CUT estima que mais de 35 milhões de brasileiros deixaram de trabalhar hoje
Presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) diz ao Congresso em Foco que, mesmo antes do fechamento final dos números, já é possível afirmar que paralisação de hoje é a maior da história do país
Em Brasília, a paralisação dos ônibus e do metrô foi de 100%. Como em outras cidades, houve vários bloqueios de vias públicas, com queima de pneus, mas o trânsito foi liberado após a ação da polícia. O acesso à Esplanada dos Ministérios e à Praça dos Três Poderes, onde ficam as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, está fechado. No Rio de Janeiro, em razão do bloqueio temporário da ponte Rio/Niterói, o trânsito de veículos já habitualmente caótico ficou ainda mais complicado.
Não existem números disponíveis sobre o total de trabalhadores em greve, mas lideranças sindicais festejam o sucesso do movimento e não têm dúvidas de que milhões de pessoas deixaram de trabalhar hoje no Brasil. Em diversos estados, estabelecimentos de ensino tomaram a iniciativa de suspender as aulas, em alguns casos sob a justificativa de evitar transtornos.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, essa é a maior greve trabalhista já realizada no país. Ele comparou a greve ao movimento de 1989, quando 35 milhões de trabalhadores pararam os trabalhos para protestar. “Ainda não há estimativa, mas a central vai ultrapassar esse número”, disse Freitas.
Contra as reformas
O movimento de hoje, contrário à reforma da previdência e à mudança das leis trabalhistas, é convocado pelas centrais sindicais, com apoio da Igreja Católica e da Aliança Evangélica, que é composta – entre outras – pela Igreja Luterana do Brasil e pela Igreja Metodista.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota “convocando os cristãos e as pessoas de boa vontade a se mobilizarem ao redor da atual reforma da previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados”. Em entrevista à Rádio Vaticano, o secretário-geral da entidade, Dom Leonardo Steiner, disse que é “fundamental que se escute a população em suas manifestações coletivas”.
“O Congresso Nacional e o Poder Executivo, infelizmente, têm se mostrado pouco sensível ao que a sociedade tem manifestado em relação às reformas. Os brasileiros e brasileiras desejam o bem do Brasil e para construir uma nação justa e fraterna querem participar das discussões e encaminhamentos”, acrescentou ele.
Violência
Dezenas de categorias profissionais aderiram oficialmente à paralisação. Entre as mais numerosas delas, os professores e trabalhadores de ensino em geral, bancários, vigilantes, servidores públicos, trabalhadores da limpeza urbana e dos correios. As centrais sindicais falharam na tentativa de obter o apoio dos setores aeroviário (trabalho em ar) e aeroportuário (trabalho em terra). Voos e aeroportos funcionam regularmente hoje.
No aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, manifestantes e pessoas contrárias à paralisação entraram em conflito. Veja o vídeo:
Igrejas e as principais centrais sindicais, de um lado, e o governo, do outro, temem que a manifestação de hoje produza cenas de violência pelo país afora. Por isso mesmo, em várias cidades, a orientação das lideranças do movimento foi evitar grandes aglomerações. As redes sociais sugerem uma forte movimentação dos black blocs, mas até as 11h desta sexta-feira os episódios violentos foram poucos e isolados.
Embora tenham ocorrido e ainda estejam ocorrendo manifestações em várias partes do Brasil, elas não são muitas e nenhuma delas reuniu multidões.
Feriadão
Algumas entidades que se organizaram em favor do impeachment de Dilma, como o Movimento Brasil Livre (MBL), fazem campanha nas mídas sociais contra a greve geral. Prefeituras do PSDB, como as de São Paulo e Porto Alegre, fizeram acordos com empresas de aplicativos tipo Uber e Cab Fi para que elas providenciassem o transporte de servidores municipais gratuitamente ou a baixo custo.
Prefeituras comandadas pelo PT, pelo PCdoB e outros partidos de esquerda agiram em sentido contrário, facilitando a adesão ao movimento e até mesmo decretando ponto facultativo. Igual providência adotaram diversos tribunais regionais do trabalho (TRTs).
A data escolhida para a greve geral certamente oferece um combustível a mais para a greve geral. Com a proximidade do Dia do Trabalho, comemorado na segunda-feira, a paralisação desta sexta-feira se tornou um atraente convite para esticar o feriadão.
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