Difusão de 'fake news' no WhatsApp 'preocupa' missão eleitoral da OEA no Brasil
AFP/Arquivos / Lionel BonaventureLogo do aplicativo Whatsapp
A difusão de "fake news" pelo WhatsApp na campanha presidencial brasileira teve um "alcance nunca antes visto" e tem sido uma "preocupação constante" para os observadores da Organização de Estados Americanos (OEA), disse nesta quinta-feira (25), em São Paulo, a chefe da missão, Laura Chinchilla.
"É a primeira vez que, em uma democracia, estamos observando o uso do WhatsApp para divulgar notícias falsas", declarou Chinchilla na saída do encontro com dirigentes do Partido dos Trabalhadores, do candidato Fernando Haddad.
O candidato do Partido Social Liberal, Jair Bolsonaro, se impôs no primeiro turno, em 7 de outubro, com 46% dos votos, contra 29% de Haddad. Os dois disputarão o segundo turno, em 28 de outubro, com Bolsonaro como grande favorito.
Nas últimas três semanas, a campanha esteve marcada por denúncias, especialmente do PT, de "fake news".
Jornalistas que denunciaram o uso maciço e premeditado do WhatsApp com fins eleitorais por partidários de Bolsonaro foram ameaçados.
"O fenômeno das notícias falsas está pegando de surpresa quase todas as democracias do mundo, e o que estamos vendo é que as autoridades muitas vezes estão sendo superadas. É um fenômeno muito recente, além da magnitude que, talvez, não tivesse sido considerada", declarou Chinchilla, ex-presidente da Costa Rica.
"Aprendemos nas eleições dos Estados Unidos que as 'fake news' são importantes, mas eram usadas nas redes públicas e faziam previsões" a partir delas, explicou.
"O novo que acontece no Brasil, para o que não estavam preparados, é que (a difusão maciça de 'fake news') se move das redes públicas para as privadas, como o WhatsApp", acrescentou.
Chinchilla também disse que este fenômeno "sem precedentes" usado para mobilizar o voto popular "foi utilizado com um alcance nunca antes visto".
A porta-voz chamou a atenção para o "discurso que tende a incentivar a violência política" e defendeu um tom construtivo nas campanhas.
Chinchilla disse que também recebeu denúncias da equipe de Bolsonaro, com quem não se encontrou.
Acrescentou que foram apresentadas às autoridades e que "vamos nos comprometer a acompanhar".
Como um 'reality-show', a saga dos Fujimori seduz os peruanos
AFP/Arquivos / Luka GONZALESA líder opositora Keiko Fujimori, durante uma audiência em Lima, em 17 de outubro de 2018
Os peruanos contemplam com avidez as transmissões televisivas da audiência na qual a Justiça decidirá se manda para a prisão Keiko Fujimori, em um novo episódio da saga de um clã onipresente no país há três décadas.
A audiência desta quinta-feira (25), presidida pelo juiz Richard Concepción Carhuancho, é a terceira desde que, no domingo, foi iniciada a sessão sobre a líder opositora, e que se tornou um tipo de "reality-show".
Em mercados populares, cafés e bares de Lima, o público se aglomera em frente aos aparelhos de televisão, algo somente comparável ao que acontecia com as partidas de futebol do Peru na Copa do Mundo da Rússia este ano.
As transmissões por canais de televisão, rádios e redes sociais reflete um notável interesse dos peruanos por uma figura política que polariza a sociedade.
No Twitter, os usuários demonstraram as suas emoções e difundem fotos de bares e restaurantes com clientes com um olho no prato ou no copo, e outro na tela de seu celular, ou da televisão.
"Em breve a Netflix a colocará no catálogo de suas séries", tuitou Joe Espinoza. "Ganhou de todas as telenovelas", acrescentou Karin Reyna.
Os peruanos assistem assim, cativados, o destino dessa saga, divididos entre fujimoristas e antifujimoristas.
O procurador do caso, José Domingo Pérez, é o herói ou vilão deste episódio, em função do lado com o qual você simpatiza.
O sinal de televisão do Poder Judiciário, Justicia Viva, monopoliza as transmissões desde domingo.
A página do canal judicial no Facebook registra até 14.000 internautas conectados em tempo real, um recorde para esse sinal.
- Luta fratricida no clã -
O Peru vive ao ritmo do clã Fujimori desde que o patriarca, Alberto, ganhou a presidência em 1990. Então era um desconhecido engenheiro agrônomo e matemático de ascendência japonesa, que derrotou o famoso escritor Mario Vargas Llosa.
A Justiça pode enviar para a prisão por 36 meses Keiko por suposta lavagem de dinheiro por contribuições de campanha da empreiteira Odebrecht.
AFP / Anella RETAO clã Fujimori
A audiência acontece em um momento complicado para o monolítico partido fujimorista, agora mergulhado em uma crise interna pelos problemas judiciais de seu líder.
O episódio judicial se soma a uma luta fratricida desatada no final de 2017 com a briga entre os irmãos Keiko e Kenji Fujimori pela herança do capital político de seu pai.
Keiko, de 43 anos, e Kenji, de 38, a mais velha e o mais novo dos quatro filhos do ex-presidente, disputam o controle do fujimorismo visando as presidenciais de 2021, nas quais poderiam se enfrentar.
O pleito familiar parece uma espécie de versão "andinonipônica" de "Rei Lear", de William Shakespeare.
Enquanto isso, o ex-presidente Fujimori, de 80 anos, assiste como testemunha impotente este drama do hospital onde está internato, na qualidade de detido, desde que, há três semanas, a Justiça peruana anulou o seu indulto.
De seu leito, pediu por um devido processo para a sua filha, e que seus herdeiros políticos se reconciliem para recuperar a unidade familiar
copiado https://www.afp.com/pt/
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