BC destaca aumento de incertezas e mercado vê manutenção do juro
Célia Froufe, Eduardo Rodrigues e Adriana Fernandes - O Estado de S. Paulo
28 Janeiro 2016 | 09h 21 - Atualizado:28 Janeiro 2016 | 10h 20
Leitura é de que a autoridade monetária não deve elevar a Selic nas próximas reuniões, mesmo com a projeção de mais inflação
Marcada pela polêmica sobre uma possível interferência do Palácio do Planalto, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom)
traz uma mudança nas justificativas do grupo majoritário de diretores
do colegiado, que votou mais uma vez pela manutenção da Selic em 14,25%
ao ano. A ata foi divulgada na manhã desta quinta-feira, 28.
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Agora,
os membros que prevaleceram argumentaram que as incertezas em relação
ao cenário externo se ampliaram, com destaque para a crescente
preocupação com o desempenho da economia chinesa e seus desdobramentos,
além da evolução de preços no mercado de petróleo.
Os juros futuros de curto prazo responderam em forte queda ao
documento. A leitura é a de que o BC não deve elevar a Selic nas
próximas reuniões do colegiado e, com ela, os investidores reduzem as
apostas de alta que ainda existiam até ontem, tanto no encontro de março
quanto em outras reuniões de 2016. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini
O grupo majoritário do Copom - composto pelo presidente do
Banco Central, Alexandre Tombini, e pelos diretores Aldo Mendes, Altamir
Lopes, Anthero Meirelles, Luiz Feltrim e Otávio Damaso - justificou os
votos pela manutenção da Selic considerando que a elevação das
incertezas domésticas e, principalmente, externas, sobretudo mais
recentemente, justifica continuar monitorando a evolução do cenário
macroeconômico para, então, definir os próximos passos na sua estratégia
de política monetária.
Para esse grupo, faz-se necessário acompanhar os impactos das
recentes mudanças nos ambientes doméstico e externo no balanço de riscos
para a inflação, o que, combinado com os ajustes já implementados na
política monetária, pode fortalecer o cenário de convergência da
inflação para a meta de 4,5%, em 2017. Na ata anterior, esses mesmos
membros apenas consideraram monitorar a evolução do cenário
macroeconômico até a reunião seguinte do colegiado.
Já o grupo minoritário - composto novamente pelos diretores
Sidnei Marques e Tony Volpon - votou novamente pela elevação da Selic em
0,5 ponto porcentual para 14,75% ao ano.
Esses membros do colegiado voltaram a argumentar que seria
oportuno ajustar, de imediato, as condições monetárias, de modo a
reduzir os riscos de não cumprimento dos objetivos do regime de metas
para a inflação, e acrescentaram que a elevação da Selic reforçaria o
processo de ancoragem das expectativas inflacionárias.
Ou seja, pode-se interpretar que, para esses diretores, o
cenário externo pode vir a ser um problema, mas a inflação já é um
problema que precisa ser atacado com mais força. IPCA. Com o mercado financeiro totalmente
desacreditado de que o Banco Central conseguirá entregar a inflação
deste ano abaixo do teto de 6,50%, a ata informou que as projeções de
inflação no cenário de referência - tanto para 2016 como para 2017 -
aumentaram ante a reunião anterior e se situam acima do centro da meta,
de 4,5%.
O BC não divulga qual a taxa prevista na ata, mas no Relatório
Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, a autoridade monetária
revelou que a estimativa estava em 6,2% para o fim deste ano pelo
cenário de referência. No RTI, a probabilidade estimada pela instituição
de a inflação ultrapassar o limite superior da meta em 2016 subiu de
20% para 41% para esse cenário.
A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e está
em 4,5% para este ano e também para 2017. Em 2017, a margem de
tolerância será reduzida dos atuais 2 pontos porcentuais (pp) para cima
ou para baixo para 1,5 pp. No Relatório de
Mercado Focus da última segunda-feira, 25, a mediana das estimativas
dos analistas para o IPCA de 2016 subiram para 7,23%. No caso do Top 5, a mediana das expectativas para a inflação do ano se situou em 7,92%.
A ata ressalta que o cenário de referência leva em conta
manutenção da taxa de câmbio em R$ 4,00 e Selic em 14,25% ao ano. No
documento anterior, o BC trabalhava com a cotação do dólar em R$ 3,80. copiado http://www.estadao.com.br/
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