Brahimi teme 'somalização' da Síria se negociações fracassarem

 

29/10/2013 - 13:33


 

Damasco (AFP)
O emissário especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, que estava nesta terça-feira em Damasco para reunir apoio a uma possível conferência de paz internacional, advertiu que há um risco de "somalização" do país.
Brahimi fez esta advertência depois que os combates impediram os inspetores da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) de ter acesso a duas das instalações indicadas por Damasco.
Apesar disso, o secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que a Síria ainda está em tempo de cumprir com o prazo previsto para destruir seus equipamentos de produção de armas químicas.
A OPAQ havia anunciado no domingo ter recebido nos prazos exigidos o programa de destruição do arsenal químico da Síria, previsto por uma resolução da ONU adotada após um acordo entre Estados Unidos e Rússia.
"Espera-se que a destruição funcional da capacidade declarada da República Árabe Síria seja completada, como foi planejado, no dia 1º de novembro", disse Ban, destacando a cooperação total do governo sírio em uma campanha que deve eliminar em meados de 2014 todo o arsenal químico do país.
Por sua vez, Brahimi, um diplomata argelino de 79 anos nomeado emissário para a Síria pela ONU e pela Liga Árabe em setembro de 2012, declarou que, após este acordo sobre a destruição do arsenal químico sírio, o presidente sírio Bashar al-Assad se converteu em sócio.
Brahimi está realizando sua primeira visita a Damasco desde dezembro de 2012, depois de ter visitado anteriormente todos os países da região, com exceção da Arábia Saudita, contrária ao projeto russo-americano de conferência de paz.
Em declarações ao site de Jeune Afrique divulgadas na noite de segunda-feira, Brahimi considerou que "o que ameaça a Síria não é a divisão do país. O verdadeiro perigo que espreita este país é uma espécie de 'somalização', mais duradoura e ainda mais profunda que a que vimos na Somália", acrescentou.
Para Brahimi, "o que a história nos ensina é que, após uma crise como esta, não se pode voltar atrás".
"O presidente Assad pode, portanto, contribuir para a transição entre a Síria de antes, que é a de seu pai (o presidente anterior, Hafez al-Assad), e a sua, que eu chamo de nova República da Síria", afirmou.
A dificuldade da missão de Brahimi aumentou ainda mais com as ameaças de 19 grupos islamitas sírios, que rejeitaram categoricamente a conferência de paz "Genebra 2" e afirmaram que os participantes desta conferência cometerão uma traição pela qual deverão responder "ante nossos tribunais".
O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, considerou estas ameaças ultrajantes.
Para Thierry Pierret, um especialista em Islã na Síria, os grupos islamitas "representam uma faixa muito ampla da oposição armada, indo dos salafistas radicais da Frente Islâmica Síria até grupos muito mais moderados, que são pilares do Exército Sírio Livre".
"Portanto, cabe afirmar que a rejeição de Genebra-2 nas fileiras dos insurgentes é quase total (...) Uma parte importante da oposição política não vai correr o risco de participar de uma conferência que pode tirar dela o que resta de legitimidade ante os grupos armados", acrescentou.
Além disso, "mesmo que opositores participem de Genebra-2 e cheguem a um acordo, esse acordo não terá valor algum", disse.

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