País - Eleições Clark Crente, Toninho do Diabo... como seria o Brasil com estes políticos? Candidatos inusitados e slogans surpreendentes diversificam a campanha eleitoral
Eleição não é
brincadeira, mas observando os nomes de alguns candidatos, e seus
slogans, pode parecer que sim. Em outubro, os
eleitores vão escolher, além do presidente, governadores, senadores,
deputados
federais e estaduais. No caso dos deputados, o sistema de votação é
chamado de proporcional. São calculados os votos dos
partidos, das coligações (partidos que se unem) e dos candidatos, para
computar aqueles que efetivamente se elegem. Os simpáticos,
irreverentes, engraçados ou mesmo bizarros acabam, de alguma forma, se
destacando, e podem conquistar votos de certa parcela dos eleitores.
Isso explica, em parte, porque coligações reúnem tantos partidos, a
maioria deles considerados 'nanicos'. A massa total de votos é
fundamental. Para se ter uma ideia, um deputado federal precisa de 174
mil votos para se eleger, enquanto que um estadual, 110 mil.
Funciona assim: a
quantidade total de votos válidos (sem nulos e brancos) é dividida pelo número
de vagas na Câmara para saber quantos votos um partido precisa para eleger um
deputado. Se forem 100 mil votos e dez vagas,
por exemplo, o quociente eleitoral é 10
mil. Assim, se um partido ou coligação consegue 30 mil votos,
independentemente de quem está sendo votado, ele pode eleger três deputados. Aí, são
eleitos os três candidatos mais votados de cada partido ou coligação. Clark Crente busca o poder do povo cristãoNeste caso entram os “puxadores de voto”, como foi o Tiririca
(PR), em 2010, que conseguiu mais de um milhão de votos. Como o número total de
votos válidos nas eleições de 2010 foi de aproximadamente 21 milhões, e o
número de cadeiras era de 70, era necessário, naquelas eleições, cerca de 300
mil votos por partido ou coligação para eleger um deputado. Assim, a coligação PR/PRB/PT/PR/PC do B/PTdoB pôde eleger três
deputados além de Tiririca, que não teriam votos suficientes para entrar: Otoniel
Lima (PRB) cujo total de votos foi 95.971; Delegado Protógenes, do PCdoB,
cujo total de votos foi 94.906; e Vanderlei Siraque, do PT, cujo total de
votos foi 93.314.
Motivos para aceitarem a candidatura dessas figuras existem. Mas quais são as
verdadeiras propostas desses candidatos? Eles representam uma classe
específica, como Tiririca e sua ligação com o circo? – ele acabou propondo emendas importantes
à Lei que regulamenta as profissões de Artistas e de Técnico em Espetáculos de
Diversões. Muitos tentam demarcar
território, assinalando no pseudônimo quem querem representar. Outros acabam sendo uma incógnita. O
que esses candidatos fariam pelos seus eleitores, depois de eleitos? Um antagonista de Crente, Toninho defende a separação de política e religiãoToninho do Diabo (Solidariedade), candidato a
deputado federal, é um artista de circo e diretor de cinema que promete “Tacar
fogo”. Vestido de preto, como se fosse um enviado do inferno, em seu blog, sua
promessa é “infernizar todos os políticos burocratas, medíocres e corruptos que
encontrar”. Seu mandato seria um inferno? Apesar do chavão e das roupas, o
candidato apresenta ideias claras: regulamentação da maconha, respeito às
diversidades religiosas, estado laico, direito dos homossexuais. O demônio
parece ter um emissário bastante liberal.
Já o candidato a
deputado estadual Clark Crente
(PSC) usou sua leve semelhança com o Super-Homem para se promover como
um
herói dos religiosos. Com o lema “preservar a continuidade da família e a
esperança da sociedade”, ele defende que o cristão não pode se afastar
da
política. “O povo de Deus não pode fazer como Pilatos, chegar diante dos
fieis,
entregar a responsabilidade para a população”, comenta ele em
entrevista. “Nós
podemos mudar a esfera política, para que tudo seja renovado, para que a
santidade
do Deus vivo entre nas veias da corrupção. Porque tudo é de Deus, por
direito de
redenção. Tudo é do Pai. Nós somos os escolhidos de Deus para mudar o
cenário
político”. Ele apresenta sua vida e propostas como se estivesse pregando
a palavra de Deus. Embora fique claro que defende a família e a
religião, outras ideias não são tão claras. Ele diz que pretende
trabalhar com crianças e idosos carentes, “isso
toca muito meu coração”, comentou.
Em
Camaçari, na região metropolitana de Salvador, Cara de Hambúrguer, nome
de
guerra de José Raimundo de Jesus (PT), é candidato a deputado estadual.
Segundo
ele, apesar do nome, as propostas são sérias. O candidato declarou que,
na
Bahia, esse tipo de apelido é normal e que é chamado assim desde novo.
Outros nomes inusitados na região são os dos candidatos a deputado
federal "Carmem Melhor", "Eu Te Amo", "Felicidade" e "Naturezza". A
visão
de Cara de Hamburguer, que faz questão de ser chamado pelo apelido,
permeia a segurança pública. Ele quer instalar câmeras em pontos
da cidade e criar escolas militares e
cursos superiores para policiais. Cara de Hamburguer lembra que esse tipo de nome é normal e diz que não é marketingJá José
Maria Eymael, candidato à presidência da República pelo (PSDC) tem um jingle
que o acompanha desde a década de 80. “Ey, Ey, Eymael/ Um
democrata cristão/ Pra presidente é 27, e o nome é Eymael/ Pela
família e pela nação. A musiquinha em ritmo
de marchinha de carnaval, no entanto, não combina muito com as propostas do
candidato. Ele propõe o combate às drogas e o “resgate e proteção dos valores
éticos da Família”.
Outros nomes populares são “Serginho Doidão”, “Mulher Bambu” e “Kid Bengala”. Por mais
estranhos que sejam esses candidatos, alguns têm propostas bem específicas. Mulher Bambu, candidata a
deputada estadual pelo PMDB, luta pela proteção ao meio ambiente. Já Serginho Doidão,
candidato a deputado federal pelo PV está "doidão pela legalização”, como diz
seu slogan, apostando na legalização da maconha.
O mais estranho, porém, são os candidatos que não usam o nome para
tentar transmitir uma ideia ou representar uma classe. Kid Bengala, um
famoso ator pornô, não tem propostas envolvendo sua área de atuação
profissional. Nem em nenhum outro campo. “Não tenho proposta”, declarou
ele à imprensa, dizendo ainda
que “política não é seu forte”.
*Do programa de estágio do JB copiado http://www.jb.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário