EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tucano aprova texto polêmico com plenário vazio Caio Narcio chegou ofegante à comissão que preside e conduziu 'votação' em um minuto

Caio Narcio chegou ofegante à comissão que preside e conduziu 'votação' em um minuto

Caio Narcio diz que cumpriu regras regimentares durante a sessão

PUBLICADO EM 19/12/17 - 03h00

LETÍCIA FONTES

Em votação-relâmpago e com o plenário vazio, o presidente da Comissão de Educação da Câmara, Caio Narcio (PSDB), aprovou, na última semana, em pouco mais de um minuto, o polêmico projeto de lei que estabelece regras para a educação a distância nos cursos na área da saúde. Bastante ofegante e respirando com dificuldade – devido ao cansaço de quem chegou às pressas para a pauta –, Narcio, ao lado de uma secretária e do deputado Saraiva Felipe (PMDB), anunciou a votação do substitutivo.

A sessão havia se iniciado às 10h32, mas foi suspensa com o início das votações no plenário da Câmara. Por volta das 21h, Caio Narcio voltou à sala da comissão e aprovou o projeto. “Não havendo quem queira discutir, aqueles que o aprovam permaneçam como se acham. Aprovado (...). Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos. Está encerrada esta sessão”, finalizou.

Revoltada, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) entrou com um recurso para anular a sessão. Segundo ela, os integrantes da comissão receberam um e-mail de última hora pedindo para que se deslocassem até a sala do colegiado. Alice pretende ainda reunir a assinatura de 15 deputados para convocar nesta terça-feira (19) uma reunião extraordinária da comissão. “Foi uma trapaça, nem o relator da matéria estava presente. Foi antiético”, disse.

Caio Narcio afirmou que seguiu as regras regimentais. “Eu precisava encerrar a sessão que havia sido interrompida. Não cabe a mim colocar parlamentares dentro do plenário. Foi enviado um e-mail e uma mensagem no grupo do WhatsApp para todos da comissão. O projeto já estava sendo discutido há quatro meses”, pontuou.

Pego de surpresa, Saraiva Felipe disse ter avisado Narcio de que a votação não daria certo. “Ele ficou louco. Consegui chegar porque estava perto. Estamos regulando tudo às pressas. O processo legislativo é lento, quatro meses não é nada. É um projeto delicado”, ressaltou.

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