Um olhar sobre as pesquisas Saúde suprema por exemplo, quanto gasta, por mês, em média, cada ministro, “por se tratar de tema relativo à intimidade”. Segundo o STF, o Conselho Deliberativo, presidido pela ministra Rosa Weber, monitora a gestão do plano. É possível saber, no entanto, que entre janeiro e outubro deste ano, o total de despesas dos 11 ministros ativos, 19 ministros inativos e 21 dependentes – portanto, 51 pessoas – somou R$ 400 mil reais. No total, o plano custou, no período, R$ 24,4 milhões. As despesas são tão elevadas que algumas vezes até superam as receitas anuais. Detalhe: o STF-Med não é mantido apenas pelas contribuições dos beneficiários, mas também por dinheiro público.



Um olhar sobre as pesquisas



Elza Fiuza/ Agência Brasil
Uma análise mais detalhada da mais recente pesquisa Datafolha, publicada em outubro, mostra que continua viva a máxima do velho craque Didi: treino é treino e jogo é jogo. Estamos ainda na fase do treino, como mostram informações desta pesquisa. A primeira e mais importante: 66% dos brasileiros não sabem em quem votar ou estão decididos votar em branco ou anular, enquanto 34% declararam ter candidato. Estes dados estão logo no início da pesquisa, quando os pesquisadores mediram a intenção de voto espontânea indagando aos 2.772 entrevistados em quem pretendiam votar para presidente no ano que vem.
Faltando um ano para a eleição, a grande maioria dos brasileiros não está pensando no assunto e isto é normal. Por isso, a pesquisa espontânea, de acordo com especialistas, costuma refletir melhor a realidade das escolhas, certezas e incertezas. Lula tem 18% das menções e Bolsonaro 9%. Isso é bom ou ruim? Muito ou pouco? Para um candidato que disputou cinco eleições, venceu duas, governou o país por oito anos e nunca saiu da mídia, os 18% de Lula não representam tanto. Já os 9% de Bolsonaro representam muito, porque ele sempre foi deputado, não tem a simpatia da grande mídia e tem feito campanha pelas redes sociais e com grupos de voluntários. Ambos representam ainda os extremos desta disputa.
Na parte das perguntas estimuladas, onde Lula aparece com 35% das intenções de voto e os que não votariam ou não sabem são 18%, algumas coisas chamam atenção. A primeira: o Datafolha trabalhou com oito cenários diferentes quando pediu aos eleitores que indicassem em quem votariam. Do universo pesquisado, 70% são brasileiros das classes C, D e E com menor nível de escolaridade e de renda. Isso exige dos pesquisadores muito treino para impedir que o entrevistado comece a responder “no automático”. A segunda: foram feitas 19 perguntas para os eleitores, tornando o questionário longo e cansativo para grande parte dos entrevistados, mas 12 delas não foram divulgadas no relatório final.



Lula e eleitor do PT.

A pergunta 19 da pesquisa Datafolha é sobre quais são os aspectos mais importantes que o eleitor leva em conta hora de escolher um candidato. O perfil surgido desta pergunta mostra que os brasileiros querem alguém que nunca tenha se envolvido em casos de corrupção (87%), tenha experiência administrativa (79%) e tenha um passado político conhecido (65%). Estes são os três mais relevantes. Indicam que o eleitorado cansou do mesmo e pretende escolher – ou neste momento sonha escolher – alguém que não tenha relação com a velha política. Querem algo novo, “descontaminado” e o candidato que conseguir encarnar isso vencerá, como aconteceu com Collor em 1989.
Há ainda outro aspecto que não foi captado pela pesquisa Datafolha. O peso das redes sociais na política e sua influência na escolha dos candidatos. O melhor exemplo deste fenômeno é justamente Bolsonaro, que consegue arrancar 9% de intenções espontâneas trabalhando basicamente com as redes sociais. Não se sabe o efeito negativo ou positivo das redes sociais em outras candidaturas como a do próprio Lula. Quem mergulha nos números da pesquisa Datafolha a concluiu que o jogo ainda não começou. Só agora, no último minuto, o Congresso definiu as regras da eleição de 2018 e como as campanhas serão financiadas. Portanto, que ninguém se impressione com os resultados das pesquisas até aqui,, porque revelam mais incertezas do que certezas.

