Especialista:
reportagem revela evidências geográficas importantes da correlação
entre mortalidade por câncer e suicídio e grupos de municípios
produtores de tomate
Os
avanços científicos e tecnológicos do último quarto de século permitem
que a informação atual incorpore um outro olhar: o geográfico
Os avanços científicos e tecnológicos do último quarto de século
permitem que a informação atual incorpore um outro olhar: o geográfico.
Google it! a expressão que se tornou referência da procura de
informações na web remete também às buscas no Google Maps e no Google
Earth. Os sistemas de GPS estão plenamente integrados ao nosso dia a dia
nos celulares, tablets e receptores automotivos por aí afora.
Essa
extraordinária revolução inaugurou uma nova era de
inter-multi-transdiciplinaridade. Uma enorme quantidade de dados aguarda
nossa investigação técnico-científica. O aperfeiçoamento de sistemas de
informações georeferenciadas associados a técnicas de modelagem
estatística espacial possibilitam análises integradas de contextos
político, social, econômico e ambiental. À especialização do
conhecimento, observada no século passado, soma-se atualmente o esforço
da integração entre áreas temáticas tradicionais e novas.
Assim
como o conhecimento acadêmico-científico interage entre si, e se torna
cada vez mais disseminado, também a distância entre a ciência e o
jornalismo científico tende a diminuir. A análise espacial da
mortalidade por câncer e sua relação com o uso do agrotóxico feita nesta
reportagem é um exemplo desta aproximação. Há um grande número de
técnicas que podem ser empregadas para a mensuração e análise das
relações espaciais. Neste caso, foram empregados os índices de
autocorrelação espacial e os mapas de cluster, que pertencem ao rol das
estatísticas espaciais. Sua aplicação é amplamente utilizada em análises
demográficas, sociais, políticas, econômicas e ambientais;
particularmente em estudos de saúde pública, epidemiologia,
criminologia, geografia eleitoral, mudanças climáticas, desigualdades
sócio-espaciais, entre outros. São técnicas perfeitamente utilizáveis
por jornalistas, comunicadores, assistentes sociais e outros grupos
profissionais que podem contribuir com a produção e disseminação de
informações metodologicamente consistentes.
Este exercício
exploratório não permite dizer que o uso de agrotóxico elevou a
mortalidade por câncer. Não há uma série histórica, não é uma
investigação científica. Entretanto revela evidências geográficas
importantes de uma correlação entre os dois fatores. De que forma? As
correlações entre as taxas de mortalidade por câncer e suicídio e as
regiões formadas por grupos de municípios produtores de tomate são altas
e estatisticamente significativas.
Na minha família materna o
câncer é uma doença recorrente. Meu avô e minha mãe faleceram. Outros
dois tios, um deles oncologista, lutam contra a doença. Minha avó, que
aos 94 anos continua testemunhando esta saga, tenta me animar dizendo
que é uma doença da moda: a Ana Maria Braga tem, o Gianechini tem...
Enquanto cientista política e integrante do grupo de risco penso que
precisamos de todo tipo de informação com embasamento técnico-científico
que contribua com esta luta.
Sonia Terron é coordenadora do
Espacio Alacip, Grupo de Pesquisa em Análise Espacial na América Latina,
vinculado à Associação Latinoamericana de Ciência Política
Os avanços científicos e tecnológicos do último quarto de século
permitem que a informação atual incorpore um outro olhar: o geográfico.
Google it! a expressão que se tornou referência da procura de
informações na web remete também às buscas no Google Maps e no Google
Earth. Os sistemas de GPS estão plenamente integrados ao nosso dia a dia
nos celulares, tablets e receptores automotivos por aí afora.
Essa extraordinária revolução inaugurou uma nova era de inter-multi-transdiciplinaridade. Uma enorme quantidade de dados aguarda nossa investigação técnico-científica. O aperfeiçoamento de sistemas de informações georeferenciadas associados a técnicas de modelagem estatística espacial possibilitam análises integradas de contextos político, social, econômico e ambiental. À especialização do conhecimento, observada no século passado, soma-se atualmente o esforço da integração entre áreas temáticas tradicionais e novas.
