Protestos no Egito contra absolvição de seis ex-chefes da Polícia
CAIRO (AFP)
Milhares de egípcios saíram às ruas para protestar contra as sentenças proferidas no julgamento do presidente deposto Hosni Mubarak, no qual foram absolvidos seis ex-chefes da polícia, no mesmo dia em que o promotor-geral anunciou que apelará dos veredictos.
A agência oficial Mena anunciou que cinco dos seis ex-chefes da segurança serão libertados neste domingo.
Mubarak foi condenado à prisão perpétua, embora a promotoria tenha pedido a pena de morte. A mesma sentença foi proferida contra o seu ministro do Interior Habib el Adli, mas seis ex-chefes de sua polícia foram absolvidos.
Os serviços da Promotoria informaram neste domingo que o promotor "ordenou que fossem iniciados os procedimentos de apelação".
A fonte não indicou se o recurso será aplicado apenas às absolvições ou também ao restante das sentenças.
Todos os acusados foram julgados pela sangrenta repressão da revolta contra o regime no início de 2011, que deixou oficialmente cerca de 850 mortos.
A justiça declarou prescritas as acusações por corrupção contra os filhos de Mubarak, Alaa e Gamal. Eles permanecem, no entanto, detidos à espera de outro julgamento por desvio de fundos.
A promotoria foi muito criticada pela maneira como apresentou seu caso durante o julgamento que, segundo os advogados das famílias das vítimas, não era muito sólido.
A defesa de Mubarak anunciou que também apelará da decisão e disse estar segura de que terá êxito, o que provocou o temor entre os manifestantes de que o ex-presidente possa ser absolvido.
Neste domingo, centenas de pessoas protestavam na Praça Tahrir do Cairo contra a absolvição de seis chefes policiais. No sábado, dezenas de milhares de pessoas protestaram na capital e em outras cidades do país.
"Pensamos em ficar hoje e, talvez, amanhã. Esperamos muitas pessoas durante o dia", afirmou à AFP um manifestante, Omar Abdelkader.
"Muitas pessoas tiveram a sensação, ao ouvir o veredicto, de que tínhamos voltado à época do antigo regime", considerou Feda Esam, um estudante presente na praça.
Absolvição de ex-autoridades de segurança
Os manifestantes montaram um pequeno monumento funerário que reproduzia um cemitério em miniatura com tumbas de pedra em homenagem aos "mártires" mortos na praça durante a revolta contra Mubarak.
Em uma faixa era possível ler: "Mártires, em nome de seu sangue teremos uma nova revolução".
Alguns consideram o veredicto brando demais e exigem a morte por enforcamento de Mubarak, como havia pedido a promotoria durante o julgamento.
Mas as reações mais fortes foram provocadas pela absolvição dos seis ex-chefes das forças de segurança de Mubarak, considerada um sinal da impunidade de uma polícia muito criticada, acusada de violações em grande escala dos direitos humanos.
Cinco dos seis ex-altos funcionários egípcios da segurança serão libertados neste domingo, informou a agência oficial Mena.
A sexta autoridade, o ex-chefe da Segurança do Estado hoje dissolvida, Hasan Abdel Rahman, permanecerá na prisão à espera do término da investigação sobre a destruição de documentos neste serviço, muito temido na época de Mubarak, indicou a agência.
Mubarak, de 84 anos, passou a noite na ala médica da prisão de Tora, um bairro da periferia sul do Cairo, depois de ter permanecido em prisão preventiva em um hospital militar até a sentença.
Primeiro líder deposto pela "Primavera Árabe" a comparecer pessoalmente diante da justiça, Mubarak era julgado desde 3 de agosto de 2011 e se declarou inocente. Um de seus advogados anunciou no sábado à AFP que seu cliente apelará da decisão.
A conclusão desse julgamento deixou mais tenso o ambiente do segundo turno das eleições presidenciais, previsto para 16 e 17 de junho, que terá o confronto entre o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, e o último primeiro-ministro de Mubarak, Ahmed Shafiq. Copiado :http://www.afp.com/
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