publicado em 03/06/2012 às 16h19:
Índios contestam governo Evo Morales em reunião com secretário-geral da OEA
Cochabamba
(Bolívia), 3 jun (EFE).- Os indígenas da Bolívia que protestam contra a
contrução de uma estrada no parque nacional Tipnis acusaram neste
domingo o presidente Evo Morales de violar seus direitos, numa reunião
com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José
Miguel Insulza.
Dirigentes nativos do movimento se reuniram com Insulza por mais de
uma hora no hotel de Cochabamba onde, nas próximas horas, será realizada
a 42ª Assembleia Geral da OEA. Eles levaram ao secretário seu protesto
contra a construção de uma rodovia financiada pelo Brasil que irá
dividir a reserva natural do Tipnis
"Os direitos dos povos indígenas e também do povo boliviano estão
sendo violados por este governo. Ninguém pode dizer nada contra (o
governo), senão é perseguido e processado", acusou o ativista indígena
Fernando Vargas, líder das etnias do Tipnis.
"Não se trata aqui expressamente de um projeto de estrada, mas da
vida dos povos indígenas, dessa violação que viemos sofrendo", insistiu o
dirigente, que lidera uma passeata que os indígenas fazem da Amazônia a
La Paz para exigir a Morales que desista da obra, a cargo da
empreiteira brasileira OAS.
É a segunda passeata de indígenas da Amazônia em menos de um ano.
Entre agosto e outubro de 2011, a primeira manifestação pressionou
Morales a promulgar uma lei que proíbe a estrada, mas o presidente se
arrependeu e voltou atrás.
Segundo Vargas, Insulza lhes prometeu pedir relatórios ao governo
Morales sobre as investigações realizadas até agora acerca da repressão
policial sofrida pelos indígenas no dia 25 de setembro passado, durante a
primeira passeata.
O líder indígena acusou o governo de La Paz de não ter feito "nada
até agora" para esclarecer por que houve essa operação que derivou em
uma crise de gabinete, com várias renúncias nos ministérios de governo e
Defesa.
As tribos amazônicas alegam que o Tipnis representa uma reserva
ecológica de grande valor por sua extraordinária fauna e flora e corre o
risco de ser invadido pelos produtores de folha de coca, matéria-prima
da cocaína, da região divisória de Chapare, reduto político e sindical
de Morales.
Os líderes indígenas também pediram a Insulza uma reunião com a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) - ligada à OEA -
durante a 42ª Assembleia Geral do organismo, que se prolongará até
terça-feira, para explicar suas reivindicações. EFE
ja/sa
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