O Brasil (e o mundo) tem jeito
País - Sociedade Aberta
O Brasil (e o mundo) tem jeito
As palavras e a avaliação são de Mauri Cruz, um dos Coordenadores locais do Fórum Social Temático (FST), da ABONG/RS e do CAMP (Centro de Assessoria Multiprofissional).
Sob sol escaldante, como costuma ser o mês de janeiro em Porto Alegre, sentei/sentamos na grama do Parque da Redenção, na sombra de suas árvores frondosas e na Tenda Paulo Freire,antes de começar o FST, no Fórum Social de Educação Popular – Encontro Educação Popular e Universidades: Experiências e Desafios -,para debater a relação entre Universidade e Educação Popular (atual momento histórico e viajando na relação entre a Universidade e Educação popular, uma metáfora), o saber popular na produção do conhecimento e a sistematização como princípio educativo.
E assim foi todos os dias:debaixo das árvores, nas tendas instaladas no Parque, no auditório da Assembleia Legislativa, no Largo Quilombo dos Palmares, na Caminhada de abertura pelas ruas de Porto Alegre – Caminhada contra a crise capitalista,pela paz, justiça social e ambiental, continuando a conversa e o debate nos bares e festas da noite.
O Fórum Social Temático, acontecido na mesma data do Fórum Econômicode Davos, Suíça, e antecedendo o Fórum Social Mundial de agosto, em Montreal, Canadá, teve como tema: Balanço, Desafios e Perspectivas na Luta por um outro mundo possível- Paz, Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta. Comemoravam-se os 15 anos do primeiro Fórum Social Mundial,Porto Alegre, 2001.
Teve 5 mil e 100 inscritos formais, cada um pagando taxa de inscrição,mais de 10 mil na Marcha de Abertura, 14 Mesas de Convergência com média de 1080 participantes, 479 atividades autogestionadas, 600 participantes estrangeiros de 60 países. Os temas mais debatidos foram: pobreza/desigualdade; meio ambiente; direito das mulheres/violência contra as mulheres; direitos da juventude/violência contra a juventude negra; crise econômica/taxação de grandes fortunas; crise democrática/não aos golpes; direito à cidade/ à moradia; cultura/economia da cultura; economia solidária; educação popular/consciência cidadã.
Com esta vitalidade e estes números,não há como não ter esperança,em meio à crise no mundo, na América Latina e no Brasil, crise que não é só econômica, mas também política, social, cultural, ambiental e de valores. A participação,em especial da juventude, de hip-hop, negra, das mulheres, dos movimentos sociais, o debate sobre o futuro, a busca de uma nova síntese são alento. 206 não podia começar melhor.
Não há que desesperar. É preciso enfrentar as mudanças climáticas e os lucros desmedidos que produzem Marianas. É preciso dar voz à juventude negra e de periferia. É preciso combater a corrupção na raiz. É preciso denunciar a absurda desigualdade e concentração de renda de 62 bilionários com mais renda que 90% da população mundial.
No chão da vida, no diálogo debaixo das árvores, na solidariedade irmã e companheira, um outro mundo é possível.
É fácil? Foi fácil vencer a ditadura brasileira e redemocratizar o país? Foi fácil construir movimentos sociais debaixo da repressão e do preconceito das elites? Foi fácil eleger governos populares com Orçamento participativo? Foi fácil construir políticas públicas garantindo direitos básicos como educação, saúde, moradia,terra, segurança alimentar e nutricional?
Nada é fácil para quem sonha. Como nada é impossível para quem sonha.
* Departamento de Educação Popular e Mobilização Cidadã
Secretaria Nacionalde Articulação Social
Secretaria de Governo da Presidência da República
copiado http://www.jb.com.br
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