Novas pistas sobre a conta de Rodrigo Bethlem na Suíça
Novas pistas sobre a conta de Rodrigo Bethlem na Suíça
Novas pistas sobre a conta de Rodrigo Bethlem na Suíça
Surgem comprovantes de pagamentos de R$ 380 mil em dinheiro vivo feitos à ex-mulher pelo ex-secretário da prefeitura do Rio de Janeiro e pistas da conta secreta que ele disse – depois negou – manter no exterior
HUDSON CORRÊA E LEONARDO SOUZA
01/08/2014 19h50
- Atualizado em
01/08/2014 19h52
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No começo da tarde de 14 de agosto de 2013, funcionários da agência
bancária do Santander no shopping Rio Design Barra, na Barra da Tijuca,
Zona Oeste do Rio de Janeiro, estavam atarefados em contar R$ 300 mil
depositados em dinheiro vivo, na boca do caixa, na conta da empresária
Vanessa Felippe, ex-mulher do deputado federal Rodrigo Bethlem,
do PMDB do Rio. Na tarde do dia seguinte, ocorreu outro depósito em
espécie na conta de Vanessa, no valor de R$ 80 mil. Vanessa diz que a
quantia depositada faz parte do acordo de seu divórcio, fechado com
Bethlem em julho de 2013, quando ele era secretário de Governo da
prefeitura do Rio de Janeiro. Segundo Vanessa, pelo acerto, Bethlem se
comprometeu a lhe dar R$ 600 mil, tendo adiantado R$ 380 mil com os dois
depósitos.
Quando manteve a conversa com Vanessa em 2011, Bethlem era secretário de Assistência Social. Ele admitiu que, fora o salário de R$ 18 mil líquidos, recebia R$ 85 mil por meio de contratos da secretaria. Segundo suas palavras sugerem, embolsava propina. Além da gravação, vídeos mostram a entrega de pacotes de R$ 20 mil em dinheiro vivo na casa de Vanessa em 2012, feita por um funcionário de Bethlem.
Após o acordo do divórcio, houve novos pagamentos suspeitos, como revelam documentos inéditos.Os papéis mostram que, além dos depósitos em sua conta bancária, Vanessa recebeu quantias mensais em dinheiro vivo em valores que variavam de R$ 26 mil a R$ 65 mil. Os pagamentos ocorreram entre novembro de 2013 e março de 2014, totalizando R$ 143 mil. Vanessa apresentou a ÉPOCA os recibos da mesada. De acordo com os papéis, o dinheiro foi entregue por seu advogado, Jorge Vacite Neto, que acertara com Bethlem o divórcio.
Vanessa entregou também a ÉPOCA os envelopes dentro dos quais o dinheiro chegava às suas mãos. Dois desses envelopes mostram que o dinheiro foi enviado de dentro da Secretaria de Governo da prefeitura, cargo ocupado por Bethlem entre janeiro de 2013 e abril de 2014, quando se afastou para disputar a reeleição a deputado federal. Colado no envelope, havia uma guia de remessa da Secretaria de Governo informando que o remetente era o secretário Bethlem, e o destinatário o advogado Vacite.
Em 2010, Bethlem declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 1,2 milhão. Seu bem mais valioso era uma casa num luxuoso condomínio da Barra da Tijuca, avaliada em R$ 906 mil. No acordo de divórcio, ele repassou a posse do imóvel a Vanessa. Já sem relacioná-lo entre seus bens, Bethlem declarou este ano um patrimônio de R$ 438.800, praticamente o mesmo que tinha em 2010. De onde veio tanto dinheiro para pagar quase R$ 600 mil a Vanessa no acordo de divórcio? Há várias investigações em curso para desvendar o mistério. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) anunciou auditoria em todos os contratos assinados por Bethlem. Compete à Polícia Federal apurar se houve lavagem de dinheiro e evasão de divisas para a Suíça.
Outros documentos obtidos por ÉPOCA levantam suspeita de caixa dois nas campanhas de Bethlem. Vanessa entregou anotações manuscritas que, segundo ela, se referem a doações feitas em 2010, mas não informadas à Justiça Eleitoral. Nos papéis, constam nomes de concessionárias de serviços públicos, proibidas por lei de doar recursos a candidatos. Segundo Vanessa, o maior colaborador de Bethlem era o empresário Jacob Barata, conhecido como o “Rei dos ônibus”, por controlar ao menos 25% do transporte coletivo na cidade do Rio. Barata nega ter feito doação.
Ainda nas anotações que relacionam doadores aparece o nome Orla, em quatro folhas diferentes. Segundo Vanessa, trata-se da Orla Rio Associados, empresa que explora com exclusividade quiosques no calçadão das praias cariocas. A Orla também não pode contribuir com campanhas eleitorais. Vanessa entregou uma série de e-mails entre Bethlem e o vice-presidente da Orla Rio, João Marcello Barreto, em 2009. Naquele ano, Bethlem era o secretário de Ordem Pública, conhecido como “Xerife do Rio”, responsável por fiscalizar o comércio nas praias cariocas. As mensagens entre os dois levantam suspeitas de que Bethlem tenha favorecido a Orla Rio ao permitir que ela ampliasse seus negócios, vendendo bebidas e comida não só em quiosques no calçadão, mas também em barracas nas areias das praias. A Orla Rio deixou de atuar na areia após o Ministério Público abrir uma investigação. Barreto nega favorecimento e doação para campanha.
Na semana passada, Bethlem anunciou ter desistido da reeleição. Ele nega ter recebido propina e doações, via caixa dois, para suas campanhas. Também diz não ter conta na Suíça.
copiado http://epoca.globo.com/
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