ONU publica texto final da Rio+20
Documento precisa ainda da aprovação de plenária nesta tarde.
Porta-vozes da ONU confirmam ao G1 que não haverá mais mudanças.
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Primeira página do texto final publicado pela ONU,
com numeração e código de barras. (Foto: Reprodução)
O texto final da Rio+20, intitulado "O futuro que queremos", foi
publicado no site oficial da conferência da ONU sobre desenvolvimento
sustentável, que termina nesta sexta-feira, 22 (leia o documento, traduzido para os idiomas oficiais da ONU: inglês, espanhol, árabe, russo, francês e chinês).com numeração e código de barras. (Foto: Reprodução)
Até as 14h, o texto ainda não havia sido formalmente aprovado pelos representantes dos mais de 190 países reunidos no Rio desde a semana passada. Mas os dois principais porta-vozes da conferência, Giancarlo Summa e Nikhil Chandavarkar, confirmaram ao G1 que a versão publicada no site, com data de quinta, 21, é a final (o número oficial do documento é A/CONF.216/L.1).
A aprovação do texto está prevista para ocorrer nesta sexta.
"O Itamaraty se assegurou, costurou tudo, fechou. Já podemos usar aquilo [o documento numerado] porque eles vão adotar hoje. Já está pronto", disse Nikhil Chandavarkar, chefe de comunicação da Rio+20, ressaltando o fato de que o documento já foi traduzido. "Eles (a ONU) não traduzem à toa."
Trecho criticado por ONGs é mantidoDe acordo com Chandavarkar, em relação ao rascunho fechado na terça-feira (19), houve apenas mudanças de formatação, não de conteúdo. Foi mantido, inclusive, o trecho "com total participação da sociedade civil", que ONGs haviam pedido para ser retirado porque consideram que foram excluídas do processo de construção do documento.
O propósito da Rio+20 era formular um plano para que a humanidade se desenvolvesse de modo a garantir vida digna a todas as pessoas, administrando os recursos naturais de modo que as gerações futuras não sejam prejudicadas. Se esse objetivo foi alcançado, é um tema polêmico - muitos observadores e representantes da sociedade civil acreditam que não.
O documento prevê, entre outras medidas, a criação de um fórum político de alto nível para o desenvolvimento sustentável dentro das Nações Unidas, além de reafirmar um dos Princípios do Rio, criado em 1992, sobre as “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. Este princípio significa que os países ricos devem investir mais no desenvolvimento sustentável por terem degradado mais o meio ambiente durante séculos.
Mais do que ações efetivas, o documento aprovado nesta sexta-feira (21) pelos países define o início de uma série de processos de negociação, entre eles o fortalecimento do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Pnuma) e o estabelecimento de um mecanismo jurídico dentro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Unclos, na sigla em inglês) que estabelece regras para conservação e uso sustentável dos oceanos.
PobrezaO texto estabelece a erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta e recomenda que “o Sistema da ONU, em cooperação com doadores relevantes e organizações internacionais”, facilite a transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento.
Esse sistema atuaria para facilitar o encontro entre países interessados e potenciais parceiros, ceder ferramentas para a aplicação de políticas de desenvolvimento sustentável, fornecer bons exemplos de políticas nessas áreas e informar sobre metodologias para avaliar essas políticas.
Por atender restrições de países com visões muito diferentes, o texto da Rio+20 tem sido criticado por avançar pouco: não especifica quais são os objetivos de desenvolvimento sustentável que o mundo deve perseguir, nem quanto deve ser investido para alcançá-los, e muito menos quem coloca a mão no bolso para financiar ações de sustentabilidade. O que o documento propõe são planos para que esses objetivos sejam definidos num futuro próximo (veja abaixo um quadro com o que foi negociado).
Por sua vez, antes mesmo da ratificação pelos chefes de Estado, integrantes da sociedade civil assinaram uma carta endereçada aos governantes intitulada “A Rio+20 que não queremos”, na qual classificam o texto da conferência de “fraco”.
“O documento intitulado 'O Futuro que Queremos' é fraco e está muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio 92. Está muito aquém, ainda, da importância e da urgência dos temas abordados, pois simplesmente lançar uma frágil e genérica agenda de futuras negociações não assegura resultados concretos”, afirma o documento, assinado por mais de mil ambientalistas e representantes de organizações não-governamentais.
A carta diz ainda que a Rio+20 passará para a história como uma conferência das Nações Unidas que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por “graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos.”
O documento termina dizendo que a sociedade civil não ratifica o texto da Rio+20. “Por tudo isso, registramos nossa profunda decepção com os chefes de Estado, pois foi sob suas ordens e orientações que trabalharam os negociadores, e esclarecemos que a sociedade civil não compactua nem subscreve esse documento”, conclui a carta.
O que vinha sendo negociado |
Como ficou o texto final |
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CBDR – sigla em inglês para Responsabilidades
Comuns Mas Diferenciadas, princípio que norteia as negociações de
desenvolvimento sustentável. O princípio oficializa que se espera dos
países ricos maior empenho financeiro para implementação de ações, pelo
fato de virem degradando o ambiente há mais tempo e de forma mais
intensa. |
Havia rumores de que os países ricos queriam tirar esse princípio do texto, mas ele permaneceu. |
Fortalecimento do Pnuma – cogitava-se transformar
o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em uma instituição
com status de agência da ONU, como é a FAO (de Alimentação). |
O texto prevê fortalecimento do Pnuma, mas não especifica
exatamente como. O assunto deve ser resolvido na Assembleia Geral da ONU
em setembro. |
Oceanos – Era uma das áreas em que se esperava
mais avanço nas negociações, porque as águas internacionais carecem de
regulamentação entre os países. |
A negociação avançou e o texto adota um novo instrumento
internacional sob a Convenção da ONU sobre os Direitos do Mar (Unclos),
para uso sustentável da biodiversidade e conservação em alto mar. |
Meios de Implementação – questão-chave para os
países com menos recursos, significa na prática o dinheiro para ações de
desenvolvimento sustentável. Os países pobres propuseram a criação de
um fundo de US$ 30 bilhões/ano a ser financiado pelos ricos. |
Avançou pouco. O fundo de US$ 30 bilhões não virou realidade. “A
crise influenciou a Rio+20”, admitiu o embaixador brasileiro André
Corrêa do Lago. |
ODS – Os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, metas a serem perseguidas pelos países para avançar
ambiental, política e socialmente, eram uma das grandes cartadas para a
Rio+20. |
Os objetivos não foram definidos. Inicia-se apenas um processo
para rascunhar quais devem ser as metas até 2013. Elas então devem ser
definidas para entrarem em vigor em 2015, quando terminam os Objetivos
do Milênio. |
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Rio+20 teve 2,6 vezes mais participantes que a Eco 92, diz ONUBalanço das Nações Unidas mostra 45.381 credenciais emitidas. No Twitter, entrada '#Rio+20' apareceu mais de um bilhão de vezes.há 4 horas
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Cúpula dos Povos se diz frustrada com documento final da Rio+20O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, recebeu o documento elaborado pela Cúpula dos Povos. Hillary Clinton, secretária de estado americana, anunciou programa de financiamento de energia limpa.COPIADO : http://g1.globo.com/
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