Guerras do Brasil - Apenas promessas. Somente
as forças armadas poderiam diminuir. Blá, blá.
O político? Nenhum fica no fogo cruzado e nem
morrem com bala perdida.
Crivella: As milícias se tornaram uma praga tão grande quanto o tráfico
O terceiro candidato ao Governo do Rio entrevistado pelo Favela 247 é o senador Marcelo Crivella, que afirma ser necessário preparar a polícia para respeitar os Direitos Humanos e diminuir a letalidade das ações nas favelas, e diz que se projetos sociais não forem levados às UPPs, elas correm o risco de ser rejeitadas pelos próprios moradores. O senador pretende ampliar seu projeto de urbanização Cimento Social e defende a criação de uma Zona Franca Social para o desenvolvimento econômico dos territórios populares. Crivella chama as milícias de "tragédia social", e diz que a corrupção policial é um reflexo da corrupção dos governantesO candidato diz que ampliará seu projeto Cimento Social (alvo de algumas críticas), para urbanizar as favelas, e que criará um sistema de consultas com a população para a formulação de políticas públicas. Segundo ele, serão os moradores da Rocinha que decidirão ou não se o teleférico será construído na favela.
Sobre segurança pública Crivella afirma ser necessário preparar a polícia para respeitar os Direitos Humanos e diminuir a letalidade das ações nas favelas, e diz que se projetos sociais não forem levados às UPPs, elas correm o risco de ser rejeitadas pelos próprios moradores. O senador chama as milícias de "tragédia social", e diz que a corrupção policial é um reflexo da corrupção dos governantes. Crivella ainda defende o uso dos mandados de busca e apreensão coletivos em casos específicos, "quando há risco efetivo para a vida de inocentes" nos territórios populares.
Na área social o candidato pretende criar parcerias com o Governo Federal e com os municípios para aumentar as vagas em creches; diz ser um "republicano rigoroso", e que embora evangélico, a igreja e Estado devam estar separados. Crivella defende a criação da Zona Franca Social, espaços de desenvolvimento de atividades econômicas e sociais nas favelas. Com sua experiência como ministro da Pesca e Aquicultura, o candidato promete estimular as colônias de pescadores da Bahia da Guanabara desenvolvendo criatórios artificiais em plataformas de petróleo desativadas.
Leia abaixo à entrevista na íntegra.
Clique aqui para ler a entrevista com Anthony Garotinho (PR).
Clique aqui para ler a entrevista com Lindberg Farias (PT).
Caro senador, no debate da Band o senhor disse que fez ensino técnico e que foi taxista por muitos anos. Qual é sua relação com as favelas e demais territórios populares do Rio de Janeiro?
Tenho me dedicado por muito tempo a encontrar uma solução para o problema das favelas, no Rio e no Brasil, buscado um meio de integração de seus moradores à cidadania plena. Houve época em que se pensava em remover as favelas; verificou-se que não era uma solução, seja pelas dificuldades econômicas de encontrar espaços alternativos, seja pelo fato de que centenas de milhares de pessoas que vivem em favelas estão ali porque é um local mais próximo de seu trabalho. Por isso não querem mudar.
Foi pensando nisso que criei o Cimento Social, como o início de uma solução prática para o problema das favelas. O Cimento Social, que já levei a dezenas de moradores em favela, ataca diretamente o problema da moradia. O Cimento Social é um grande projeto porque transforma barracos em lares dignos, e é bem diferente do Minha Casa, Minha Vida, já que o morador não tem compromisso com prestação e condomínio. Primeiro buscamos reformar as casas, se não for possível construímos as casas, em apenas três dias.
Onde o sistema foi testado, foi um sucesso absoluto. Convertemos barracos em residências dignas. É claro que fiz isso com limitados recursos pessoais. Se eleito governador do Rio, vamos levar o Cimento Social a todas as favelas e comunidades do estado.
Estudos indicam que 10 mil pessoas foram mortas nos últimos 10 anos pela polícia fluminense em autos-de resistência. Quais ações o senhor pretende tomar para diminuir a letalidade da ação policial nas favelas?
Pretendo estabelecer uma política de segurança que aumente a eficiência da polícia no combate ao crime, atuando preventivamente e reduzindo a exposição da população aos confrontos. O policiamento preventivo, aumentando o contingente policial, auxiliado pela expansão das UPPs também no campo social, é uma forma de reduzir o número de confrontos. Além disso, será necessário preparar a polícia para o respeito integral dos Direitos Humanos e para reduzir o impacto das ações policiais na população inocente.
O senhor concorda com o uso de mandados de busca e apreensão coletivos para ações policiais em favelas?
Apenas em situações extremas, quando há risco efetivo para a vida de inocentes.
Muitos ativistas e moradores de favelas dizem que os policiais tendem a tratar todos os moradores de territórios populares como bandidos em potencial, num processo chamado por especialistas de "criminalização da pobreza". Como mudar essa mentalidade da polícia?
