"Nem sei quanto custa um tatame" Após UOL denunciar laranja, governo cancela verba para confederação

Divulgação/World Tatami "Nem sei quanto custa um tatame" Após UOL denunciar laranja, governo cancela verba para confederação 
(Divulgação/World Tatami)
O Ministério do Esporte resolveu cancelar o convênio firmado no mês passado com a Confederação Brasileira de Lutas Submission (CBLS), que no passado já fraudou a Bolsa Atleta. A decisão da pasta foi tomada depois que o Olhar Olímpico denunciou que o convênio tinha indícios claros de superfaturamento. O que sensibilizou o governo, porém, foi o presidente da entidade confirmar que é um “laranja”.
O convênio, liberado dia 17, partiu de emenda dos deputados Márcio Marinho (PRB-BA) e Erivelto Santana (PEN-BA), que uma semana depois se ausentaram na votação sobre a abertura de denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados, enquanto que a liderança do governo cobrava presença maciça no plenário. Leonardo Picciani (PMDB-RJ), ministro do Esporte, chegou a ser exonerado para ajudar a salvar o presidente na Câmara.
Foi ele quem autorizou o convênio com a CBLS, assinado também por José Carlos Santos, o Joca, presidente da CBLS. No último dia 25, o blog conversou com Joca, que disse não resolver nada pela entidade. “Quem dá as ordens é o (Elisio) Macambira. Eu só assino papéis”, afirmou. Questionado se ele é um “laranja”, respondeu com outra pergunta: “Quem não é laranja hoje em dia?”. Joca ainda disse que desconhecia o convênio, que ele assinou. “Eu nem sei quanto custa um tatame, você está me entendendo?”
Elisio Macambira é o fundador da CBLS, uma entidade que, em seu site, diz como ter como filiadas todas as federações estaduais de wrestling, modalidade com algumas semelhanças. As entidades consultadas negam essa relação. Na prática, a CBLS não tem associados, o que permite que Macambira coloque no cargo quem o interessar. No ano passado, ele deixou a função, depois de usar a confederação para fraudar o Bolsa Atleta, indicando seu filho por uma competição que o jovem não disputou.
Quando assinou o convênio com a CBLS para a compra de 17 tatames a serem entregues em cidades baianas, o Ministério do Esporte logicamente conhecia esse caso de fraude, da mesma forma que tinha conhecimento de outra denúncia feita pelo Olhar Olímpico, sobre a realização de um evento fraudulento no interior da Bahia. Clique aqui para relembrar.
Mesmo assim, quando questionado pelo blog, o Ministério do Esporte disse que aprovou o novo convênio após a análise técnica da documentação e informou que, se forem encontradas irregularidades na prestação de contas, a entidade será notificada para a devolução de recursos públicos ao erário.
As declarações do presidente/laranja, porém, sensibilizaram a pasta, que cancelou o convênio antes de repassar os R$ 600 mil combinados em contrato. Além disso, o Ministério do Esporte diz que vai enviar um fiscal à Bahia para checar os locais indicados para receber os tatames. Uma busca da reportagem no Google Maps deixa claro que nenhum deles é uma academia, ginásio ou qualquer outro local de prática esportiva.
Pelo convênio, a CBLS pagaria R$ 551 por m² de tatame, apenas sete meses depois de uma empresa que fica no mesmo endereço da confederação comprar tatames por R$ 67 o m² para realizar outro convênio com o Ministério do Esporte.
Convênio esse, firmado entre a pasta e o município de Itatim que, aliás, também foi alvo de reportagem do Olhar Olímpico. O evento custou R$ 1,6 milhão aos cofres públicos, mas saiu muito menor do que o prometido. Além disso, quase todo o montante foi gasto na contratação de uma só empresa, a ELS Promoções, que também já foi de Elisio.
O Ministério do Esporte diz que enviou fiscais ao evento, realizado em março, e estes identificaram diversas inconsistências com a prestação de contas apresentada. A pasta aguarda as explicações da prefeitura para glosar a municipalidade – ou seja, caberia a Itatim devolver o dinheiro, que agora já foi parar na empresa que era de Macambira.
copiado https://noticias.uol.com.br/

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