à baixo. Ela estava em frente ao local quando bombas de gás foram usadas e se surpreendeu junto a outros membros da imprensa.
COPIADO http://noticias.band.uol.com.br
Aldo Fornazieri, Para o Metro São Paulo
noticias@band.com.br
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É este contraste entre o que o mercado oferece e o que as pessoas podem consumir; entre o que os governos gastam em desperdícios com obras superfaturadas e hospitais públicos degradados; entre o subsídio ao automóvel e o desastre do transporte público; entre os altos impostos pagos e o mal estar social etc., que vai tecendo um clima de descontentamento que é capaz de ganhar as ruas quando uma motivação imediata, como é o caso das tarifas agora, o permite. Se os fios de várias causas e demandas forem conectados e se surgirem movimentos e organizações capazes de conduzir, os protestos pontuais podem se transformar em protestos políticos mais amplos.
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Em noite histórica de manifestações por todo o país, São Paulo levou cerca de cem mil pessoas para as ruas em protesto contra o aumento da passagem de ônibus, Metrô, trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). O movimento foi pacífico na maior parte da cidade e apresentou tumulto e reação da PM (Polícia Militar) no final da noite, quando manifestantes invadiram o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
O quinto ato feito em pouco mais de uma semana começou pontualmente às 17h, no Largo da Batata, na zona oeste da capital paulista. Pessoas de todas as idades compareceram ao local com cartazes, bandeiras e com os rostos pintados de verde e amarelo.
Da zona oeste, os manifestantes se dividiram em grupos menores e seguiram em passeatas pacíficas. Parte dos integrantes andou pela marginal Pinheiros e foi até a Ponte Estaiada.
Outros foram para a avenida Paulista, parte pegou a avenida 23 de maio até a Assembleia Legislativa, um grupo percorreu a avenida Brigadeiro Faria Lima, seguiu pela Cidade Jardim e chegou ao Palácio dos Bandeirantes.
Palácio dos Bandeirantes
A PM acompanhou as passeatas sem o uso de balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta na maior parte do percurso. No final da noite, entretanto, um grupo forçou o portão 2 do Palácio do Governo de São Paulo, que cedeu e caiu. Neste momento, manifestantes invadiram o local e a polícia reagiu.
De acordo com a reportagem da BandNews FM, houve uso de bombas de gás lacrimogêneo.
A repórter Carolina Ercolim, da Rádio Bandeirantes, relatou o momento em que o portão foi à baixo. Ela estava em frente ao local quando bombas de gás foram usadas e se surpreendeu junto a outros membros da imprensa.
Milhares de pessoas foram até o Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo
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