Bolsonaro nega que exista 'indício forte' de assassinato de indígena no Amapá
AFP / EVARISTO SAO presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que não há "nenhum indício forte" de que o cacique do povo waiapi morto no Amapá na semana passada tenha sido assassinado
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (29) que não há "nenhum indício forte" de que o cacique do povo wajãpi morto no Amapá na semana passada tenha sido assassinado, um caso que está sendo investigado pela polícia.
As autoridades também investigam alegações de que um grupo de garimpeiros ilegais e armados invadiu uma das aldeias wajãpi na sexta-feira, três dias após o líder ter sido encontrado morto em um rio.
Rica em ouro, manganês, ferro e cobre, a terra dos Wajãpis fica em uma área remota da floresta, onde eles enfrentam pressões crescentes de garimpeiros, fazendeiros e madeireiros, especialmente desde a posse de Bolsonaro, que defende a abertura da Amazônia para a mineração.
Após os primeiros relatos da invasão, divulgados no sábado, policiais federais e equipes da polícia militar foram para o local, segundo o Ministério Público Federal (MPF), e chegaram no domingo à aldeia, localizada a 300 km da capital do estado, Macapá.
"Há várias linhas investigativas em curso e não é possível afirmar o que ocorreu. Estamos trabalhando com várias hipóteses. É possível que o crime tenha sido praticado por garimpeiros, por caçadores ou até mesmo por outros indígenas", declarou o promotor Rodolfo Soares Ribeiro Lopes, chefe do MPF de Amapá, à Rádio Nacional, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Mas nesta segunda-feira, Bolsonaro disse à imprensa que, por enquanto, "não tem ainda nenhum indício forte de que esse índio foi assassinado lá agora. Chegaram várias possibilidades. A PF está lá, quem nós pudermos mandar para lá já mandamos para buscar desvendar o caso e buscar a verdade sobre isso aí".
Também disse que pretende legalizar o garimpo de pequeno porte e que os indígenas também deveriam ter autorização para praticar a extração mineral em suas terras, ao invés de ficarem "presos" como em um "zoológico".
"As ONGs e outros países querem que o índio continue preso num zoológico, como se fosse um ser humano pre-histórico", afirmou o presidente.
- ONU condena o assassinato -
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou nesta segunda-feira o assassinato do cacique.
"É um sintoma preocupante do crescente problema de invasão em terras indígenas - especialmente nas selvas - por garimpeiros, madeireiros e fazendeiros no Brasil", escreveu Michelle Bachelet num comunicado.
"A política proposta pelo governo brasileiro de abertura de mais áreas da Amazônia para a exploração de mineração cria riscos de induzir incidentes violentos, intimidações e assassinatos como o sofrido pelo povo waiapi na semana passada", continuou.
A área ocupada pelo povo wajãpi é uma das centenas de territórios indígenas demarcados no Brasil desde a década de 1980 para o uso exclusivo de seus habitantes, que têm o direito de ocupar suas terras ancestrais garantidas na Constituição. O acesso a terceiros está estritamente regulado.
Desde que chegou à presidência, Bolsonaro é acusado de agir contra a proteção da Amazônia e dos povos indígenas em benefício as indústrias da mineração, agropecuária e florestal, setores que o apoiaram durante a campanha eleitoral.
O presidente chegou a questionar os dados oficiais sobre o desmatamento -que mostraram um aumento de 88% em junho, em relação ao mesmo mês do ano passado - e considera que existe uma "psicose ambiental" em torno da proteção da Amazônia.
COPIADO https://www.afp.com/pt/
Nenhum comentário:
Postar um comentário