Assim como o conhecimento acadêmico-científico interage entre si, e se torna cada vez mais disseminado, também a distância entre a ciência e o jornalismo científico tende a diminuir. A análise espacial da mortalidade por câncer e sua relação com o uso do agrotóxico feita nesta reportagem é um exemplo desta aproximação. Há um grande número de técnicas que podem ser empregadas para a mensuração e análise das relações espaciais. Neste caso, foram empregados os índices de autocorrelação espacial e os mapas de cluster, que pertencem ao rol das estatísticas espaciais. Sua aplicação é amplamente utilizada em análises demográficas, sociais, políticas, econômicas e ambientais; particularmente em estudos de saúde pública, epidemiologia, criminologia, geografia eleitoral, mudanças climáticas, desigualdades sócio-espaciais, entre outros. São técnicas perfeitamente utilizáveis por jornalistas, comunicadores, assistentes sociais e outros grupos profissionais que podem contribuir com a produção e disseminação de informações metodologicamente consistentes.
Este exercício exploratório não permite dizer que o uso de agrotóxico elevou a mortalidade por câncer. Não há uma série histórica, não é uma investigação científica. Entretanto revela evidências geográficas importantes de uma correlação entre os dois fatores. De que forma? As correlações entre as taxas de mortalidade por câncer e suicídio e as regiões formadas por grupos de municípios produtores de tomate são altas e estatisticamente significativas.
Na minha família materna o câncer é uma doença recorrente. Meu avô e minha mãe faleceram. Outros dois tios, um deles oncologista, lutam contra a doença. Minha avó, que aos 94 anos continua testemunhando esta saga, tenta me animar dizendo que é uma doença da moda: a Ana Maria Braga tem, o Gianechini tem... Enquanto cientista política e integrante do grupo de risco penso que precisamos de todo tipo de informação com embasamento técnico-científico que contribua com esta luta.
Sonia Terron é coordenadora do Espacio Alacip, Grupo de Pesquisa em Análise Espacial na América Latina, vinculado à Associação Latinoamericana de Ciência Política
Essa extraordinária revolução inaugurou uma nova era de inter-multi-transdiciplinaridade. Uma enorme quantidade de dados aguarda nossa investigação técnico-científica. O aperfeiçoamento de sistemas de informações georeferenciadas associados a técnicas de modelagem estatística espacial possibilitam análises integradas de contextos político, social, econômico e ambiental. À especialização do conhecimento, observada no século passado, soma-se atualmente o esforço da integração entre áreas temáticas tradicionais e novas.
Assim como o conhecimento acadêmico-científico interage entre si, e se torna cada vez mais disseminado, também a distância entre a ciência e o jornalismo científico tende a diminuir. A análise espacial da mortalidade por câncer e sua relação com o uso do agrotóxico feita nesta reportagem é um exemplo desta aproximação. Há um grande número de técnicas que podem ser empregadas para a mensuração e análise das relações espaciais. Neste caso, foram empregados os índices de autocorrelação espacial e os mapas de cluster, que pertencem ao rol das estatísticas espaciais. Sua aplicação é amplamente utilizada em análises demográficas, sociais, políticas, econômicas e ambientais; particularmente em estudos de saúde pública, epidemiologia, criminologia, geografia eleitoral, mudanças climáticas, desigualdades sócio-espaciais, entre outros. São técnicas perfeitamente utilizáveis por jornalistas, comunicadores, assistentes sociais e outros grupos profissionais que podem contribuir com a produção e disseminação de informações metodologicamente consistentes.
Este exercício exploratório não permite dizer que o uso de agrotóxico elevou a mortalidade por câncer. Não há uma série histórica, não é uma investigação científica. Entretanto revela evidências geográficas importantes de uma correlação entre os dois fatores. De que forma? As correlações entre as taxas de mortalidade por câncer e suicídio e as regiões formadas por grupos de municípios produtores de tomate são altas e estatisticamente significativas.
Na minha família materna o câncer é uma doença recorrente. Meu avô e minha mãe faleceram. Outros dois tios, um deles oncologista, lutam contra a doença. Minha avó, que aos 94 anos continua testemunhando esta saga, tenta me animar dizendo que é uma doença da moda: a Ana Maria Braga tem, o Gianechini tem... Enquanto cientista política e integrante do grupo de risco penso que precisamos de todo tipo de informação com embasamento técnico-científico que contribua com esta luta.
Sonia Terron é coordenadora do Espacio Alacip, Grupo de Pesquisa em Análise Espacial na América Latina, vinculado à Associação Latinoamericana de Ciência Política
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