Ministério Público da Bolívia pode pedir extradição de Molina
Procurador diz que analisa tratados nacionais e internacionais para adotar uma decisão sobre senador que 'fugiu' do país
Roger Molina ficou abrigado por 15 meses na embaixada brasileira na Bolívia desde que pediu asilo político. No sábado (24), o senador deixou a embaixada com o auxílio da representação diplomática brasileira.
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Nesta segunda, o embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano Talavera, pediu explicações ao Itamaraty sobre a retirada do senador boliviano da representação diplomática brasileira em La Paz e a viagem dele a Brasília.
Em nota, o Itamaraty, informou que abrirá um inquérito para apurar as circunstâncias da entrada no Brasil do senador boliviano. O diplomata Eduardo Saboia, apontado como principal responsável pela retirada do senador foi chamado para prestar informações a respeito do ocorrido.Caso Molina: cineasta diz que embaixada recebia pressão do Itamaraty
Documentarista que produzia filme sobre senador fala ao 'JB'. 'Escolhi protegê-lo', diz diplomata que trouxe Molina ao Brasil
Documentarista trabalhava num filme sobre o caso do senador boliviano
A representação diplomática brasileira estava sem autonomia para agir no caso do senador boliviano Roger Molina e recebendo pressão constante do Itamaraty para que nenhuma medida fosse tomada, mesmo sabendo dos riscos que o parlamentar estava exposto. Isto é o que afirma o documentarista Cláudio Galvão da Silva, mais conhecido como Dado Galvão, que desde o início do ano estava produzindo um documentário sobre o caso a pedido do próprio Molina.Dado Galvão contou ao Jornal do Brasil como soube da pressão exercida pelo Itamaraty aos embaixadores Marcel Fortuna Biato e Eduardo Saboia. "Durante uma reunião em abril deste ano, Saboia e Biato me falaram pessoalmente que estavam sendo pressionados pelo Itamaraty. Eles me disseram que não poderiam me ajudar com relação ao documentário e acrescentaram que eram obrigados a relatar todos os seus passos com relação a este caso ao Itamaraty."
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O senador boliviano chegou ao Brasil na tarde de sábado, após ter ficado por 15 meses abrigado na embaixada brasileira em La Paz, na Bolívia. O senador enfrenta mais de 20 processos movidos pelo governo em várias cidades bolivianas após fazer graves acusações de corrupção contra o governo do presidente Evo Morales. Ele não tinha conseguido abandonar a embaixada por falta de um salvo-conduto que as autoridades lhe negaram, pois sustentam que ele deveria responder a essas acusações.
O embaixador Marcel Biato foi transferido no mês de julho da embaixada do Brasil em La Paz. Segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, ele está nesta segunda-feira (26) na Presidência da República, mas não esclarece a sua ocupação. Numa ementa da Presidência da República, divulgada na terça-feira passada (20), o nome do embaixador Biato é indicado para assumir cargo de Embaixador do Brasil no Reino da Suécia e junto à República da Letônia. A ementa aguarda por parecer do relator. Fontes da embaixada brasileiras disseram que a decisão de transferir Biato pode ter sido um pedido do governo boliviano, insatisfeito com a atuação de Biato no caso do senador de oposição. Segundo as mesmas fontes, a mudança interna aconteceu após visita do ministro Antonio Patriota ao ministro da Presidência boliviano, Juan Ramón Quintana, em março, para discutir assuntos comerciais, migratórios e de combate ao narcotráfico.
O documentarista Dado Galvão contratou o advogado Fernando Tibúrcio para defender no Brasil o caso do senador boliviano. Ele tentou entrevistar o senador no início do ano, mas foi impedido pelas autoridades bolivianas. Num ato de repúdio e em solidariedade a Molina, Dado entregou o seu passaporte junto com uma carta de solicitação para a realização da filmagem aos embaixadores Biato, Saboia e também Manuel Adalberto Montenegro. “O embaixador Marcel Biato, na ocasião, me garantiu que a carta e o passaporte seriam encaminhados ao Itamaraty, para conhecimento do ministro Patriota, justificando que a embaixada não poderia reter passaportes e não existia um protocolo para formalizar o fato”, contou Dado, que até o momento não teve a devolução do seu documento.
“Vou aproveitar que o senador já está no Brasil e o caso está em plena investigação para tentar reaver o meu passaporte e exigir explicações do que aconteceu comigo em La Paz”, completou o cineasta. Além de Dado, o fotógrafo brasileiro Arlen Tavares, que estava acompanhando Dado na produção do trabalho, também aderiu ao protesto e entregou o seu documento na embaixada brasileira.
A reportagem do JB entrou em contato com o Itamaraty, mas não obteve retorno com relação às informações reveladas pelo documentarista Dado Galvão.
copiado http://www.jb.com.br/
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