Pela educação e o treinamento. Não há fórmula mágica, é necessário que o estado atue permanentemente na educação dos policiais no sentido da valorização da vida humana e no respeito aos Direitos Humanos.
Algumas das favelas com UPPs estão sofrendo uma forte onda de violência, com mortes de inocentes, de suspeitos e de policiais. Quais ações o senhor pretende fazer para controlar esse quadro?
Pretendo levar a UPP social junto a cada UPP de segurança. É preciso considerar que, com a UPP, estamos apenas no início de um longo processo de recuperação do domínio de territórios antes ocupados por bandidos. Esse processo deverá continuar, complementado porém por uma forte ação do Estado no campo social. Sem isso as próprias comunidades tenderão a rejeitar as próprias UPPs.
As milícias hoje controlam muito mais áreas do que antes do projeto das UPPs. O senhor vê uma relação de causa e efeito? Quais ações o senhor fará para combater as milícias, que têm ligações com o próprio aparelho do Estado?
O crescimento das milícias tornou-se no Rio uma praga tão grande quanto o próprio domínio de comunidades pelo tráfico. É uma tragédia social, de dimensão ainda maior que o tráfico, pois grande parte das milícias é comandada por policiais da ativa ou aposentados. Portanto, uma degeneração da polícia.
Por que isso tem acontecido? Basicamente, pelo mau exemplo de cima. Quando os governantes, em mais alto grau, se entregam à corrupção, aos desvios de conduta, à dilapidação em proveito próprio do patrimônio público, como tem acontecido no Rio, tudo abaixo deles se contamina. Costumo dizer que para nos livrarmos dessa praga é necessário uma limpeza de cima para baixo. Do contrário ela persistirá eternamente. A eleição é o momento de acabar com o mau exemplo do Governo. Ninguém varre escada de baixo para cima; tem que varrer de cima para baixo. Vou combater isso com todo o meu empenho.
Hoje muitos seguidores de religiões de matriz africanas sofrem perseguições, muitas vezes de pessoas e segmentos ligados ao neopentecostalismo. Quais ações o senhor tomará, caso seja eleito, para acabar com a intolerância religiosa no Estado? Como evangélico, qual a sua visão pessoal da intolerância religiosa?
Sou um republicano rigoroso. Para mim Igreja e Estado tem que estar separados. A única contribuição que, a meu ver, a religião deve dar à política é no campo da ética.
O senhor foi ministro da Pesca e Aquicultura. Quais ações o senhor pretende tomar para garantir a sobrevivência das colônias de pescadores na Baía da Guanabara? Hoje elas sofrem com a poluição das águas e com restrições de pesca por causa da evolução da indústria petroleira, e essa cultura tradicional está prestes a desaparecer.
Certamente vamos atuar no sentido de proteção e recuperação das colônias de pescadores. Podemos fazer isso incentivando a criação de peixes no mar e em água doce, como fiz no Ministério, e até usando as plataformas desativadas de produção de petróleo como criatórios artificiais. Temos condições de formular com mais afinco políticas de desenvolvimento da pesca no estado do Rio.
Caso seja eleito, o senhor construirá o teleférico da Rocinha? Muitos moradores são contra a obra, preferindo investimento em saneamento básico e outras formas mais baratas e, segundo eles, efetivas de transporte, como os planos inclinados.
Vamos consultar os moradores da Rocinha. Eles é que ditarão as prioridades.
Associações de moradores e ativistas de favelas reclamam da falta de diálogo com Estado para a definição dos gastos do orçamento. Como o senhor pretende aumentar a participação popular nas decisões do Estado relacionadas às favelas?
Tenho intenção de estabelecer um sistema de consultas com a população para a formulação de políticas públicas. Será uma forma de orçamento participativo. Isso é essencial para que o governante sinta efetivamente as necessidades e prioridades do povo.
Como governador, o que o senhor faria para resolver o problema de falta de vagas em creches nas favelas?
Vamos estabelecer programas comuns com as prefeituras para ampliação do número de creches em favelas. Este é um programa que pode ter apoio importante também do Governo federal.
Os territórios populares do Rio de Janeiro são hoje uma grande potência cultural, mesmo com pouco apoio estatal. Quais ações o senhor tomará para incentivar a arte e a economia criativa nas favelas?
Minha ideia é criar a Zona Franca Social: um espaço de desenvolvimento de atividades econômicas e sociais nas favelas a fim de gerar emprego e renda para os moradores próximo dos locais de moradia. O instrumento para isso será a utilização do poder de compra do estado de equipamentos para uso em hospitais, presídios, escolas e outros, tais como roupa de cama, toalha, uniformes e outros bens de uso manufaturados, feitos na Zona Franca Social com incentivos e subsídios do estado, por pessoas da própria comunidade.
copiado http://www.brasil247.com/pt
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