Israel e Hamas reivindicam vitória após cessar-fogo

Para Israel, operação foi um 'sucesso'; Hamas ofuscou Fatah e Mahmoud Abbas ao negociar acordo.
  • Um conflito, duas visões: O que pensam acadêmicos dos dois lados
  • Jornalista de Gaza descreve como é ver pela TV cidade sob ataque
  • Direto dos EUA: Cessar-fogo é oportunidade para ObamaAssistir01:54


    Atualizado em  22 de novembro, 2012 - 10:05 (Brasília) 12:05 GMT

    Mulheres em Gaza | Foto: BBC
    Milhares de pessoas foram às ruas de Gaza para comemorar o fim dos oito dias de conflito com Israel
    Após o início do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que entrou em vigor na noite desta quarta-feira, ambos os lados afirmam ter alcançado seus objetivos nos confrontos, que duraram oito dias e deixaram mais de 160 mortos – cinco deles no lado israelense.
    O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que decidiu aceitar a "recomendação" do presidente americano Barack Obama para um cessar-fogo depois que o país "alcançou" seus objetivos com a operação militar denominada Coluna de Nuvem.
    De acordo com o governo israelense os objetivos eram "restaurar a tranquilidade ao sul do país e recuperar o poder de dissuasão frente ao Hamas".
    O acordo, mediado pelo presidente egípcio, Mohammed Mursi, garante que os grupos palestinos irão parar de lançar foguetes contra o território israelense.
    Israel, por sua vez, se compromete a suspender os ataques à Faixa de Gaza e a possibilitar a abertura das passagens terrestres, tanto entre Israel e o território palestino, como a passagem entre Gaza e o Egito, em Rafah.
    O elemento principal no acordo, que havia sido rejeitado por Israel no inicio da negociação, mas acabou sendo incluido, consiste na vinculação do cessar-fogo com a abertura do bloqueio imposto à Faixa de Gaza.
    Após fortes pressões do governo americano, Netanyahu aceitou os termos do acordo e mandou suspender os planos de uma invasão terrestre à Faixa de Gaza.

    'Fracasso e resistência'

    O líder do Hamas, Haled Mashal, declarou que "a ofensiva israelense fracassou".
    Em anúncio após o cessar-fogo Mashal disse que "oito dias de combates obrigaram os lideres do inimigo a se render às nossas condições. A grande destruição que causaram não altera o fato de que a resistência venceu".
    Mashal também disse que "a conclusão é que a opção da resistência é a vitoriosa".

    Fatah e Hamas

    Há uma unanimidade de opinião entre analistas, tanto em Israel como nos territórios palestinos, de que o principal perdedor da última onda de violência é Mahmoud Abbas, o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e da Autoridade Nacional Palestina (ANP), assim como do Fatah, força política que governa a Cisjordânia.
    Considerado um movimento radical islâmico por Israel e os Estados Unidos, o Hamas passou a governar a Faixa de Gaza em 2007, e ao contrário do Fatah, não é reconhecido como um interlocutor para as conversas de paz.
    Abbas, que simboliza a estratégia de negociação com Israel e que lidera o movimento que apostou no processo de paz, ficou à margem dos acontecimentos, enquanto o grupo islâmico Hamas, que se opõe à existência de Israel, tornou-se o principal protagonista do lado palestino.
    Durante esses oito dias de confrontos o Hamas ganhou legitimidade internacional, e Israel realizou negociações com o grupo, implicitamente o reconhecendo como governo na Faixa de Gaza.
    Sufian Abu Zeida, um dos líderes do Fatah, que foi obrigado a fugir da Faixa de Gaza em 2007, quando o Hamas tomou à força o poder na região, expressou indignação com a atitude de Israel em entrevista ao canal 10 da TV israelense.
    "Abu Mazen (Mahmoud Abbas) vocês humilham e ignoram, mas o Hamas, que nem reconhece a existência de Israel, vocês respeitam e com eles vocês negociam", afirmou.
    De acordo com a jornalista Amira Hass, em artigo no diário israelense Haaretz, o Hamas conseguiu "manobrar a Faixa de Gaza como uma entidade separada, que se abrirá para o mundo árabe e islâmico".
    "Como parte da Irmandade Muçulmana, o Hamas consegue devolver a questão palestina ao foco da atenção internacional e também atua como uma força regional cuja opinião e capacidade devem ser levadas em consideração", afirma Hass. COPIADO http://www.bbc.co.uk/portuguese/

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