Saúde suprema


"Justiça Cega", esculturura de Alfredo Cescchiti, na ante-sala do plenário do Supremo Tribunal Federal.
Num país onde a saúde pública é sabidamente precária e o atendimento particular escorchante, a mais alta Corte do país, responsável inclusive por julgar abusos do setor privado, vive na redoma de um sistema à prova de sustos: um plano de saúde exclusivo, o STF Med (Plano de Assistência à Saúde e Benefícios Sociais do STF), que possui nada menos que 4,1 mil beneficiários. Um privilégio atípico para os padrões a que se acostumou a viver – e adoecer – o resto da população brasileira. É que, além de garantir a cobertura de todos os ministros, os 11 ativos e os aposentados, o plano estende os benefícios a seus parentes, diretos e indiretos, dependentes econômicos e agregados, além de servidores ativos e inativos do quadro permanente. Mais ocupantes de cargo em comissão, servidores cedidos e aqueles em exercício provisório.

Como se trata de um plano de auto-gestão, a chamada Secretaria de Gestão do STF-Med controla tudo – e não informa, por exemplo, quanto gasta, por mês, em média, cada ministro, “por se tratar de tema relativo à intimidade”. Segundo o STF, o Conselho Deliberativo, presidido pela ministra Rosa Weber, monitora a gestão do plano. É possível saber, no entanto, que entre janeiro e outubro deste ano, o total de despesas dos 11 ministros ativos, 19 ministros inativos e 21 dependentes – portanto, 51 pessoas – somou R$ 400 mil reais. No total, o plano custou, no período, R$ 24,4 milhões. As despesas são tão elevadas que algumas vezes até superam as receitas anuais. Detalhe: o STF-Med não é mantido apenas pelas contribuições dos beneficiários, mas também por dinheiro público. A dependência aos recursos da União é expressiva, em torno de 40% das receitas totais do plano. Os gestores do plano dizem que estão “empreendendo esforços” para conduzir o plano à “dependência cada vez menor dos recursos orçamentários”.
As contribuições são mais do que razoáveis – variam, dependendo da idade, entre R$ 80,63 e R$ 436,37 para titulares e dependentes econômicos. Já entre beneficiários agregados, o valor varia de R$ 341,52 a R$ 1.147,87. Os recursos públicos custeiam despesas médicas e odontológicas realizadas por titulares e dependentes, com pagamentos diretos aos prestadores. Em algumas situações, é feito o ressarcimento das despesas aos servidores.
Têm acesso ao plano ministros em atividade e aposentados, servidores em atividade e aposentados, ocupantes de cargo em comissão sem vínculo efetivo com a Administração Pública, servidores cedidos ao STF e aqueles em exercício provisório no STF, além de pensionistas estatutários. E cônjuges ou companheiros, filhos, enteados, menores tutelados ou sob guarda judicial até 21 anos, pais e mães ou adotantes, bem como padrastos e madrastas e dependentes econômicos do beneficiário titular.
Em favor do STF, reconheça-se que, exceto pelos gastos dos ministros, não divulgados para preservá-los, apesar da função pública, informaram o que lhes foi pedido. O site do STF-Med também não pode ser acusado de pouca transparência. Numa comparação com alguns dos principais planos privados, é generoso em números. Se não é uma caixa preta, pode-se dizer, pelo menos, que o plano merece a vigilância da sociedade, que em sua maioria não conta com os benefícios acoplados a uma repartição pública que, em última instância, existe em função de 11 profissionais da Justiça.
Em 2013, O Globo publicou que o STF inflou a quantidade de beneficiários do plano de saúde do órgão para receber um repasse maior de recursos da União. Entre 2010 e 2013 – quando o STF-Med recebeu R$ 15 milhões por ano da União, em média -, a instância máxima do Judiciário informou à Secretaria de Orçamento Federal (SOF) que o STF-Med tinha entre 6,1 mil e 6,7 mil titulares, dependentes e agregados. Tinha, na verdade, os cerca de 4 mil que tem agora. A informação sobre o número de beneficiários é determinante para a previsão de recursos no Orçamento da União. O número real foi informado para o Orçamento de 2014, mas um acordo entre o STF e a SOF garantiu a mesma previsão de recursos de 2013: R$ 14,5 milhões.
O STF, vale lembrar, é o responsável por coibir abusos dos planos de saúde pagos pelos demais mortais. Até o fim deste mês, a Corte analisará, entre outras, a ação direta de inconstitucionalidade, proposta pela Confederação Nacional de Saúde, para questionar dispositivos da lei que dispõe sobre planos de saúde. O STF, em 2003, estabeleceu que continuam a depender de prévia anuência da Agência Nacional de Saúde (ANS) os reajustes de contratos firmados a partir dessa norma, com redação dada pela medida provisória. Pode rever isso agora. Em outro julgamento se discutirá se é constitucional a cobrança relativa ao ressarcimento pelos planos privados ao Sistema Único de Saúde – SUS, tendo em vista o atendimento prestado pela rede pública aos beneficiários de planos privados. Nada mal. É essencial evitar abusos de quem fatura tanto com a saúde. Resta saber se também não é preciso fazer melhor o dever de casa.
copiado https://osdivergentes.com.br

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