A Justiça tardou, mas não falhou O Brasil passa por uma devassa poucas vezes vista na História, com políticos, lobistas e empresários sendo presos. Realmente, o país precisa ser passado a limpo. É fundamental acabar com corrupção, mas o processo que desencadeia toda esta operação traz consigo pesadas consequências para a economia do país, e pode nos levar à destruição.

País - Opinião

A Justiça tardou, mas não falhou

O Brasil passa por uma devassa poucas vezes vista na História, com políticos, lobistas e empresários sendo presos. Realmente, o país precisa ser passado a limpo. É fundamental acabar com corrupção, mas o processo que desencadeia toda esta operação traz consigo pesadas consequências para a economia do país, e pode nos levar à destruição.Num país com 200 milhões de habitantes, sem uma estrutura solidamente construída nas áreas de educação, saúde e segurança, e com um crescimento demográfico que notadamente se acentua nas classes C, D e E, o colapso econômico e a paralisação, jogando milhões no desemprego, na fome, na delinquência e nas drogas, podem ter consequências trágicas.
A Justiça tardou, mas não falhou. 
A Justiça tardou, mas não falhou. 
Em nenhum momento pede-se o encerramento das punições, e sim a reflexão do que está acontecendo com o país. Não é só um país parado, é um país que dá sinais claros de convulsão institucional.
Quem serão os juízes dessa convulsão? Onde vai parar um país com 200 milhões de habitantes sem qualquer perspectiva?
Um funcionário público, com salário de 40, 50, 60 mil reais, com seu plano de saúde pago, com privilégios da lei que eles têm por obrigação fazer cumprir pelo seu trabalho, deve sim julgar de forma correta, mas também tem a obrigação de fazer uma reflexão. Se até hoje todos estes casos de corrupção aconteceram, é porque durante todos estes anos a Justiça não se fez presente como está se fazendo agora.
Em 2005, o Jornal do Brasil promoveu o seminário "Resgatando a Dignidade: Ética, Estado e Sociedade" propondo a reflexão sobre o país. Entre os participantes, nomes de peso como o ex-presidente Itamar Franco, o ex-ministro Delfim Netto, os senadores Pedro Simon e Jefferson Perez, o ministro do STF Luiz Fux, e juristas do gabarito de Dalmo Dallari e Celso Antônio Bandeira de Mello. Os profundos debates anteciparam exatamente o que hoje está acontecendo com o país.
Agora, a Justiça cumpre com o seu dever, com discutido aspecto jurídico das formalidades da lei, mas o país parou.
Como fica um país com uma gigantesca população sem horizontes, sem hospital, sem remédios, sem escola, sem transporte e, fundamentalmente, sem opção?
Hoje, corruptos milionários, se aproveitando de nunca terem sido punidos ao longo dos anos por seus crimes, fogem com os bilhões que roubaram rumo a países que sempre estiveram de braços abertos para quem chegar com fortunas, mesmo que não tenham caráter. Países que são acostumados a abrigar ditadores de nações em convulsão por razões sociais, como Baby Doc, do Haiti, entre outros.
Aqui, no país destruído e paralisado pela crise, ficam os desempregados. Uma população que pode entrar em ebulição a qualquer momento.
Não podemos imaginar que aqueles que querem um Brasil grande prefiram que ele seja um país de funcionários públicos que, às vezes com salário de até 60 mil reais, sem empregarem qualquer pessoa e por se julgarem os verdugos da Lei, imaginem que o país que não tem trabalho vai ficar assistindo à crise que os desempregou rezando ou indo à praia, se alimentando de sol e esperando a noite para se iludirem com as estrelas. Entre o sol e as estrelas pode haver muitas trovoadas e chuvas. Quem garante que nesse intervalo o país não mergulhará numa total desordem do tipo que acontece no Oriente, que fez várias revoluções para acabar com a corrupção, e se entregou ao caos. É isso o que queremos?
copiado http://www.jb.com.br/opiniao

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