Bolsonaro cita vítima da ditadura para atacar presidente da OAB
AFP / MAURO PIMENTEL(Arquivo) Bolsonaro acusa a ordem dos advogados do Brasil de obstruir a investigação sobre a tentativa de assassinato que sofreu no ano passado em Juiz de Fora
"Se um dia o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele", disse nesta segunda-feira Jair Bolsonaro, ao citar o pai de Felipe Santa Cruz, desaparecido em 1974 durante a ditadura militar (1964-85).
Bolsonaro acusa a ordem dos advogados do Brasil de obstruir a investigação sobre a tentativa de assassinato que sofreu no ano passado em Juiz de Fora, quando foi esfaqueado por Adélio Bispo durante um ato de campanha.
"Ele não vai querer ouvir a verdade. Não é minha a versão. É que a minha vivência me fez chegar às conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio a desaparecer no Rio de Janeiro", disse Bolsonaro sobre o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil.
Segundo o presidente brasileiro, Fernando Santa Cruz, pai do Felipe, morreu em uma disputa interna de grupos de esquerda.
Fernando Santa Cruz, militante do movimento Ação Popular, desapareceu em 1974, quando tinha 26 anos, no Rio de Janeiro, e de acordo com a Comissão da Verdade, foi morto por agentes da ditadura.
"O mandatário da República deixa patente seu desconhecimento sobre a diferença entre público e privado, demonstrando mais uma vez traços de caráter graves em um governante: a crueldade e a falta de empatia", reagiu Felipe Santa Cruz.
"É terrível que o filho de um desaparecido pelo Regime Militar tenha que ouvir do presidente do Brasil, que deveria ser o defensor máximo do respeito e da justiça no país, declarações tão duras. O Brasil deve assumir sua responsabilidade, e adotar todas as medidas necessárias para que casos como esses sejam levados à justiça", declarou Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional no país.
Bolsonaro foi seriamente ferido, em setembro passado, por Adélio Bispo, considerado inimputável pela Justiça e enviado a uma internação psiquiátrica.
O presidente afirma que foi vítima de um atentado planejado e denuncia os gastos realizados com a defesa de Bispo.
COPIADO https://www.afp.com/pt/
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