Os empresários só olham para o próprio umbigo, ou seja, seus negócios. Reconheceram que a carga fiscal no Brasil é um abuso a ser detida depois que a Associação Comercial de São Paulo lançou o Impostometro, hoje conhecido e acompanhado em todo o Brasil.
Como muitos dirigentes não são acionistas, a empresa privada no Brasil deixou de lado a base de sua existência, que depende um regime liberal, aberto e menos intervencionista. Mas a turma parece nem estar aí para os perigos que rondam o empreendedor além carga fiscal.
O governo precisa aceitar e estimular o capitalismo como meio legítimo de justiça social, com liberdade política, sob o império da lei e da ordem. Assim foi que, no passado, o empresariado foi decisivo para que o país não entrasse em aventuras socialistas-sindicalistas, que levaram o atraso ao nosso continente e recentemente à Europa. Esta semana foi divulgado que a Espanha conservadora entregou o país com 26% do PIB em dívida, e os socialistas, quase dez anos depois, em 81%. Daí o problema que enfrentam.
A despolitização, ou alienação ideológica dos empresários, vem provocando essas aberrações, que podem acabar por tornar a livre empresa uma ficção em nosso país. Afinal, nossos destinos estão em mãos hostis aos princípios da intocabilidade da propriedade e da legitimidade do lucro, que estimulam o progresso. Ninguém quer saber do passado dos políticos e, por isso, acaba votando, ingenuamente, em antigos comunistas sem demonstrações de arrependimento.
Quando critiquei neste espaço o presidente da FIESP, Paulo Skaff, por sua opção pelo PSB, muita gente achou que eu estava sendo radical. Agora, ele parece que acordou para a realidade e mudou de partido, indo para onde a livre empresa não é mal vista.
A realidade inquestionável é que o socialismo, com belas intenções e péssimas experiências, não é uma corrente de pensamento que reconheça a função social e desenvolvimentista de uma sociedade baseada na liberdade de empreender. Socialistas, sejam marxistas ou social-democratas, gostam de regulação, de intervenção estatal, de dirigismo. E, no fundo, sonham com fórmulas que abrigam congelamentos ou controle de preços, protecionismos e outros equívocos, como os colocados em prática hoje na Argentina e na Venezuela. Dois países potencialmente ricos e que enfrentam prateleiras vazias em seus mercados.
Ano passado, o presidente Mujica, do Uruguai, fez a bravata de dizer que não fora à Alemanha pedir empréstimos, mas, sim, investimentos. A ministra Ângela Merkel respondeu ,na hora, que o capital alemão só ia aonde era bem recebido, o que não seria o caso do Uruguai. Já no Brasil de hoje, só se investe com dinheiro do BNDES.
Falta no Brasil que vivemos, no limiar de acordar de um sonho de progresso, quem levante a voz e clame pela reforma trabalhista, pela gestão independente dos portos, pela política fiscal que aumente a base de contribuintes, com controles modernos e, assim, diminua a carga que onera a produção e a torna pouco competitiva. Um país deste tamanho não pode andar na base dos remendos aqui e acolá.
Junte-se a esses sentimentos evidentes, mas não percebidos, a realidade do custo da máquina oficial e seus programas sociais altos, o endividamento interno, a lentidão dos projetos em execução na infraestrutura, o PAC, os juros, a política externa dúbia. Se não houver “um chega para lá” nas aventuras ideológicas dos que só pensam no revanchismo, na desunião dos brasileiros, que nos ameaçam com o fracasso de eventos internacionais, veremos que a passividade só poderá nos levar ao desastre.
Antes que se imagine ser esta uma conclamação à oposição, diria que se precisa alertar e ajudar a presidente, que parece buscar estabilidade na economia como instrumento para dar emprego, melhorar a distribuição da renda e servir ao povo que a elegeu e a apóia. E afastá-la de falsos “companheiros”, que só sabem embargar seus projetos, manchar seu governo com a chaga da corrupção e do tráfico de influência, quando não da intolerância na consolidação democrática sob o manto da lei e da ordem.
COPIADO : http://www.jb.com.br/
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