“É meu amigo” serve como prova de inocência, Dr. Moro? Ué, Dr. Moro, delator vale contra Lula mas não contra seus amigos?

amigo“É meu amigo” serve como prova de inocência, Dr. Moro?

O Dr. Sérgio Moro repreende, em nota publicada no Poder360,  a jornalista Monica Bergamo por ter usado informações de um acusado sobre possível pedido de propina dentro da Lava Jato  “em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me”. E cita, como atestado da idoneidade do advogado acusado o fato de que “ Carlos Zucoloto Jr. é meu amigo pessoal”.
Moro  diz que  o delator “não apresentou à jornalista responsável pela matéria qualquer prova de suas inverídicas afirmações
Como aconteceu com o artigo do físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite, ma famosa polêmoca do Savonarola,  Sérgio Moro se arroga ao direito de dizer o que deve ser publicado.
Embora ele divulgue áudios ilegais, como fez os da conversas ente Lula e Dilma porque “a sociedade tem o direito de saber”.
Quando, porém, as acusações são sobre os rapazes da Lava Jato e seu amigo pessoal, a sociedade não tem o direito de saber.
Depois do vazamento seletivo teremos a “notícia seletiva”?
O “podemos esconder, se achar melhor”.
tacla

Ué, Dr. Moro, delator vale contra Lula mas não contra seus amigos?

Ué, Dr. Moro, delator vale contra Lula mas não contra seus amigos?

A matéria da Folha, assinada por Monica Bergamo, dizendo que o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, atualmente na Espanha, acusa o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento do juiz Sergio Moro de ter pedido R$ 5 milhões para “melhorar” – ou seja, reduzir – sua condenação e a multa de R$ 15 milhões.
Moro reagiu dizendo que acha “”lamentável que a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”.
Mas Doutor, o senhor não acaba de usar a “a palavra de um acusado, réu, condenado” para condenar Lula pela “propriedade” de um apartamento que ninguém tem provas de que é dele?
Não seria assim, para usar a expressão “cognição sumária” que o senhor tanto aprecia,  inverosssímil que o tal Zuccoloto, seu habitué, padrinho de casamento, integrante de um escritório de que sua mulher também foi sócia, tenha sido, como o senhor admite, contratado para uma simples ” extração de cópias de processo de execução fiscal por pessoa talvez ligada a Rodrigo Tacla Duran em razão do sobrenome (Flávia Tacla Duran) e por valores módicos”? Ou seja, para tirar xerox?
Leia o que narra Monica, na sua coluna:
No texto publicado [por Duran Tacla] na internet, ele afirma que, entre março e abril de 2016, tratou das investigações da Lava Jato com Zucolotto. O escritório do advogado atuava havia dois anos como correspondente da banca Tacla Duran Advogados Associados, no acompanhamento de audiências trabalhistas e execuções fiscais.
“Carlos Zucolotto então iniciou uma negociação paralela entrando por um caminho que jamais imaginei que seguiria e que não apenas colocou o juiz Sergio Moro na incômoda situação de ficar impedido de julgar e deliberar sobre o meu caso, como também expôs os procuradores da força-tarefa de Curitiba”, escreveu Duran.
Ele diz que estava nos EUA e que, por isso, a correspondência entre os dois ocorria através do aplicativo de mensagens Wickr, que criptografa e pode ser programado para destruir conversas.
“Ao se prontificar a me ajudar”, segue, “Zucolotto explicou que a condição era não aparecer na linha de frente. Revelou ter bons contatos na força-tarefa e poderia trabalhar nos bastidores”.
Antes que Zucolotto entrasse no circuito, segundo ainda o texto de Duran, o procurador Roberson Pozzobon teria proposto que ele pagasse uma multa de US$ 15 milhões à Justiça. Duran diz que não aceitava a proposta.
“Depois de fazer suas sondagens, Zucolotto conversou comigo pelo Wickr“, afirma o ex-advogado da Odebrecht.
Na suposta correspondência, Zucolotto afirma ter “como melhorar” a proposta de Pozzobon. Diz também que seu “contato” conseguiria “que DD [Deltan Dallagnol]” entrasse na negociação.
Ainda segundo Duran, a ideia de Zucolotto era alterar o regime de prisão de fechado para domiciliar e diminuir a multa para um terço do valor, ou seja, US$ 5 milhões.
“E você paga mais um terço de honorários para poder resolver isso, me entende?”, teria escrito Zucolotto, segundo a suposta transcrição da correspondência entre eles. “Mas por fora porque tenho de resolver o pessoal que vai ajudar nisso.”
Já pensou se, por conta de uma “delação” destas o senhor amanhece com o japonês da Federal à porta?
É claro que a informação de Tacla não é prova suficiente para indiciar ninguém – menos ainda para condenar. E mesmo que ele tenha provas do envolvimento de Zuccoloto – diz que trocou mensagens com Tacla – isso não quer dizer que o senhor ou os procuradores com os quais ele contaria para “amaciar” a sentença sejam, automaticamente, culpados de qualquer tipo de extorsão.
Não, o senhor tem a presunção da inocência e o direito a sua imagem.
Mas imagine o tal Tacla dizendo isso no Jornal Nacional. Pense no seu amigo Zoccoloto perseguido por repórteres, confirmando na TV que é seu padrinho de casamento e que faz passeios com o senhor, como bom amigo? E se de fato houver mensagens entre ele e Tacla, a imagem delas, com os tais US$ 5 milhões (dez triplex do Guarujá, quase)…
Quem sabe, talvez, um powerpoint em cadeia nacional, com setas partindo de Tacla para Zuccoloto e daí para o senhor, sua mulher, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, os dois outros  membros do MP, para a tal mensagem e para o “DD”…
Xi…
Que dano isso causaria, não é? Ainda mais quando já se vêem desgastes na sua condição de “deus público”, como registra a pesquisa Ipsos/Estadão…
Se Tacla fosse  Lula e o advogado acusado de extorsão fosse padrinho de casamento do ex-presidente, ex-sócio de D. Marisa e íntimo da família a acusação seria uma bomba, né? Tacla ganharia, não duvido, até o perdão judicial pelas falcatruas que, supostamente, tenha cometido.
Mas como é contra procuradores da Lava Jato e com suspeitas sobre uma eventual sentença sua, não vem ao caso? Para usar uma antiga expressão do Direito, Doutor, o fogo não arde na Pérsia como arde na Grécia?
Nisso tudo, Doutor Moro, só há uma coisa que está provada. É que, como o senhor não é acusado de nada, apenas seu amigo e dois promotores são, indiretamente, nada justifica um juiz sair da isenção sobre um caso que, em tese, está sob sua jurisdição – Tacla é seu foragido – e ir aos jornais defender o compadre.
Desculpe, Doutor, por mais corrupto que venha a ser o ex-advogado da Odebrecht, a confirmar-se o que diz, há uma notitia criminisespontânea – basta o noticiário dos jornais – que deve ser objeto de investigação. Que o senhor, independente do MP, tem autoridade para solicitar à autoridade policial.
Por muito menos o senhor quebrou sigilos fiscais e telefônicos, não é?
Ah, e uma coisa mais, Doutor, Tacla não está levantando ” suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça”, está levantando suspeitas contra operadores do Direito, o que é inteiramente diferente, mesmo que eles sejam promotores. Nem eles, nem o senhor são “a Justiça”. Não a usurpe, por favor, transferindo-a para a sua figura e a de seus amigos.

COPIADO http://www.tijolaco.com.br/

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