Nem
Obama nem o seu vice-presidente, John Biden, assistiram ao discurso do
líder israelita, que é dado como favorito para as eleições legislativas
de dia 17 em Israel. Além das duas mais altas figuras da Administração
dos Estados Unidos, mais de meia centena de congressistas democratas,
senadores e membros da câmara dos Representantes, boicotaram o discurso
de Netanyahu no edifício do Capitólio em Washington.
Aplaudido à
chegada, Netanyahu começou por lamentar a polémica à volta do seu
discurso, dizendo que nunca foi sua intenção causá-la e que Israel e EUA
têm um destino comum. "Agradecemos tudo o que o presidente [Barack]
Obama fez por Israel", disse, enumerando as várias ocasiões em que o
chefe do Estado norte-americano tomou decisões para ajudar o seu país.
"Muito do que o presidente fez por Israel nunca será conhecido porque
está relacionado com questões sensíveis. Mas eu sei-o. E agradeço ao
presidente Obama por esse apoio". O líder israelita agradeceu igualmente
ao Congresso norte-americano pela assistência militar a Israel, como
por exemplo no caso da chamada Cúpula de Ferro, o sistema de defesa
antimíssil israelita.
Após os agradecimentos passou à questão do
programa nuclear do Irão, à qual dedicou praticamente todo o seu
discurso de quase uma hora. "O Supremo Líder do Irão, Ayatollah Khamenei
tweeta que Israel deve ser destruído", garantiu, afirmando que o
problema iraniano não é só um problema dos judeus tal como os nazis
também não o foram. E sublinhou os conflitos em que diz haver
interferência do regime iraniano, lembrando ataques a americanos na
embaixada em Teerão, ataques no Líbano, no Afeganistão, na Argentina,
nos EUA e em África.
"No Médio Oriente, o Irão controla quatro
capitais, Bagdad, Damasco, Beirute e Sanaa. Temos de nos juntar para
travar o avanço de terror e subjugação do Irão", apelou, referindo-se às
cidades que servem de capital ao Iraque, Síria, Líbano, Iémen.
"Este
regime será sempre um inimigo da América. A batalha contra o Estado
Islâmico não torna o Irão amigo dos Estados Unidos. Eles querem um
império islâmico, apenas discordam sobre quem o vai liderar, se é uma
República Islâmica [do Irão] ou um Estado Islâmico", avisou Netanyahu,
numa altura em que se aproxima o prazo limite - dia 31 - para um acordo
entre o regime de Teerão e as grandes potências internacionais como os
EUA sobre o seu programa nuclear.
"No que toca
ao Estado Islâmico. O inimigo do teu inimigo teu inimigo é. A diferença é
que o Estado Islâmico usa facas e o Irão pode usar mísseis
intercontinentais. Deixar o Irão ter armas nucleares seria ganhar a
batalha, mas perder a guerra, não podemos deixar que isso aconteça",
afirmou o primeiro-ministro israelita, segundo o qual, qualquer acordo
com Teerão implicará concessões. "O Irão brinca ao gato e ao rato com os
inspetores nucleares", avisou, enumerando os perigos de deixar os
iranianos levarem adiante o seu programa nuclear.
"O maior
patrocinador do terrorismo internacional pode estar a apenas semanas de
ter urânio enriquecido e fabricar combustível para um arsenal nuclear",
alertou Netanyahu, garantindo que um acordo com Teerão facilitará o
caminho do Irão para a bomba - dizendo não acreditar que o regime
iraniano, no poder há mais de 30 anos, queira agora finalmente mudar.
"Um acordo com o Irão será o mesmo que dizer adeus aos programas de
controlo de armas".
"Parem de apoiar o terrorismo por todo o
mundo, parem de ameaçar o meu país, o único e legítimo Estado judeu",
pediu ao Irão, dizendo que a República Islâmica deve mudar o seu
comportamento e que essa mudança deve ser exigida antes de se pôr em
prática qualquer acordo. "Se o Irão quer ser tratado como um país normal
então que aja como um país normal", disse, considerando discutível que
se afirme que não há alternativa a este acordo que se está a negociar
com o Irão.
"É preciso manter a pressão, sobre um regime
vulnerável, sobretudo com a queda do preço do petróleo. E se o Irão
ameaçar abandonar as negociações, o que eles fazem frequentemente, isso
será um bluff. É preciso manter a pressão. Dizem-nos há anos que este
acordo é melhor do que nenhum. Eu digo que este é um mau acordo e que
estamos melhor sem ele. Agora dizem-nos que a alternativa a este acordo é
a guerra. Isso não é verdade. A alternativa é um acordo melhor. Um
acordo que não deixe o Irão com um caminho tão fácil para a bomba
[nuclear]. Nenhum outro país tem tanto interesse como Israel num bom
acordo".
Assim, estabeleceu Benjamin Netanyahu no Capitólio, há
dois caminhos: um é o do mau acordo, que armará o Irão, levando
inevitavelmente a uma guerra, o outro é o do bom acordo, sem um Irão
armado, com um caminho mais difícil, mas melhor para um futuro de paz no
Médio Oriente. "Fazer frente ao Irão não é fácil pois nunca é fácil
fazer frente a regimes obscuros e assassinos", disse, apresentando aos
congressistas Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto, na audiência.
"Wiesel, o teu exemplo inspira-nos para dizer que as lições da História
foram aprendidas, para dizer: 'Nunca mais'", afirmou, garantindo: "Nós, o
povo judeu, somos capazes de nos defender. Israel ficará de cabeça
erguida. Mas não sozinho. Sei que a América, vocês, ficarão ao nosso
lado".
Aplaudido de pé, o
chefe do governo israelita, do partido político conservador Likud,
terminou o seu discurso dizendo: "Deus abençoe o Estado de Israel, Deus
abençoe os Estados Unidos da América".
Copiado http://www.noticiasaominuto.com
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