Parlamento britânico rejeita moção do governo para atacar Síria

30/08/2013 - 02:44


LONDRES (AFP)
O Parlamento britânico rejeitou de forma surpreendente nesta quinta-feira uma proposta do governo de David Cameron que abria a porta para uma resposta militar contra o regime sírio por ter supostamente recorrido a armas químicas.
A oposição e vários deputados da coalizão governamental liberal-conservadora se uniram para derrotar a proposta do governo, embora o texto tenha chegado bastante suavizado ao Parlamento.
"Está claro que o Parlamento britânico não quer uma ação militar britânica", disse Cameron após a votação. "E o governo atuará em consequência disso", acrescentou.
A moção do governo foi rejeitada por 285 deputados e aprovada por 272. A rejeição não veio apenas da oposição, mas da própria coalizão governamental, que conta com 359 dos 650 assentos da Câmara dos Comuns. O resultado foi saudado com uma estrondosa ovação dos deputados, posteriormente repreendidos pelo presidente da Casa.
A Câmara dos Comuns se reuniu de urgência para discutir o texto do governo que abria caminho para o uso da força se ficasse comprovada a responsabilidade do regime sírio no ataque. Segundo a oposição síria, foram centenas de mortos.
No debate, houve muitas referências à invasão do Iraque em 2003, que terminou com a queda de Saddam Hussein, mas sem que houvesse provas da existência de armas de destruição em massa que serviram de justificativa para uma ação aprovada pelo então primeiro-ministro Tony Blair.
"A guerra do Iraque" e "o modo como se manipulou a informação de inteligência tornarão mais difícil para os governos tomar medidas no futuro", avisou Michael Howard, ex-líder dos conservadores, durante o debate.
Cameron admitiu que não está convencido de que o regime de Bashar al-Assad foi responsável pelo ataque químico de 21 de agosto. "Não há 100% de certeza sobre quem é o responsável" pelo ataque de 21 de agosto, disse.
"Não existe uma prova de inteligência determinante", continuou. "Mas acho que podemos estar tão seguros, quanto é possível estar, quando se trata de um regime que usou armas químicas em 14 ocasiões, que é, muito provavelmente, responsável por esse ataque em larga escala; que, se não se fizer nada, se chegará à conclusão de que se pode usar essas armas novamente em larga escala, com total impunidade", completou.
"Eles têm de elaborar sua resolução", afirmou Cameron.
"Isso não é o Iraque", insistiu Nick Clegg, líder dos liberais. "Estamos compartilhando tudo o que temos, é uma das lições de há dez anos", argumentou o vice-premier.
"As provas têm de preceder a ação, e não a ação as provas", defendeu o líder da oposição, o trabalhista David Miliband, que havia apresentado uma moção alternativa pedindo mais tempo e informações antes de se lançar em uma aventura militar.
A experiência do Iraque, em que 179 soldados britânicos morreram, deixou marcas na opinião pública nacional. Uma pesquisa divulgada pelo jornal "The Times" nesta quinta-feira revela que apenas 22% apoiam uma ação militar contra a Síria, e 51% são contra. Na mesma enquete, 27% não souberam, ou não quiseram responder.
Em meio ao acalorado debate político, o ministro britânico da Defesa anunciou o envio de seis caça-bombardeiros Typhoon à base de Akrotiri, no Chipre. Ele garantiu que "não foram enviados para participar de qualquer ação militar contra a Síria".
Deflagrado em março de 2011 por uma revolta popular que se transformou em guerra civil, o conflito sírio já deixou mais de 100 mil mortos, segundo a ONU.
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