Milhares de pessoas foram às ruas de Gaza para comemorar o fim dos oito dias de conflito com Israel
Após o início do cessar-fogo
entre Israel e o Hamas, que entrou em vigor na noite desta quarta-feira,
ambos os lados afirmam ter alcançado seus objetivos nos confrontos, que
duraram oito dias e deixaram mais de 160 mortos – cinco deles no lado
israelense.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin
Netanyahu, disse que decidiu aceitar a "recomendação" do presidente
americano Barack Obama para um cessar-fogo depois que o país "alcançou"
seus objetivos com a operação militar denominada Coluna de Nuvem.
De acordo com o governo israelense
os objetivos eram "restaurar a tranquilidade ao sul do país e recuperar o
poder de dissuasão frente ao Hamas".
O acordo, mediado pelo presidente egípcio,
Mohammed Mursi, garante que os grupos palestinos irão parar de lançar
foguetes contra o território israelense.
Israel, por sua vez, se compromete a suspender
os ataques à Faixa de Gaza e a possibilitar a abertura das passagens
terrestres, tanto entre Israel e o território palestino, como a passagem
entre Gaza e o Egito, em Rafah.
O elemento principal no acordo, que havia sido
rejeitado por Israel no inicio da negociação, mas acabou sendo incluido,
consiste na vinculação do cessar-fogo com a abertura do bloqueio
imposto à Faixa de Gaza.
Após fortes pressões do governo americano,
Netanyahu aceitou os termos do acordo e mandou suspender os planos de
uma invasão terrestre à Faixa de Gaza.
'Fracasso e resistência'
O líder do Hamas, Haled Mashal, declarou que "a ofensiva israelense fracassou".
Em anúncio após o cessar-fogo Mashal disse que
"oito dias de combates obrigaram os lideres do inimigo a se render às
nossas condições. A grande destruição que causaram não altera o fato de
que a resistência venceu".
Mashal também disse que "a conclusão é que a opção da resistência é a vitoriosa".
Fatah e Hamas
Há uma unanimidade de opinião entre analistas,
tanto em Israel como nos territórios palestinos, de que o principal
perdedor da última onda de violência é Mahmoud Abbas, o líder da
Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e da Autoridade
Nacional Palestina (ANP), assim como do Fatah, força política que
governa a Cisjordânia.
Considerado um movimento radical islâmico por
Israel e os Estados Unidos, o Hamas passou a governar a Faixa de Gaza em
2007, e ao contrário do Fatah, não é reconhecido como um interlocutor
para as conversas de paz.
Abbas, que simboliza a estratégia de negociação
com Israel e que lidera o movimento que apostou no processo de paz,
ficou à margem dos acontecimentos, enquanto o grupo islâmico Hamas, que
se opõe à existência de Israel, tornou-se o principal protagonista do
lado palestino.
Durante esses oito dias de confrontos o Hamas
ganhou legitimidade internacional, e Israel realizou negociações com o
grupo, implicitamente o reconhecendo como governo na Faixa de Gaza.
Sufian Abu Zeida, um dos líderes do Fatah, que
foi obrigado a fugir da Faixa de Gaza em 2007, quando o Hamas tomou à
força o poder na região, expressou indignação com a atitude de Israel em
entrevista ao canal 10 da TV israelense.
"Abu Mazen (Mahmoud Abbas) vocês humilham e
ignoram, mas o Hamas, que nem reconhece a existência de Israel, vocês
respeitam e com eles vocês negociam", afirmou.
De acordo com a jornalista Amira Hass, em artigo
no diário israelense Haaretz, o Hamas conseguiu "manobrar a Faixa de
Gaza como uma entidade separada, que se abrirá para o mundo árabe e
islâmico".
"Como parte da Irmandade Muçulmana, o Hamas
consegue devolver a questão palestina ao foco da atenção internacional e
também atua como uma força regional cuja opinião e capacidade devem ser
levadas em consideração", afirma Hass. COPIADO http://www.bbc.co.uk/portuguese/
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