19/06/2013 - 16:45
"Em 2012 registramos o maior número de pessoas deslocadas desde 1994, um ano que foi marcado pelo genocídio em Ruanda e as consequências da dissolução da Iugoslávia", explicou o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Antonio Guterres.
"Assistimos a uma multiplicação de novos conflitos e parece que os antigos conflitos não morrem nunca", completou, na véspera do Dia Mundial dos Refugiados, celebrado quinta-feira.
Quase 55% dos refugiados contabilizados no relatório do ACNUR procedem de países em conflito como Afeganistão, Somália, Iraque, Síria e Sudão. O documento também denuncia a forte presença de pessoas procedentes do Mali e da República Democrática do Congo.
Dos 45,2 milhões de deslocados em 2012, 15,4 milhões eram refugiados (entre eles 4,9 milhões de palestinos), 28,8 milhões eram deslocados internos e 937.000 solicitantes de asilo político.
"Mas o mais dramático são os números dos novos deslocados: 7,6 milhões de pessoas deslocadas pela força, ou seja, uma pessoa a cada vez que você pisca o olho", disse Guterres.
Das 7,6 milhões de pessoas, 6,5 milhões eram deslocados internos e y 1,1 milhão refugiados.
Em 2013, os números podem seguir aumentando em consequência dos refugiados do conflito na Síria, que entram na Jordânia e no Líbano, onde quase 20% da população já é síria, indica o ACNUR.
Quase 1,6 milhão de refugiados sírios estão refugiados em cinco países da região e o Alto Comissariado prevê que o número alcance, no fim de 2013, quase 3,45 milhões (incluindo um milhão no Líbano, um milhão na Jordânia, um milhão na Turquia, 350.000 no Iraque e 100.000 em Egito).
A guerra, em particular o conflito na Síria, continua sendo a principal causa dos deslocamentos de população no mundo.
Em 2012, a lista de países que mais recebeu refugiados não mudou em relação a 2011. O Paquistão continua sendo o país com mais refugiados (1,6 milhão), seguido por Irã e Alemanha. O Afeganistão é o país do qual saem mais refugiados, uma posição que mantém há 32 anos.
Antonio Guterres disse estar preocupado com o número recorde de crianças que pedem asilo e que viajam sozinhas (21.300 em 2012).
"Está virando um dos problemas humanitários mais graves que estamos enfrentando, porque viajam utilizando sistemas controlados por contrabandistas e traficantes", lamentou.
Os menores de 18 anos representam 46% dos refugiados no mundo, segundo o ACNUR.
O papa Francisco fez nesta quarta-feira um apelo de ajuda e recepção às famílias de refugiados.
"Estas famílias fogem da violência, da perseguição, da discriminação pela religião que praticam, o grupo étnico a que pertencem, por suas ideias políticas", e correm risco de desintegração, disse o pontífice.
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