No momento em que deixo minha
tochinha de lado para digitar minhas sandices informativas faltam
precisamente três meses para o início dos espetaculares (eles que dizem)
Jogos Olímpicos de Londres de 2012.
Sem falar nas "Paralimpíadas", para o que
destacam um inusitado espaço nas vias de comunicação jornalísticas,
sabe-se lá porquê. A torcida torce para que tudo fique pronto tempo e
que saia o mínimo de besteira possível.
Algo assim feito o símbolo que foram
desenterrar – é, parece coisa que um animal raro fez e depois enterrou
na areia envergonhado – para simbolizar os terríveis eventos que terão a
duração de 2 (duas) longas e tediosas semanas.
No entanto, o faniquito quebra recordes.
Principalmente entre os meios de comunicação e as inúmeras, as vastas,
as infindáveis autoridades encarregadas de lidar com as barbaridades que
vão ocorrer: de espectador paquistanês morto por arremesso de dardo à
perna quebrada de colombiana nas cercanias do decatlo.
Curiosamente, o turismo já reservou quartos em
hotéis. Deles é o Reino dos Céus. Vendedor de sanduíche de esquilo
cinzento já esfrega "as mão" (é assim que eles se expressam) pensando
nos régios lucros.
O objetivo não é competir; é faturar. Os pobres
da Europa se assanharam. Deles é o Reino dos Céus, mas eles não querem
perder, nesta terra, a boquinha de pedir esmola para passante.
A polícia pegou um aumento para pegar pobre com
jeito, quer dizer, assim como quem passa mal o bastão e dá com ele na
cabeça dos brutos correndo ao lado.
Sou informado que, graças à informática, muito
gente boa, ou ao menos razoável, irá trabalhar de casa, embora eu não
entenda como é que se pode servir um Big Mac e um milk-shake de
chocolate pelo computador.
As viagens de metrô, aquelas normais, ida e
vinda do trabalho, que levam uns 30 minutos num mau dia, que são quase
todos, frise-se, passarão nas fatídicas duas semanas de verão a ocupar,
de pé e com carteira batida e mão passada na bunda, umas 3 ou 4 horas da
vida da tchiurma. Isso, com sorte.
Mais alto, mais rápido, mais forte, é o que se
diz e se repete a cada Olimpíada. E assim vem sendo. No caso do crime
organizado, claro.
Nas pistas, poucas novidades. E quando as há é
afro-caribenha, o que irrita os racistas locais ou em estado de viagem
de férias, que eles também (ou só) se acham "gente". Já estão rindo com o
bilhete de viagem nos bolsos largos.
Satisfeitos, perguntam quando é que irão surgir,
dessa origem étnica, as equipes de polo aquático, mergulhos de
trampolim e ginástica sincronizada. Ficam alegres com a falta de
resposta.
E depois dos pilantras locais, mais estão
chegando. A delegação romena, além de outras nacionalidades menos
populares ainda estão chegando de trem, carona, ônibus, o que estiver
dando sopa.
Mendigos das mais variadas nacionalidades,
prostitutas de todas idades e para todos os gostos, tudo bolado por
quadrilhas olímpicas em suas respectivas terras natais se encarregam de
uma farta distribuição.
A passagem subterrânea de Marble Arch, muito
utilizada para quem vai trabalhar sem tocha na mão, já está repleta,
informa-me a imprensa, de romenos (o que é que há com os romenos?).
Nos arredores, à noite, cerca de 60 espécimes
dormem ao relento deste abril chuvoso. Nas alturas do Hotel Cumberland,
até que razoável, marafas menos que razoáveis, mas chamadas de "alta
classe", rondam e cospem na calçada e buscam chamar a atenção de
possíveis fregueses com esgares e o coçar flagrante de suas feridas mais
expostas.
Uma grande honra é a disputa para sortear a
equipe de pessoas que, numa tradição das mais marotas, irá transportar
as tochas olímpicas de seu berço incógnito até a pira sagrada que ficará
acesa durante todo o tempo desse atraso de vida de competição.
Houve concurso para o melhor "design" da peça em questão. Venceu o pior, um que parece cone de sorvete vazio.
São festejados e cobertos de honrarias os
corredores com tochas. Talvez não se entusiasmassem tanto se soubessem
que a cerimônia da correria sinistra teve sua origem não na Grécia
Antiga, mas sim na Alemanha Nazista no decorrer dos Jogos Olímpicos de
1936.
Seu brilhante idealizador nem sequer tem uma
prova com seu nome ou perfil na medalha. Cuidava de propaganda e
chamava-se "doutor" Joseph Goebbels.