Israel acelera colonização após libertação de prisioneiros palestinos

30/10/2013 - 15:08


Jerusalém (AFP)
A Autoridade Palestina condenou nesta quarta-feira a decisão 'destrutiva' de Israel acelerar a colonização em troca da libertação de um novo contingente de 26 detidos palestinos como parte das negociações de paz em curso sob a égide dos Estados Unidos.
A decisão de Israel de construir 1.500 moradias a mais na colônia de Ramat Shlomo, em Jerusalém Oriental, teve o aval do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e do ministro do Interior, Gidéon Saar.
De acordo com a mídia israelense, Netanyahu vinculou a libertação do segundo grupo de presos palestinos à autorização da construção das casas como uma forma de compensar a ala dura de sua maioria.
Além das novas construções, Israel permitirá a expansão das casas já existentes e o desenvolvimento de dois projetos: um centro turístico e arqueológico fora das muralhas da Cidade Velha e um parque nacional, nas encostas do Monte Scopus.
Em um comunicado, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, condenou a decisão, considerando que "esta política destrói o processo de paz e é uma mensagem à comunidade internacional de que Israel é um país que não respeita o direito internacional".
O anúncio da decisão do governo israelense, não confirmado oficialmente, foi feito logo após a libertação por parte de Israel de 26 detentos palestinos, no âmbito das negociações de paz mediadas pelos Estados Unidos.
Um grupo de 21 detentos libertados na Cisjordânia deixou a prisão israelense de Ofer, perto de Jerusalém, a bordo de dois micro-ônibus, pouco depois de 1h (21h de terça em Brasília). No mesmo momento, outros cinco detentos foram soltos em Gaza, de acordo com um correspondente da AFP.
A decisão já era esperada. Desde a semana passada, um oficial israelense afirmou à AFP que seu país "continuaria nos próximos meses a anunciar a construção de novas colônias em Jerusalém", assegurando "que os americanos e palestinos já sabiam".
Os dirigentes palestinos negaram com veemência qualquer aval para a construção de novas residências nas colonias judaicas em troca da libertação de presos.
"Relacionar a libertação de um novo grupo de prisioneiros ao anúncio da construção de milhares de unidades habitacionais em assentamentos vai contra todos os compromissos firmados antes das negociações", declarou à AFP o negociador Yasser Abed Rabbo, secretário-geral do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Os palestinos asseguram que a colonização, condenada pela comunidade internacional e que já causou a interrupção de negociações anteriores, "destrói o processo de paz."
Os prisioneiros palestinos foram recebidos pelo presidente Mahmud Abbas e suas famílias em Mouqata'a, sede da Autoridade Palestina em Ramallah (Cisjordânia).
Abbas assegurou que não haverá acordo de paz enquanto houver palestinos presos em Israel.
À exceção de um detento, todos os presos cumpriam uma condenação de prisão perpétua pelo assassinato de israelenses, segundo a lista publicada pelo Departamento Penitenciário de Israel. Eles foram detidos antes dos acordos de Oslo de 1993.
Dois dias antes da retomada das negociações de paz entre Israel e Palestina, em 30 de julho, Netanyahu aceitou soltar 104 prisioneiros palestinos em várias etapas, dependendo do andamento das negociações. Os primeiros 26 foram libertados em 13 de agosto. Cerca de cinco mil palestinos estão presos em Israel.
"A decisão de libertar os presos é uma das mais difíceis que eu já tomei. Isso é injusto, porque esses terroristas ficarão livres antes de terem cumprido suas penas", disse na segunda-feira Benjamin Netanyahu em uma reunião do seu partido, o Likud (pertencente à direita nacionalista).
Netanyahu explicou ao Likud que precisou levar em conta a realidade, referindo-se à promessa feita a Washington de que libertaria prisioneiros para permitir a retomada do diálogo com os palestinos.
O secretário de Estado americano John Kerry, que impôs um bloqueio à imprensa sobre as negociações de paz, afirmou em 21 de outubro que as discussões avançavam.
Mas o negociador Yasser Abed Rabbo declarou terça-feira que ainda não "há progresso tangível", lamentando que "a atual posição israelense é a pior em mais de 20 anos".
    Copiado http://www.afp.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...