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Sarkozy é detido em uma investigação por tráfico de influência

A atuação policial é inédita contra um ex-chefe de Estado da França. Os investigadores vão interrogá-lo para tentar descobrir se ele criou uma rede que filtrava informações de ações judiciais
  • A Justiça fecha o cerco contra o ex-presidente francês

    Sarkozy é detido em uma investigação por tráfico de influência

    O advogado do ex-presidente francês foi detido no dia anterior

    A polícia vai interrogar Nicolas Sarkozy em investigação por corrupção

    Chegada do carro de Nicolas Sarkozy à sede do Ministério do Interior em Nanterre / Atlas / AFP
    A França acordou com uma notícia excepcional. À primeira hora da manhã o ex-presidente da República Nicolas Sarkozy foi detido e levado à sede da polícia judicial especializada em crimes financeiros e fiscais, para dar declarações sobre supostos delitos de tráfico de influência e violação do sigilo da investigação. Apenas 24 horas antes a mesma polícia tinha detido seu advogado, Thierry Herzog, e dois magistrados do Supremo Tribunal. Sarkozy está sendo interrogado até agora e, dentro do regime francês pelo qual foi convocado (garde à vue), o prazo durante o qual pode ficar detido para interrogatório, normalmente de 24 horas, pode ser estendido para até 48 horas.
    Sarkozy chegou à delegacia policial de Nanterre (na periferia de Paris) por volta das 8h00 (3h00 em Brasília) em um carro com vidros escurecidos, causando assombro à opinião pública, que tinha sido informada que o ex-presidente da República poderia ser chamado a depor dentro de alguns dias.
    A rapidez com que a operação está sendo levada adiante surpreendeu todas as forças políticas, que estão pedindo confiança na justiça. A detenção inédita se deve ao caso do suposto financiamento ilegal da campanha eleitoral de Sarkozy em 2007, que teria contado com contribuições do então presidente da Líbia Muammar Gaddafi.
    Os investigadores procuram determinar se o ex-chefe de Estado e seus assessores criaram uma rede de informantes que os mantinha a par do andamento dos processos judiciais que ameaçam Sarkozy, político conservador e chefe do Estado francês entre 2007 e 2012.
    O advogado de Sarkozy, Thierry Herzog, e os magistrados do Supremo Tribunal Gilbert Azibert e Patrick Sassoust foram detidos no dia anterior no curso da investigação. De acordo com a agência Efe, a suspeita é que Azibert, que tem vínculos estreitos com o ex-presidente, obtinha informações de conselheiros do Supremo Tribunal sobre o andamento da investigação que apura o suposto financiamento ilegal da campanha que conduziu Sarkozy ao Palácio do Eliseu.
    Segundo essa teoria, o defensor de Sarkozy teria prometido a Azibert, em contrapartida, que o ex-presidente o ajudaria a conseguir um cargo que o interessava na administração de Mônaco.
    As escutas telefônicas às quais foram submetidos Sarkozy (implicado em vários casos de corrupção) e seus assessores no outono passado revelaram que o ex-presidente fazia uso de uma rede de informantes nas estruturas do Estado para se manter a par dos escândalos financeiros que agora complicam sua situação, em especial o caso Bettencourt, que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal e também está relacionado ao suposto financiamento ilegal da mesma campanha de 2007, em que Sarkozy derrotou a candidata socialista Ségolène Royal.
    Foram essas escutas que levaram ao conhecimento da polícia o fato de Sarkozy usar um celular clandestino, em nome de um certo Paul Bismuth, justamente para conversar com seu advogado Herzog, que também dispunha de um celular clandestino. As investigações revelaram que Herzog tinha uma ligação direta com seu amigo, o juiz da sala do Civil do Supremo Tribunal Gilbert Azibert, que está sendo interrogado agora pela delegacia de combate à corrupção.
    Membros destacados da UMP (União por um Movimento Popular), o partido de Sarkozy, descrevem como “feroz e vingativo” o processo contra o ex-chefe de Estado e destacam a coincidência do calendário judicial com o calendário político, numa alusão clara à possibilidade de que o político acabaria decidindo nas próximas semanas voltar a liderar a organização conservadora.
    O porta-voz do Governo socialista e ministro da Agricultura, Stéphane Le Foll, comentou que a justiça deve chegar até o fim e que Sarkozy deve ser submetido à justiça, “como os demais”.
    Situado no número 101 da rua Trois Fontanot, no bairro de La Défense, o edifício de oito andares onde Sarkozy está sendo interrogado é a sede central da Polícia Judicial. O ex-presidente foi levado ao local pela polícia esta manhã, saindo do elegante distrito 16, onde reside. Seu carro entrou diretamente no estacionamento no subsolo através de um acesso situado à direita no térreo. Cerca de 20 jornalistas e cinegrafistas aguardavam sua chegada desde a primeira hora da manhã, enquanto dois policiais os mantinham à distância da sede policial. Pouco após as 11h (6h em Brasília), a única pessoa relacionada com o caso que saiu do prédio foi o advogado Paul-Albert Iweins, que defende o também advogado Herzog. Ele fumou um cigarro e se negou a dar qualquer declaração.
    Na rua Trois Fontanot, vários operários consertavam as calçadas e recapeavam o asfalto, como parte de um projeto avaliado em 500 mil euros (1,5 milhão de reais) para “melhorar o entorno vital”, como indica um cartaz na área. Operários e funcionários que trabalham no local, onde há muitos edifícios de escritórios, não quiseram comentar o que ocorreu, mas nos cafés da região todos acompanhavam as notícias pela televisão. “Sim, estou sabendo”, alguém se limita a dizer. Apenas os jornalistas fazem comentários jocosos. “Esta é uma república de bananas”, fala um cinegrafista.
    copy  http://brasil.elpais.com

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