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Em meio a críticas, Gilmar já chegou a acionar grupo antibomba
João Montanaro
28/08/2017 02h00 Um dos mais polêmicos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes é alvo frequente de críticas e protagoniza na internet os mais variados memes –a última leva motivada pela decisão de mandar soltar o empresário Jacob Barata Filho, de cuja filha foi padrinho de casamento.
A ofensiva contra o magistrado ficou mais exposta desde que ele inaugurou um perfil no Twitter, em maio.
Sua última postagem –em que apenas reproduziu o link de uma reportagem relacionada à Lava Jato– tinha na sexta-feira (25) 108 comentários. Todos com ironias e ataques contra o magistrado, vários impublicáveis.
"Ministro meu cachorro foi pego pela carrocinha e tá preso num abrigo de cães de Belo Horizonte. Mande soltar ele por favor, o nome dele é Boris", escreveu um. "Piscou, Gilmarzão solta", disse outro.
Fora do mundo virtual, há algumas semanas, seu gabinete no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), tribunal que ele preside, recebeu uma curiosa encomenda.
Como remetente do pacote constava o nome de um dos mais famosos traidores da história do Brasil, o coronel português Joaquim Silvério dos Reis, que no final do século 18 participava da Inconfidência Mineira ao mesmo tempo em que acumulava pendências financeiras com a Coroa.
Em troca do perdão das dívidas, Reis entregou ao visconde de Barbacena os planos dos conjurados, possibilitando às autoridades portuguesas desbaratar rapidamente a insurreição.
Duzentos e vinte e oito anos depois dos acontecimentos que reservaram ao coronel português um lugar de desonra na história, o pacote suspeito e a alusão ao traidor da Inconfidência acenderam o sinal amarelo no gabinete de Gilmar.
A primeira providência foi despachar a encomenda para o raio-x do tribunal. O aparelho, porém, não conseguiu decifrar o pesado e misterioso conteúdo da tal caixa, feita de material maciço.
Como ninguém ali se atreveu a pegar uma tesoura e abrir a embalagem, o gabinete do ministro decidiu enviar o material para a polícia, que encaminhou internamente para o grupo antibombas.
Depois de alguns procedimentos, o pacote foi aberto, sem que nenhuma ameaça à integridade física das pessoas fosse detectada.
O remetente que usou o nome do traidor da Inconfidência enviou ao magistrado um amontoado de moedas de reais, de pequeno valor. Não deixou nenhum bilhete.
Assessores do ministro se questionam se a pessoa que enviou o presente queria fazer uma alusão ao caráter de Silvério dos Reis, que traiu os inconfidentes com objetivos pecuniários, ou se tinha em mente outras referências mais longínquas, como o relato bíblico das 30 moedas que levaram Judas a trair Jesus Cristo.
Além dessas, outras várias encomendas chegam diariamente ao magistrado.
SEGURANÇA
Entre agrados e mimos, até ameaças à vida do ministro chegam ao gabinete, por cartas e outros meios.
Gilmar afirma não ter receio, mas quem o vê atualmente circulando pelo Supremo percebe uma mudança de postura, pela quantidade de seguranças que o acompanham.
"Meu pessoal acompanha, e se vê maior seriedade comunica a polícia. Eu lido com naturalidade com protestos, reclamações e vaias", respondeu à Folha.
"Eu ando hoje com segurança por recomendação. Muitas vezes saio sozinho e sou sempre bem tratado. Ainda agora, em Lisboa, tirei várias selfies com brasileiros".
As moedas recebidas do "traidor" da Inconfidência acabaram doadas, segundo a assessoria do ministro, por ordem de Gilmar, para a Catedral de Brasília.
João Montanaro | ||
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COPIADO http://www1.folha.uol.com.br/poder/
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