Confusão e indecisão ocidentais envolvem crise síriaPARIS (AFP)

30/08/2013 - 20:27


Em dois anos e meio, os ocidentais mostraram confusão e indecisão sobre como lidar com o conflito sírio, ignorando a influência russa, traçando uma linha vermelha que não foi respeitada, e até sofrendo reviravoltas, como a da Grã-Bretanha nesta quinta-feira, frente a uma eventual ação punitiva contra Damasco.
1º Ato: um início fracassado
"Pensávamos, no início, que o presidente Bashar al-Assad cairia rapidamente. Os russos acreditavam que a rebelião não avançaria, depois compreendemos que isso seria longo". Esta avaliação errada da situação, reconhecida atualmente por um diplomata ocidental, foi seguida por um desentendimento intransponível entre os aliados e Moscou.
A determinação russa de apoiar a qualquer custo o regime sírio é igual à dos ocidentais de exigir a sua saída, o que envenena a busca por uma solução política.
"Nós cometemos um grande erro, uma besteira, ao dizer desde o início que não negociaríamos sem a saída de Assad. Isso fez a conferência Genebra 1 fracassar", lamenta um diplomata francês.
2º Ato: uma oportunidade única perdida
A reunião internacional em Genebra, em 30 de junho de 2012, reúne principalmente russos e americanos sobre a perspectiva de um governo de transição na Síria, mas deixa em aberto o futuro do presidente sírio. Pouco depois, uma reunião dos Amigos da Síria, aliança de onze países, mas sem a Rússia, exigiu a saída de Bashar al-Assad. A declaração foi feita, apesar das advertências de Moscou, que temia manchar os esforços de paz, segundo uma fonte diplomática.
Em 19 de julho, Susan Rice, embaixadora dos Estados Unidos na ONU, apresenta ao Conselho de Segurança um projeto de resolução incriminando o chefe de Estado sírio. O projeto é, sem surpresa, vetado pela Rússia e China. É o terceiro veto desde o início da revolução e a prova da impotência das Nações Unidas.
3º Ato: a dupla armadilha da "linha vermelha" e de armas prometidas à oposição
Em 20 de agosto de 2012, o presidente americano Barack Obama alerta para as "enormes consequências" se a "linha vermelha" do uso de armas químicas na Síria for atravessada. Apesar de vários incidentes entre dezembro de 2012 e junho de 2013, nenhuma ação foi tomada em retaliação. E proibir as armas químicas parece significar que todos os outros meios de repressão são permitidos.
Devido à violência dos bombardeios do regime, que não poupam os civis, e para corrigir o desequilíbrio de força, França e Grã-Bretanha iniciam uma campanha para a retirada do embargo da UE sobre a transferência de armas para a rebelião. Mas temendo que elas caiam nas mãos de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda na Síria, os dois países renunciam a seu fornecimento.
4º Ato: agir sim, mas como e com quem?
Após 21 de agosto de 2013, os ocidentais não duvidam que a "linha vermelha" foi ultrapassada na periferia de Damasco e que o regime utilizou armas químicas. Mas têm dificuldades para encontrar uma resposta apropriada.
"Uma espécie de Berezina de intervencionismo ocidental auto-proclamado", resume o ex-chefe da diplomacia francesa Hubert Vedrine à BFM TV. Londres, até então a favor de uma resposta militar, voltou atrás, sob pressão do Parlamento. Restam agora Washington e Paris para levar uma possível ofensiva militar. Quanto à perspectiva de uma solução política, está no limbo, de acordo com diplomatas franceses, com um governo americano muitas vezes dividido.
"O que é surpreendente são as hesitações e contradições da política americana. Nossos parceiros americanos eram quem ditavam a lição há quinze anos. Hoje, eles estão mergulhados na incerteza, na dúvida", diz um diplomata francês.
O conflito na Síria "endureceu o confronto entre países e grupos de países, com a perspectiva de uma longa guerra civil, uma guerra de atrito e talvez de usura", acredita Jean-Claude Cousseran, ex-diplomata especializado em Oriente Médio.
"Estamos desarmados sobre como agir, sobre as soluções que podemos
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