MENSALÃO MINEIRO Clésio tenta desligar-se de Azeredo Em interrogatório, ex-senador afirmou que sua campanha em 98 distinguia-se da do tucano

MENSALÃO MINEIRO

Clésio tenta desligar-se de Azeredo

Em interrogatório, ex-senador afirmou que sua campanha em 98 distinguia-se da do tucano

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Depoimento. Clésio Andrade foi ouvido ontem no processo que ficou conhecido como mensalão mineiro
PUBLICADO EM 03/08/17 - 03h00
O ex-senador e presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Clésio Andrade (PMDB), foi interrogado, quarta (3), no processo em que é réu pelo crime de peculato no caso que ficou conhecido como “mensalão mineiro”. A acusação é referente ao desvio de R$ 3,5 milhões de estatais do governo de Minas para financiar a campanha à reeleição do então governador, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. Vice na chapa, Clésio afirmou que fez campanha de forma separada de Azeredo, mas não declarou os valores ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG).

O ex-senador afirmou que participou apenas de duas reuniões da campanha de Azeredo e que, depois de algumas divergências, decidiu fazer uma campanha paralela. Segundo ele, o comitê e os gastos de sua campanha eram completamente independentes da campanha do governador. “Na primeira reunião, eles informaram que a contratação do publicitário Duda Mendonça custaria R$ 4,5 milhões. Eu perguntei de onde sairia esse dinheiro, e eles não responderam”, afirmou Clésio.

Ele contou que, depois da segunda reunião de que participou, decidiu fazer a campanha de forma separada e disse que investiu de recursos da suas empresas R$ 3 milhões em material gráfico e viagens que fazia sem a presença do governador. Porém, quando foi questionado pelo Ministério Público se havia declarado esses valores ao TRE-MG, ele afirmou que não fez a declaração. “A questão de declaração de campanha eu não tinha conhecimento. Depois nós viemos a saber que ela deveria estar consolidada na campanha principal. Os gastos foram oficiais da minha empresa, foram recursos lícitos, não foram caixa dois”, afirmou.

O réu destacou que quem comandava a campanha eram Walfrido dos Mares Guia e Cláudio Mourão e que ouviu relatos de dificuldades financeiras no processo. Ambos eram réus no processo, mas, como já completaram 70 anos, os crimes prescreveram.

Outra informação da denúncia que pesa contra Clésio Andrade é que ele seria sócio da empresa de publicidade SMP&B, juntamente com Marcos Valério. A empresa é apontada com a responsável por fazer os desvios de verba de estatais do governo, por meio de contratos superfaturados de patrocínio de eventos esportivos.

“Em julho de 1998, antes do início da campanha, eu me desfiz de todas as empresas em que era sócio de Marcos Valério. Fiz isso primeiramente porque seria candidato e sabia que a empresa tinha contratos com o Estado. Mas nessa época minha relação com Valério já não era boa. Ele era um empresário muito ambicioso, no mau sentido da palavra”, disse.

Ele afirmou ainda que conheceu Valério durante uma caminhada na lagoa da Pampulha.

Apesar disso, Clésio aparece como avalista de um empréstimo de R$ 2,3 milhões da empresa SMP&B junto ao Banco Rural, que, segundo a denúncia do MPF, seriam recursos para abastecer a campanha de Azeredo. Clésio afirmou que só foi avalista porque seu afastamento da empresa ainda não havia sido oficializado pela Junta Comercial e que foi informado de que os valores eram destinados ao pagamento de fornecedores.

Para o defensor de Clésio, Eugênio Pacelli, o interrogatório foi “esclarecedor”. Ele disse estar confiante na absolvição de seu cliente. Já a promotora Patrícia Medina de Almeida afirmou que a tese de separação das campanhas “não se sustenta”. A expectativa é que a sentença seja publicada daqui a dois meses, após o prazo de alegações finais da defesa e da acusação. 

 

AZEREDO

Recurso. O ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) foi condenado na primeira instância a 22 anos de prisão, por envolvimento no mensalão mineiro. Seu recurso será julgado no dia 22.

copiado http://www.otempo.com.br/

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